Votos, pesquisas e o deslocamento do poder

O orçamento comandado por deputados não seria de todo mal, não fosse ele secreto e, sim, destinado a políticas públicas coordenadas e não pulverizadas

(Foto: ABR)


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A forma de eleição de representantes ao parlamento está em constante discussão. Tivéssemos a possibilidade de escolher mais de um deputado, já que são dezenas deles ocupando a Câmara Federal e as Assembleias Legislativas, talvez diminuísse um pouco a dúvida na decisão, mas aumentaria sobremaneira a representatividade dos eleitos. Sabendo a composição do parlamento, constatamos que, desta vez, a soma dos votos dos 70 eleitos por São Paulo é perto de 60% do total de votos, em direção oposta ao que vinha ocorrendo, com baixa representantividade do voto na Câmara, que significava que apenas 40% dos votos dos eleitores resultavam em deputado eleito. Os números precisam ser avaliados com mais detalhes, mas a ausência de coligações pode ter levado a essa alteração benéfica. No Senado, ao menos, podemos escolher todos os representantes.

Não houve farta pesquisa de intenção de voto para deputado para avaliar tendências, ainda mais que o voto envergonhado tem se mostrado um novo segmento a ser considerado. Para o Legislativo, a margem de confiança é muito mais baixa. Tais pesquisas seriam importantes, especialmente para nós paulistas, para saber de antemão a tendência de mais do mesmo ou se bananinhas, tiriricas, moleques birrentos e bolsonarentos arrependidos seriam substituídos por verdadeiros representantes do povo, o que aconteceu apenas parcialmente.

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As pesquisas eleitorais continuam possuindo seu mérito e a guerra bolsonarenta contra elas é reflexo da não aceitação científica do mundo como ele é, pois o despresidente cria uma realidade somente sua e de seu entorno cego e interesseiro. É guerra contra a ciência, contra o saber, contra o conhecimento. Chamou a atenção o desespero de Arthur Lira ao fazer coro a tais desvarios, o que levava a crer, no final do mês passado, que sua reeleição à Câmara parecia não totalmente segura. Pelo resultado vimos que o povo alagoano não quis uma mudança radical na representatividade de seu estado, ainda que tenha levado Paulo Dantas ao segundo turno para o governo estadual, com boa margem de vantagem, e a votação em Lula no estado foi mais de 20 pontos porcentuais à frente do despresidente.

Sabemos que há uma nítida mudança do eixo do poder, com explícita compra de apoio parlamentar. A tese do parlamento forte é boa, caso não fôssemos presidencialistas. O orçamento comandado por deputados não seria de todo mal, não fosse ele secreto e, sim, destinado a políticas públicas coordenadas e não pulverizadas como sói acontecer. 

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