Afastamento de Bretas é a ponta do iceberg de ilegalidades da Lava Jato fluminense, aponta Fernando Fernandes
Além de diversas irregularidades da Lava Jato, Marcelo Bretas teria utilizado a operação para favorecer a eleição de Wilson Witzel como governador do Rio de Janeiro
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247 — O advogado criminalista e pesquisador Fernando Fernandes afirmou que os motivos que levaram ao afastamento do juiz da Lava Jato do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, são apenas a “ponta do iceberg” das ilegalidades lavajatistas no estado fluminense.
“O afastamento do juiz Bretas em razão de delação de advogados delacionistas que negociaram os abusos do juiz é o inicio da descoberta da ponta do iceberg da caixa preta dos métodos escusos do franchising da 'lava jato' fluminense. Mesmos métodos do ex-juiz que tem a pior nódoa da declaração de parcialidade, Sergio Moro. A história vai revelar muito mais”, afirmou ao Conjur.
O Conselho Nacional de Justiça formou maioria nesta terça-feira, 28 de fevereiro, para afastar do cargo o juiz. O órgão decidiu pelo afastamento com base irregularidades de Bretas em delações premiadas firmadas com a Procuradoria-Geral da República.
Além disso, o CNJ levou em consideração uma representação apresentada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes. Ele denuncia o fato de o magistrado ter marcado de forma seguida, durante a campanha eleitoral de 2018, interrogatórios de seu ex-secretário de Obras Alexandre Pinto. A quarta e última audiência foi realizada três dias antes do primeiro turno, onde Pinto afirmou pela primeira vez que soube de acerto de propina por parte do prefeito, que nega a acusação. Segundo Paes, “o prejuízo que daí resultou à campanha eleitoral do ora requerente é intuitivo, culminando mais tarde na eleição do sr. Wilson Witzel”.
No ano eleitoral, Paes também havia sido ouvido como testemunha no processo sobre o suposto pagamento de propina a membros do Comitê Olímpico Internacional para a realização das Olimpíadas de 2016 na capital carioca. O CNJ aponta que “estas evidências concretas adicionais tornam ainda mais consistente a demonstração de que o juiz lançou mão dos seus poderes jurisdicionais para perseguir e prejudicar Eduardo Paes e favorecer Wilson Witzel, agindo com parcialidade e em acintoso desprezo pela dignidade, honra e decoro das suas funções”.
A punição a Bretas se soma à já aplicada pelo Conselho Nacional do Ministério Público ao ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato fluminense, o procurador Eduardo El Hage — o Deltan Dallagnol da Lava Jato carioca.
Lava Jato no Rio
Enquanto juiz parcial e golpista Sérgio Moro era o responsável pela Lava Jato no Paraná, de onde articulou a perseguição que derrubou o governo democraticamente eleito de Dilma Rousseff (PT) e prendeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ilegalmente, Bretas era o responsável pela operação no Rio de Janeiro, atuando em processos envolvendo a Petrobrás.
Durante a sua atuação da Lava Jato no Rio de Janeiro, a operação afetou significativamente a economia fluminense. O setor de petróleo e gás, por exemplo, que era responsável por grande parte da arrecadação do estado, sofreu um forte impacto com a operação. Empresas que tinham contratos com a Petrobras e que eram importantes geradoras de emprego e renda no estado, tiveram suas atividades afetadas pela operação.
Além disso, a prisão de empresários e políticos ligados à construção civil, como o ex-governador Sergio Cabral, condenado por Bretas a mais de 400 anos de prisão em mais de 30 ações penais, afetou o setor de construção e infraestrutura do estado, que ficou estagnado. Obras importantes foram paralisadas ou canceladas, causando prejuízos financeiros para empresas e trabalhadores.
Cabral foi mais uma vítima da Lava Jato, que destruiu o Brasil e a economia do Rio de Janeiro, tendo impacto negativo na política e na economia do estado. O estado do Rio de Janeiro também sofreu com a redução de investimentos externos, uma vez que a Lava Jato colocou em xeque a estabilidade política e jurídica do país. Empresas estrangeiras ficaram receosas em investir no Brasil, o que afetou diretamente a economia do Rio de Janeiro e do país como um todo.
Além de Cabral, Bretas também foi responsável pela prisão do empresário Eike Batista e de uma rede de mais de 50 doleiros. Assim como Moro desrespeitou a Constituição e colocou Jair Bolsonaro no poder, Bretas montou a farsa que colocou seu amigo Witzel no governo do Rio. Eram recorrentes imagens de Bretas com o então governador em jatinho, festas e no Maracanã. O juiz da Lava Jato do Rio chegou a ser punido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região por participar de uma inauguração de obra pública ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e do então prefeito Marcelo Crivella.
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