As promessas de Obama e a resposta de Dilma

Presidente americano fala at em vaga para o Brasil no Conselho de Segurana da ONU. E Dilma cobra o fim do protecionismo americano



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247 – Durante décadas, a América Latina foi o quintal do primo rico do Norte. Ronald Reagan, quando veio ao Brasil, falou do prazer de estar na Bolívia. Bill Clinton assinou um cheque bilionário ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, garantindo o resgate do Fundo Monetário Internacional à economia brasileira. A situação agora é outra. Barack Obama, que desceu as escadas do Air Force One na manhã deste sábado e já se encontrou com a presidente Dilma Rousseff, encontra um Brasil totalmente diferente. Um país credor, em pleno emprego, que nada em reservas internacionais e apenas nos três primeiros meses do ano já recebeu mais de US$ 30 bilhões de investidores internacionais, enquanto os Estados Unidos ainda lutam para sair da recessão.

A presidente Dilma Rousseff fez um afago ao seu colega ao seu colega americano, Barack Obama, ao afirmar neste sábado que os dois maiores regimes democráticos das Américas quebraram preconceitos ao colocar no poder, respectivamente, um negro e uma mulher para comandar os países. A declaração foi feita após Dilma receber Obama no Palácio do Planalto. "A sua visita ao meu país me enche de alegria, desperta os melhores sentimentos de nosso povo e honra a histórica relação entre Brasil e Estados Unidos", disse Dilma.

Dilma afirmou que entre os nove presidentes americanos que visitaram o Brasil, Obama é "aquele que encontra o país em um momento mais vibrante". E fez a propaganda de seu governo, atribuindo esse cenário à soma de uma política austera com a inclusão social, "que fez do nosso país um dos mais dinâmicos do continente".

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Dilma também se referiu a seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Obama teve uma boa relação inicial com Lula, mas a relação do Brasil com o Irã prejudicou os contatos entre os dois países. Dilma disse ainda que, apesar das concordâncias, não deixará de pontuar diferenças com os EUA.

A partir daí, Dilma citou o que classifica como principal diferença: o protecionismo econômico dos EUA, sobretudo na questão do etanol brasileiro, duramente taxado no mercado americano, o que lhe tira a competitividade. A presidente disse que compreende a profundidade da crise econômica nos EUA e a necessidade do país preservar sua economia, mas também afirmou que para melhorar as relações é "fundamental que sejam derrubadas as barreiras erguidas a nossos produtos".

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Na visita, Obama e Dilma assinarão um comunicado conjunto que trará uma menção específica à necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e uma referência direta ao Brasil, que faz campanha por um assento permanente no órgão. A declaração deve conter a frase: os EUA demonstram “apreço pela aspiração do Brasil a se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU”.

A relação Brasil-Estados Unidos, como adiantou o chanceler Antônio Patriota, de agora em diante será “de igual para igual”. O governo norte-americano quer que o Brasil reabra a licitação de US$ 4 bilhões para a compra dos caças supersônicos da Aeronáutica, colocando novamente os F-16, da Boeing e da Lockheed Martin, no jogo. O Brasil exige que os Estados Unidos eliminem as tarifas protecionistas que ainda incidem sobre o etanol nacional. E ainda pode ser discutido um tema que interessa muito aos brasileiros: o fim da exigência de visto para os cidadãos que viajam a turismo ou a negócios aos EUA – no consulado paulista, a fila por um visto é de mais de 100 dias.

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Obama veio acompanhado da esposa Michelle e das filhas Sasha e Malia. Ele teria um almoço no Palácio do Planalto com a presidente Dilma Rousseff e com o antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, mas Lula, “o cara”, rejeitou o convite – a empatia pessoal entre os dois não é das melhores. Obama irá também ao Rio de Janeiro, no domingo, antes de seguir para o Chile e para El Salvador, mas as próximas escalas estão ameaçadas pelo iminente conflito na Líbia.

Na sexta-feira, ainda nos Estados Unidos, Obama fez um inflamado discurso contra o ditador líbio, Muamar Kadafi. “Os Estados Unidos não vão ficar de braços cruzados diante de ações que minem a paz e a segurança mundiais”. Kadafi nem ouviu. Na Líbia, desrespeitou o cessar-fogo, anunciado no começo do dia, e avançou sobre os rebeldes na cidade de Bengasi e Misrata, onde 40 tanques do governo atacaram tropas da oposição, segundo a agência de notícias Reuters.

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Obama descartou, para o momento, o envio de tropas terrestres à Líbia. Mas os norte-americanos não descartam abater aviões caso Kadafi desrespeite a zona de exclusão aérea, decretada pela Organização das Nações Unidas. O chanceler francês, Alain Juppé, afirmou também que tudo já está pronto para um ataque à Líbia.

Obama disse também que a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, participará de uma cúpula de nações ocidentais e árabes em Paris, neste sábado, durante a qual serão discutidas as ações militares contra Kadafi. "Nesse esforço, os EUA estão preparados para agir como parte de uma coalizão internacional. A liderança americana é essencial, mas isso não significa que agiremos sozinhos", acrescentou. Obama, portanto, deixou claro que não quer agir sozinho, como nas guerras do Iraque e do Afeganistão. “Kadafi perdeu o respeito por seu próprio povo”, disse Obama. “Se não respeitar o cessar-fogo, haverá consequências”.

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No Brasil, Obama passará o dia ao telefone com Hillary Clinton. A qualquer momento, ele poderá ser avisado de que uma guerra internacional começou. Aviões franceses já sobrevoam a Líbia.

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