AP 470: o soluço da Matrix

Vivemos numa sui generis “não-realidade” ou num espetacular reality show publicitário, no qual os chamados "donos do poder" [ler Raymundo Faoro], em associação com a grande mídia, manietam os nossos destinos



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Matrix foi um filme que marcou a  cinematografia do final do séc. XX. É uma obra de ficção bastante curiosa e instigante. Exceto poetas, filósofos e psicanalistas – e outros “artistas” que tais – as pessoas ditas “normais” avaliam-no como uma história “absurda”, confusa e ininteligível. Será mesmo?

Nessa obra de ficção somos seres adormecidos e escravizados, conectados a uma falsa realidade. A vida que vivemos, o nosso dia-a-dia, nosso cotidiano pelo qual tanto zelamos e prezamos,  não passa de uma espécie de programa de computador – uma vida virtual. Vivemos, na verdade vegetamos agrilhoados pela nossa própria ignorância e/ou ingenuidade. Algo semelhante, em essência, com a mensagem do filme O show de Truman.

  A vida é, também ela, um tanto “confusa”  e “ininteligível”, plena de  mitos e alegorias – e lições, às quais negligenciamos reiteradas vezes: a literatura nos ensina; a música nos ensina; o cinema nos ensina; a religião nos ensina, mas nós, “distraídos” ou “relapsos” que somos, quase nada aprendemos. Resta-nos apenas, muitas das vezes, uma difusa impressão ou sensação de que já vivemos tudo isso. Déjà vu. E déjà vu no filme Matrix é, como um “soluço”,  um sinal de falha no “sistema”.

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A minha tese – também de ficção, aviso já na largada – a que alude o título desse texto é a de que vivemos numa espécie de Matrix ou num Show de Truman. Vivemos numa sui generis “não-realidade”  ou num espetacular reality show publicitário, no qual os chamados "donos do poder" [ler Raymundo Faoro], em associação com a grande mídia, manietam os nossos destinos. A mídia seria  apenas uma ordinária  correia de transmissão do poder dos donos,  com a proteção e o respaldo legal do Judiciário. Tudo dentro da lei. E os que não se sujeitam à  lei, criminosos são [ler Foucault].  Mas isso que aqui relato, relembro, é uma peça de ficção.

Nessa minha esdrúxula teoria, a denúncia do suposto "mensalão", e consequente AP470, seria uma falha na chamada regra do jogo do poder político. Regra esta praticada desde sempre por essa espécie de irmandade ubíqua e onipresente que controla a vida real. A Matrix seria o conjunto, não escrito, dessas regras e costumes que servem de lastro para o nosso, digamos, inefável/inexpugnável código (a)moral e político. Mas graças aos relatos e recortes, isentos e desinteressados, da realidade que nos é transmitida pelos grandes jornalistas e pela grande imprensa “pluralista” e “imparcial”, sabe-se que essa teoria é, obviamente, rematado disparate.

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Então, a minha hipótese [ficcional, insisto] aqui levantada seria a de que teria ocorrido uma falha, um “soluço” na Matrix. De que teria entrado algum vírus no programa. Ou seria apenas uma espécie de rearranjo ou autocorreção oportunista do  sistema para sanar algum erro circunstancial?

Se eu fosse um desses jornalistas ou sociólogos de esquerda metidos a besta eu diria que a Casa Grande [ler Gilberto Freyre] teria se dado conta de que já estava na hora de expulsar os "pretos" mais inconvenientes dos  nobres salões. Pois, sabe como é...  Esses "pretos", a princípio, até que eram bons escravos, faziam o serviço pesado direitinho, limpavam a casa, serviam a mesa. Mas "preto", repito, sabe como é... Quando se junta com branco, começa a "se achar", a pensar que branco é, e aí já viu... Essa é a forma de pensar dessa gente. Pretos, pobres e putas e... a gente já sabe como é.

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Porém, eu não sou um desses sociólogos de esquerda metidos a besta, sou apenas um tipo singular de  "escritor de hospício" e assim, encalacrado pela  minha mediocridade e insânia, e amarrado às minhas misérias e circunstâncias, desenvolvi essa tese um tanto estapafúrdia.

E, por gentileza, não saiam por aí divulgando essa  “sandice” nesses blogs “vendidos” que pululam pela internet ou mesmo no Facebook. Senão os capatazes e os vigias da Matriz [sic] vão  dizer que somos criminosos, corruptos, quadrilheiros e especialistas em lavagem de dinheiro. Ou vão comprar um laudo e dizer que sofro de severo transtorno psiquiátrico e me interditar – não no debate, entenda-me bem, mas no esquema da Matrix, digo, da Casa Grande. 

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Não se pode esperar boa coisa dessa gente. Afinal, a mídia e a sociedade são dois monstros sem cabeça. 

Mas sem pé nem cabeça mesmo, arremato em definitivo, é essa minha tresloucada tese de que a tal  Ação Penal 470 em verdade seria uma falha no programa da Matrix. Em que pese um excelso jurista ter dito  em recente entrevista  que esse julgamento foi um “soluço” na história do Supremo. Será que o homem estudou tanto o Direito que, assim como eu,  espanou de vez? Vai ver é, também ele, um “mensaleiro” ou um quadrilheiro. Vá saber...

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Em tempo: Se o pessoal da “fábrica” perguntar, diga que na verdade eu não sou uma “máquina defeituosa”; eu também sou da “fábrica”  [diálogo adaptado extraído do filme “O expresso da meia-noite”].

E viva o profeta Gentileza! 

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Viva Artur Bispo do Rosário! 

Viva Nise da Silveira! Abaixo o grande manicômio geral e o repasto dos hipócritas!

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