Volta, Dilma! Mas com que governo?

"O retorno eventual da Dilma à presidência pode depender da conquista de alguns votos – 2 ou 6, conforme se calcule – no Senado, mas este nao é um calculo aritmético. Quem for votar, vai se perguntar quais as alternativas ao governo Temer: o retorno puro e simples da Dilma à presidência? Ou novas eleições?", questiona o colunista Emir Sader, que defende a retomada de um modelo desenvolvimentista; "Que as extraordinárias mobilizações atuais sirvam para recolocar a presidenta na presidência do país e sejam o apoio decisivo para destravar as obstruções do Congresso e da mídia, para voltar ao programa aprovado pelo povo em 2014"

Belo Horizonte - BH, 20/05/2016. Presidenta Dilma Rousseff participa do 5º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Belo Horizonte - BH, 20/05/2016. Presidenta Dilma Rousseff participa do 5º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR (Foto: Emir Sader)


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O retorno eventual da Dilma à presidência pode depender da conquista de alguns votos – 2 ou 6, conforme se calcule – no Senado, mas este nao é um calculo aritmético. Quem for votar, vai se perguntar quais as alternativas ao governo Temer: o retorno puro e simples da Dilma à presidêEncia? Ou novas eleições?

Como sugeriu o ex-presidente Lula, a Dilma tem que se dirigir a todos os senadores, mas também ao país, dizendo o que significaria sua volta à presidência, além do respeito pleno ao voto democrático do povo. Que tipo de governo ela retomaria, com que tipo de programa, com que composição?

Antes da votação na Câmara, Dilma havia convidado o Lula para coordenar uma reesrtruturação do seu governo e Lula, por sua vez, tinha dito, que havia aceito com a condição de poder mudar a politica econômica. Agora Dilma, em entrevista pública, diz que foi um erro o ajuste fiscal que tentou implementar.

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Desde então se fortaleceu enormemente um movimento popular de rejeição do governo golpista do Temer e de reivindicação do seu retorno ao exercício pleno da presidência. Existe um consenso amplo de que o seu segunda mandato, tal qual ele existia, se esgotou politicamente. Que se trata de dar novas orientações ao governo, agora incorporando tudo o que aconteceu no país desde a votação – vergonhosa – do dia 17/4 e encarando as formas de destravar os nós que se acumularam na complicada situação que enfrenta o pais.

Ficou igualmente claro que o povo, nas ruas, rejeita o governo Temer pelo golpe ao qual apelou para chegar ao governo, mas rejeita também pelos brutais retrocessos que tenta impor ao pais, movimento indissoluvelmente vinculado ao golpe, sem o qual esses retrocessos não poderiam ocorrer, porque foram derrotados quatro vezes sucessivas em processos eleitorais democráticos. Se trata portanto, não apenas de rejeitar o ajuste fiscal, mas de retomar o caminho da reação à crise de 2008, de intensificar o modelo de crescimento com distribuição de renda. De propor um novo pacto pelo crescimento ao pais, com expansão do crédito ao investimento, com diminuição das taxas de juros para incentivar os investimentos produtivos, colocando o grave tema do emprego como central, liberando créditos tendo como contrapartida o investimento produtivo e a geração de empregos.

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Para que o Senado e o país se pronunciem pelos dois projetos que estão em jogo hoje no Brasil. Porque o problema central da crise brasileira não é o impeachment, o crime de responsabilidade fiscal, etc., etc. Como se vê, tudo isso foi um golpe para buscar restaurar, de forma antidemocrática, o modelo neoliberal. Então o país e, antes de tudo, o Senado, tem que se pronunciar sobre que tipo de modelo quer para o país.

O que o governo interino de Michel Temer está buscando colocar em prática, com corte dos direitos sociais e dos recursos para as políticas sociais, de rebaixamento da importância da cultura, dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, do tema da igualdade racial, de voltar a falar fino com os grandes e grosso com os pequenos, como denunciou Chico Buarque e que o governo atual voltou a assumir.

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Ou a retomada do modelo que deu certo no país e que foi referendado por quatro eleições sucessivas, de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, de política externa soberana, de paz e amizade com todos os países vizinhos antes de tudo, de fortalecimento da cultura, dos direitos humanos, da igualdade racial, dos direitos das mulheres, dos jovens, dos negros. Para o que Dilma poderá contar com a experiência de que foi o maior responsável pelo sucesso dessas políticas, que pela primeira vez na nossa historia, diminuíram a desigualdade e nos tiraram do Mapa da Fome. Quem foi responsável pela projeção mais positiva do Brasil no mundo e quem conseguiu obter o maior apoio da população no final dos seus dois mandatos – o Lula.

Que as extraordinárias mobilizações atuais sirvam para recolocar a presidenta na presidência do país e sejam o apoio decisivo para destravar as obstruções do Congresso e da mídia, para voltar ao programa aprovado pelo povo em 2014.    

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