As duas caras de Kassab

Qual o prefeito que So Paulo tem? O que quer acabar com a Pa. Alfredo Di Cunto, na Mooca ( esq), e outras 20 reas pblicas, ou o que promete uma praa s vtimas da TAM?



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Marco Damiani, 247 _ O prefeito Gilberto Kassab tem duas caras como administrador. Com a que vocifera, ele está pronto para desapropriar vinte áreas públicas, entre elas o viveiro e escola de jardinagem Alfredo Di Cunto, na Mooca, a conhecida Praça das Flores, e o chamado Quarteirão da Cultura, no Itaim Bibi. Com a que sorri, candidamente, ele assinou protocolo, hoje, para a construção de um espaço público, em Congonhas, em homenagem às 199 vítimas da queda do Airbus da TAM, em 2007. O histórico mostra que é mais correto acreditar no primeiro Kassab, o exterminador do verde de São Paulo (nos últimos meses, a cidade perdeu mais de 7 mil árvores, cortadas por empreendimentos de todos os gênero).

Pela manhã, Kassab assinou protocolo para criar, em um ano, um praça no mesmo local em que o Airbus caiu, numa das cabeceiras da pista de Congonhas, na avenida Rubem Berta. Ele ainda disse que, se os familiares quiserem, poderá estender a área até a avenida dos Bandeirantes. A ideia de fazer uma praça no local surgiu logo após a tragédia, ocorrida em 17 de julho de 2007. Foram quatro anos até a assinatura do protocolo com a promessa de entregar o espaço dentro de um ano!

Objetivamente, em muito menos tempo, Kassab está pronto para desapropriar 20 grandes espaços públicos. Em sessões sempre noturnas, rápidas e preferencialmente discretas, a Câmara de Vereadores deu poderes para Kassab entregar os espaços à indústria imobiliária. Em troca, a municipalidade receberia creches em bairros periféricos. A construtora JHSF, por exemplo, já iniciou estudos para fazer a troca em torno do chamado quarteirão da cultura, no coração do bairro do Itaim Bibi, de 20 mil metros quadrados. Um imóvel comercial, ali, tem o metro quadrado de área construída estimado, hoje, em R$ 13 mil.

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Na Mooca, um dos bairros fundadores de São Paulo, Kassab tem tudo pronto para acabar com a chamada Praça da Flores, na avenida Alcântara Machado. Trata-se de uma área de 6 mil metros quadrados, onde funcionam um viveiro de mudas para abastecer de plantas e árvores outras praças, e uma escola de jardinagem. Ela é muito freqüentada pelas famílias da região e seus “nonos” e “nonas”, como são chamados os avós nas famílias italianas que ali historicamente se concentram. “Eu não quero brigar com o Kassab, mas apenas pedir por favor para que ele não acabe com a Praça das Flores”, solicita dona Crescenza Giannoccaro, 68 anos, presidente da Associação de Moradores Amoamooca. A entidade está promovendo diversos atos de protesto contra a iminente decisão do prefeito. Cerca de 80 moradores da região realizaram ontem um abraço simbólico da área, que tem 6 mil metros quadrados. Ela é muito utilizada pelas famílias e idosos que participam das atividades da escola de jardinagem. O viveiro que funciona na Alfredo Di Cunto é responsável pelo fornecimento de plantas e flores para as praças da região, por isso o local é conhecido como Praça das Flores. Outro terreno na Mooca, onde funciona um depósito da Prefeitura, com cerca de 15 mil metros quadrados, também pode ser desapropriado. O valor venal dos dois imóveis, segundo a Prefeitura, é de R$ 10 milhões. A venda dos 20 terrenos pode render aos cofres da administração municipal cerca de R$ 480 milhões.

A Associação Amoamooca é contra o projeto e defende que o local seja preservado como um pequeno reduto de área verde que restou na região. O bairro tem uma grande concentração de moradores idosos, na faixa de 55 a 60 anos, e poucas opções de lazer. Em ofício enviado pelo prefeito ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Police Neto (sem partido), Kassab alega que o terreno não é utilizado pela administração municipal e sua “valorização imobiliária é incontestável, em virtude do desenvolvimento e da urbanização da região em que se situa”. Mas desde fevereiro a Praça das Flores é ocupada por uma escola-estufa, onde acontecem aulas práticas de agricultura, plantio e paisagismo.

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Durante a administração da prefeita Marta Suplicy, o local funcionou como horta comunitária. Foi transformado em viveiro e escola de jardinagem em 2008. Até o fechamentos desta edição a Secretaria Municipal de Desenvolvimento não se pronunciou.

 

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