Aposta no futuro

As recentes ações dos três poderes talvez tenham contribuído para que a população brasileira finalmente saísse da letargia, como parecem indicar os recentes protestos



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Nos Estados Unidos, como os argumentos contra a administração Obama se esvaziaram, no que se refere à economia, déficit e emprego, os republicanos mudaram o foco para os "escândalos": Benghazi, IRS, escuta telefônica. Não vou entrar no mérito destes casos, mas o fato é que questões importantes, imigração entre elas, estão sendo relegadas a segundo plano na tentativa de tirar a credibilidade da administração.

No mercado financeiro, a bolsa tem estado volátil, à espera do pronunciamento do presidente do FED, nesta quarta-feira. Os que não acreditaram na melhora da economia americana e não aproveitaram a alta dos últimos meses, alegavam que tudo não passava de ilusão, porque a economia e a bolsa só estavam bem por causa das ações de Bernanke. Agora estão preocupados que Bernanke diminua o QE porque a economia esta melhorando. Ora, se a economia está melhorando não há motivos para preocupação, ao contrário... As empresas terão uma melhor performance e também as ações. Ou não?

No Brasil, o governo continua a passar a sensação de que está correndo atrás do prejuízo. Um fato relevante, entretanto, é que o Banco Central reassumiu com força seu papel na formulação da política de juros. Isto ficou patente quando respondeu com um aumento significativo nos juros logo após a divulgação de outro PIB raquítico no fim de maio. Infelizmente, nem o aumento de juros tem evitado a saída de capitais do Brasil, impactando o câmbio e dificultando o combate à inflação. A outra notícia relevante é que o juiz Dias Toffoli, do STF, disse que o resultado final do mensalão pode demorar até dois anos. Parece que no Brasil os três poderes estão competindo para ver quem tem menos credibilidade. As recentes ações dos três poderes talvez tenham contribuído para que a população brasileira finalmente saísse da letargia, como parecem indicar os recentes protestos. Vamos aguardar.

continua após o anúncio

Mais interessante do que a conjuntura atual é o futuro: penso que a ocorrência mais relevante dos últimos tempos é a expansão, nos Estados Unidos, da exploração de petróleo e gás existentes nas formações rochosas - "shale gas and oil"- conhecido como gás de xisto e petróleo- muito mais importante do que o pré-sal do Brasil.

O fato de que os EUA vão se tornar autossuficientes em energia, terá efeitos políticos e econômicos notáveis. A exportação de gás natural pelos EUA modificará o balanço de poder na Europa, que diminuirá sua dependência da Rússia e da OPEC. A Venezuela e Iran também terão sua importância reduzida. Além disto, a maior oferta implicará em alguma redução do preço do barril, o que tornará a posição destes dois países, especialmente difícil. A Agência Internacional de Energia (IEA) prevê que a produção de petróleo nos Estados Unidos ultrapassará a OPEC a Arábia Saudita em 2020. Em alguns anos o mundo vai ter um desenho completamente diferente. Os que acreditavam no fim da hegemonia americana vão ter que reformular suas teses.

continua após o anúncio

Apesar dos Estados Unidos não possuírem as maiores reservas, estão em melhor posição para explorar o que tem e saíram na frente. Quem possui a maior reserva gás de xisto é a China, mas os depósitos estão localizados em regiões remotas e de difícil acesso. Além disto, não há na China água suficiente para o processo de fracking. Finalmente há vários obstáculos regulatórios, o que não ocorre nos Estados Unidos. O Brasil ocupa o décimo lugar em termos de reservas de gás de xisto, como se pode ver no quadro abaixo.

Se até agora o Brasil não progrediu na exploração do pré-sal, não se pode ser muito otimista em relação ao xisto. Não é só a China que tem obstáculos regulatórios. No Brasil, seis anos após o anúncio da descoberta do pré-sal, não houve muito avanço na exploração e o País ficou perdido em discussões regulatórias e posições nacionalistas; um bom exemplo é o requisito de permitir no máximo 15% em equipamentos e serviços internacionais, o que resulta em custos mais altos e atrasos na produção.

continua após o anúncio

Um estudo da Firjam (Federação das indústrias do Rio de janeiro) mostra que a indústria brasileira poderia economizar quase 5 bilhões de dólares anuais e ganhar competitividade se pagasse o semelhante ao que os Estados Unidos paga por gás natural. De novo, os mesmos temas se repetem: ausência de infraestrutura adequada e transporte bem como lentidão na exploração contribuem para reduzir a competitividade da indústria brasileira.

Atualmente apenas os Estados Unidos e o Canadá estão explorando suas reservas comercialmente. A Rússia, que possui as maiores reservas, bem como outros países como Argentina, China e México estão apenas começando.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247