50 anos após Luther King, Fortaleza imita Little Rock

Em 1957, na cidade Little Rock, em Arkansas, nove estudantes negros tiveram que ser escoltados por tropas do exército para assistir aulas numa escola para brancos, depois que os Estados Unidos eliminaram todas as leis que ainda permitiam a segregação racial; seis anos depois, em Washington, Marthin Luther King Jr. pronunciou seu discurso histórico, em Washington, quando disse "eu tenho um sonho"; na última-segunda-feira, em Fortaleza, médicos como o cubano Juan Delgado foram hostilizados aos gritos de "escravos, escravos" e algumas de suas colegas foram comparadas a empregadas domésticas; quando o Brasil se tornará uma nação digna, onde todos sejam iguais?

Em 1957, na cidade Little Rock, em Arkansas, nove estudantes negros tiveram que ser escoltados por tropas do exército para assistir aulas numa escola para brancos, depois que os Estados Unidos eliminaram todas as leis que ainda permitiam a segregação racial; seis anos depois, em Washington, Marthin Luther King Jr. pronunciou seu discurso histórico, em Washington, quando disse "eu tenho um sonho"; na última-segunda-feira, em Fortaleza, médicos como o cubano Juan Delgado foram hostilizados aos gritos de "escravos, escravos" e algumas de suas colegas foram comparadas a empregadas domésticas; quando o Brasil se tornará uma nação digna, onde todos sejam iguais?
Em 1957, na cidade Little Rock, em Arkansas, nove estudantes negros tiveram que ser escoltados por tropas do exército para assistir aulas numa escola para brancos, depois que os Estados Unidos eliminaram todas as leis que ainda permitiam a segregação racial; seis anos depois, em Washington, Marthin Luther King Jr. pronunciou seu discurso histórico, em Washington, quando disse "eu tenho um sonho"; na última-segunda-feira, em Fortaleza, médicos como o cubano Juan Delgado foram hostilizados aos gritos de "escravos, escravos" e algumas de suas colegas foram comparadas a empregadas domésticas; quando o Brasil se tornará uma nação digna, onde todos sejam iguais? (Foto: Leonardo Attuch)


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247 - Há exatos 50 anos, no dia 28 de agosto de 1963, Martin Luther King Jr., o maior ativista na luta pelos direitos em todos os tempos, fez seu mais célebre discurso, no Lincoln Memorial, em Washington. A frase "I have a dream" ("eu tenho um sonho") para sempre ecoará como uma obra-prima da retórica política. "Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!", disse Luther King Jr., na data histórica (confira a íntegra do discurso).

Seis anos antes, na cidade de Little Rock, no Arkansas, um estado marcado pelo racismo e pelo passado escravocrata, o presidente Dwight Eisenhower enviou tropas militares para garantir a segurança de nove estudantes negras que haviam sido admitidas em uma escola para brancos. Naquele ano, em 1957, os Estados Unidos haviam abolido todas as leis que ainda permitiam a segregação racial e os estudantes protegidos por militares ficaram conhecidos como "os nove de Little Rock" (leia mais aqui).

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Mesmo escoltados, no entanto, estudantes negros eram hostilizados por brancos que combatiam as políticas de igualdade e ação afirmativa, como numa foto que ainda paira como uma mancha na história dos Estados Unidos.

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Cinquenta anos depois do histórico discurso de Martin Luther King Jr., a cena indigna de Little Rock foi repetida em Fortaleza, capital do Ceará, quando uma turba de médicos tomados por um instante de selvageria armou um corredor polonês contra médicos cubanos e passou a gritar "escravos, escravos" (assista ao vídeo impressionante).

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Postada no 247, a imagem do cubano Juan Delgado sendo hostilizado por duas médicas brasileiras, captada pelo fotógrafo Jarbas Oliveira, registra, com precisão, o espírito de um tempo. Um tempo mesquinho, egoísta, em que doutores brasileiros, que se negam a atender brasileiros em regiões remotas, hostilizam quem se dispõe a fazer esse trabalho. Uma obra-prima que, certamente, dará ao fotógrafo os prêmios mais importantes de sua atividade neste ano. E que, de tão marcante, já foi compartilhada por mais de 200 mil pessoas no Facebook – um marco na internet brasileira.

Dos mais de 2 mil comentários postados na matéria de ontem (saiba mais aqui), mais de 90% demonstraram indignação e vergonha alheia com a atitude dos médicos cearenses. Alguns questionaram o fato de o 247 ter descrito na matéria que Juan Delgado é um médico negro. Simples. Ser chamado de "escravo" é uma ofensa para qualquer ser humano. Mas uma ofensa que repercute ainda mais na alma de pessoas cujos ancestrais foram efetivamente escravizados.

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Ao comentar as agressões, o próprio Delgado se disse impressionado com a manifestação e disse ser um homem livre, que veio ao Brasil para ajudar – segundo ele, para ser "escravo da saúde e dos doentes" (leia mais aqui). Exemplos de preconceito, no entanto, se espalharam pela internet, como no Facebook da jornalista Micheline Borges, que disse que médicas cubanas se parecem com "domésticas" (leia aqui).

No Brasil, ainda não apareceu um Martin Luther King Jr. capaz de dizer uma frase simples e poderosa. Simplesmente "eu tenho um sonho". Um sonho banhado por igualdade e tolerância.

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Assista, abaixo, ao discurso de Luther King Jr., que completa 50 anos hoje:

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