A polícia comportamental

A recente condenação do empresário da noite Oscar Maroni faz refletir sobre o alcance da intromissão estatal em assuntos de natureza privada



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A recente condenação do empresário da noite Oscar Maroni faz refletir sobre o alcance da intromissão estatal em assuntos de natureza privada, nas interpretações da Lei que servem à implantação de modelo de moral concebido pela casta acadêmica – ainda que de fato Maroni seja realmente culpado do que o acusam, sua declarada vontade de ser um tribuno a Larry Flynt certamente o tornou alvo preferencial do Ministério Público.

A também recente tentativa de censurar o comercial de lingerie estrelado por Gisele Bünchen é outro sinal da sanha proibicionista que anima burocratas advindos das Universidades, desejosos de impor modelos de convivência através de grupos de pressão. A sociedade tem reagido como se fosse apenas excentricidade de feministas, alheia a ameaça que a ronda. Balança-se a cabeça, rindo de autoridades que podem, com o auxílio de determinadas interpretações da Lei, criminalizar qualquer indivíduo a partir de uma simples opinião expressa em artigos ou comentários. O temor da burocracia tenta se negar através das piadas.

Na Suécia, já se criminaliza o cliente da prostituta através da interpretação estrita da lógica: “Há prostitutas porque há clientes”. Assim será em todos os países, pois como há crimes relacionados à prostituição, a sociedade aceita mais esta ingerência estatal na esfera privada docilmente, sem se perguntar por que tais crimes não podem ser combatidos sem a dita intromissão. Não se chegou a este grau de interferência de uma noite para um dia, mas através do que se chama de “construção de paradigmas”, realizada através de anos de predomínio de valores louvados pela Academia, enquanto a maioria, como de hábito, balançava a cabeça rindo do que parecia exagero dos referidos grupos de pressão. Nas sociedades onde cada facção organizada luta pelo que entende ser seu Direito, quem perde seus direitos, muitas vezes irreversivelmente, é toda a sociedade, nela incluídos os grupos que lutaram por direitos inadvertidos do poder que conferiam à burocracia. Direitos anulando direitos, o resultado infalível e certo, demonstrado reiteradas vezes. Mas quem aprende?

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A transformação da Times Square, em Nova Iorque, de centro de prostituição, com vistoso desfile de cafetões e prostitutas em trajes sumários, em parque temático da Disney não se deu tão rapidamente como imaginam os que a atribuem à política de “Tolerância Zero”. Foi lenta a mudança do cenário, a catilinária moralista por décadas fustigando a “degradação” daquele logradouro, para a delícia dos especuladores e das corporações que se prontificaram a “limpar” a área. Hoje, muitos novaiorquinos lamentam, mas onde se esconderam quando batalhões de “higienizadores sociais” tomaram o centro do palco? Como observa David Letterman, caipiras ficam encantados ao vislumbrar os letreiros da Disney, dizendo: “Em San Diego não tem nada disso”. Paul Schrader, o roteirista de “Taxi Driver”,o clássico de Martin Scorsese passado em grande parte na “Times Square”, é dos que deploram a “limpeza”, mas terá ele se manifestado quando minorias organizadas tramavam seu domínio sobre aquela via, sobre aquele estilo de vida? Muitos se calaram, intimidados pela chantagem do politicamente correto e da associação de ideias “prostituição =drogas= criminalidade”.

Sabendo-se poderosos, graças à alienação da maioria, os “reformadores sociais de departamento universitário” avançam sem temores pelo direito ao exercício da sexualidade, usando os pretextos mais variados, contando (aí conscientemente) com o apoio dos setores, tanto à Esquerda, como na Direita, refratários à liberdade individual.

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Quando escrevi sobre a proibição de festas no campus da UFMG, por conta de suposta agressão a casal de homossexuais em uma calourada, houve comentários no 247 louvando a mesma, pois tais festas seriam palco de abusos, “uso de drogas”. Claro que sociedade assim está receptiva à supressão de direitos.

Quando a burocracia criminalizar até pensamentos “impróprios”, lamentarão, mas aí...

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