Walter Delgatti é preso pela Polícia Civil em Araraquara
O hacker Walter Delgatti Neto foi preso nesta quinta-feira (25), em Araraquara, após o juiz federal Ricardo Leite, de Brasília, proibi-lo de dar entrevista. "Delgatti pode estar sendo alvo de uma ação orquestrada para silenciá-lo", diz o jornalista Joaquim de Carvalho
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A Polícia Civil em Araraquara acaba de prender o hacker Walter Delgatti Neto. O advogado dele, Ariovaldo Moreira, está se dirigindo neste momento para a delegacia de polícia. Procurado, o advogado disse ainda não saber o motivo.
A prisão ocorreu uma hora e meia depois da audiência dele por videoconferência ao juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, oportunidade em que o magistrado negou o pedido do Ministério Público Federal de mandá-lo de volta à cadeia.
Ricardo Leite, no entanto, proibiu Walter Delgatti Neto de voltar a dar entrevista. O pedido de prisão apresentado pelo Ministério Público Federal se deu em razão da entrevista que Delgatti concedeu à TV 247 na terça-feira da semana passada (16/02).
Walter deixou presídio da Papuda em Brasília no mês de setembro do ano passado, depois de passar um ano e três meses preso. A decisão que o colocou em liberdade estabeleceu algumas medidas cautelares, como usar tornozeleira eletrônica e não acessar a rede mundial de computadores.
Ele não foi proibido de dar entrevista, já que a liberdade de expressão é um direito fundamental assegurado pela Constituição.
Depois que deixou a prisão, Walter deu entrevista à CNN e à revista Veja, mas sem nenhuma consequência.
Na entrevista à TV 247, ao vivo e sem cortes, Walter contou por que hackeou as mensagens e disse que agiu “em legítima defesa da sociedade”, por entender que os abusos da Lava Jato violavam a Constituição.
Uma procuradora usou a entrevista à TV 247 como argumento (no mínimo, duvidoso) de que ele estaria violando a medida cautelar que o proíbe de usar a internet.
Quem acessou o computador para que Delgatti desse entrevista à TV 247 foi o advogado dele.
Estudante de Direito, Delgatti deu alguns exemplos de abusos da Lava Jato, mas não quis entrar nos detalhes das mensagens, por entender que isso poderia levá-lo de volta à prisão.
Na entrevista, no entanto, ele revelou que teve ideia de acessar o Telegram depois que foi vítima de perseguição por parte de um delegado e de um promotor da cidade de Araraquara.
Em 2017, foi acusado de tráfico de drogas, com base na apreensão de três caixas de remédios controlados, que ele usa desde criança, para tratar transtorno de déficit de atenção, que lhe causa ansiedade.
Acabou condenado com base na apreensão de uma carteirinha de estudante da USP, que ele diz ter falsificado aos 19 anos de idade, para impressionar as meninas.
A prisão hoje em Araraquara é estranha e, certamente, não tem relação com o processo em Brasília, aberto depois da Operação Spoofing, desencadeada quando Sergio Moro era ministro da Justiça.
Moro aparece nas mensagens em ação interpretada por juristas como de flagrante ilegalidade, como combinando com procuradores operações e estratégia de acusação.
Walter pode estar sendo alvo de uma ação orquestrada para silenciá-lo, já que ele teve acesso às mensagens que revelam a podridão se setores que ocupam postos no sistema de justiça.
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