Viva Rita Lee! Um singelo obrigado
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Rita Lee foi gigante. Existem poucos que podemos celebrar a vida e sua colaboração com a arte. A figura de Rita Lee na música, na vida pessoal e sua participação na sociedade, são além muito robustas, são também muito divertidas. E parece que esse mundo também está indo embora com esses ídolos. Lamentáveis alguns críticos e alguns órgãos de imprensa minimizando ou reduzindo a importância de Rita para a história no Brasil e possivelmente no mundo, afinal, suas músicas tem regravações pelo planeta e são venerados por artistas como Jack White, Banda Toto e até Ray Charles.
A melhor banda brasileira de todos os tempos, Mutantes, tem a digital de seu sucesso através de Rita Lee. Ela foi responsável por levar aos Mutantes o lado circense, o humor, roupas e instrumentos inusitados, como flautas e o Theremin. Você percebe que com a saída de Rita da banda, Os Mutantes se tornam outro tipo de Mutantes. É uma banda virtuosa, de muita qualidade técnica. Porém, existiam várias bandas na época como Yes; King Crimson; Emerson, Lake e Palmer; Gênesis e Jethro Tull. Com Rita era uma banda única. Brincava com regravações de “Banho de Lua” ou “Baby”. O Auge fica por conta do Álbum Jardim Elétrico, com vários sucessos. E a importância foi tão grande, que na volta da banda, no Theatre, Londres 2006, com a presença de Zélia Duncan nos vocais, todo repertório foi baseado na fase de Rita.
A fase, da qual me reconheci aprendendo a gostar de Rita Lee, foi da banda Tutti Frutti gravando um dos maiores álbuns da história (Fruto Proibido) e iniciando a fase solo com seu marido e um dos maiores guitarristas brasileiros, Roberto de Carvalho. Nessa fase temos "Agora Só Falta Você", "Esse Tal de Roque Enrow", "Ovelha Negra" e "Jardins da Babilônia". “Miss Brasil 200” fica marcada pelo extremo bom humor e com grandes apresentações marcadas ou por figurinos especiais ou pela famosa apresentação da modelo Valéria Mendonça. A carreira brilhante precisava de voo independente. Ela se sobrepujava nas bandas, com seus olhos claros, seu humor despojado no palco e presença firme, deixando, como ela falava um monte de gente feliz.
Os anos 80 foram a glória da sua consagração e solidificação como uma dos grandes nomes da música brasileira. “Mania de você” Emplacou nas rádios como água, assim como “Baila comigo”, revelando que não importava o estilo, mesmo tendo a pecha de rainha do Rock. Conseguia cantar uma música doce, tendo sua fama de mau sempre presente. A marca extraordinária do tempo em que era jovem, sempre esteve presente na vida social e nos palcos. É o nosso John Lennon de saias. Com o humor triplicado.
E pensar que foi expulsa dos Mutantes por Arnaldo, dizendo que não tinha calibre virtuoso. Apenas se esqueceu de que Rita Lee foi maior que Mutantes. Chamou a atenção de Gilberto Gil e participaram de sua apresentação, assim como do movimento Tropicália. Sua irreverencia estava presença nos palcos e na vida. Enfrentou sempre a ditadura e movimentos fascistas. Conseguiu falar de morte em um livro infantil, sua autobiografia aborda muito sobre a liberdade feminina a partir de suas experiências. E Rita Lee tinha que ser mulher mesmo.
Conheci Rita anos atrás, já com Beto Lee nas guitarras e me chamava a atenção a força do palco e na atenção com todos com amor e carinho.
Não à toa que era uma unanimidade. Rita, obrigado pela obra musical. Obrigado pela alegria de viver. Deus, obrigado por me deixar existir no mesmo período que a Rita.
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