Vitória definitiva de Lula exige ação enérgica e politizada da militância na disputa pelo voto popular
"Partidos de esquerda no âmbito da 'frente ampla' precisam jogar peso na mobilização militante", escreve Milton Alves
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Por Milton Alves
Lula foi, sem dúvida, o grande vencedor do 1º turno das eleições presidenciais de 2022. No entanto, o candidato da extrema direita demonstrou fôlego de chegada e arrancou consideráveis trunfos políticos, levando Tarcísio Freitas na liderança para o segundo turno em São Paulo e elegendo uma numerosa bancada “puro sangue” do bolsonarismo para o Congresso Nacional. E ainda deixou Onix Lorenzoni na liderança no Rio Grande do Sul.
Além disso, Bolsonaro avançou sobre o eleitorado da chamada terceira via nas regiões sul e sudeste — o que impediu o desfecho da disputa no primeiro turno. Luiz Inácio Lula da Silva Lula recebeu o apoio de 57.259.504 eleitores e eleitoras, ou 48,43% dos votos válidos, ficando a 1,57 ponto percentual para obter a vitória já no primeiro turno.
Por sua vez, Jair Bolsonaro (PL) alcançou 51.072.345, ou 43,20% dos votos válidos. Lula recebeu 6.187.159 votos a mais que o candidato chapa branca, que usou e abusou da máquina pública via orçamento secreto e da demagogia eleitoreira.
Olhando os números mais de perto, Bolsonaro encolheu relativamente seu ímpeto eleitoral tendo como referência 2018: Lula venceu em 14 estados e o neofascista venceu em 12. No Rio, apesar da eleição de um aliado no primeiro turno, o atual presidente recuou de 59,8% para 51,1%.
Outro dado das eleições, é a crescente rejeição ao bolsonarismo, cerca de 6 pessoas em cada 10 rejeitam o governo. “Neste instante, nós temos confiança de que 60% do povo brasileiro rejeitou esse governo. Rejeitou nas eleições. É importante lembrar que pela primeira vez alguém exercendo o cargo de presidente perde no primeiro turno. E vai perder muito mais feio no segundo turno, porque nossa distância vai aumentar muito”, afirmou Lula em entrevista coletiva na última segunda-feira (3).
Campanha de massas
Nas últimas horas, o comando petista anunciou novas adesões – PDT e Cidadania, o que é importante, porém só ampliar as alianças por cima não basta, é pouco. É preciso mais! Radicalizar o conteúdo popular da campanha, ir para os locais de moradia e trabalho dos mais pobres — em todo o país e, principalmente, nas regiões sudeste e sul. E, no caso de São Paulo, denunciar a herança maldita do tucanato, a aliança do Rodrigo Garcia com Tarcísio, o “novo BolsoDoria”.
A força eleitoral e o carisma de Lula são fundamentais, mas os partidos de esquerda no âmbito da frente ampla precisam jogar peso na mobilização militante, definir territórios para a concentração do trabalho da militância, dos parlamentares eleitos e fortalecer o protagonismo dos comitês populares. Afinal, serão 25 dias de guerra pelos votos dos brasileiros e brasileiras.
Dizer o que novo governo Lula vai fazer para o povão
Apresentar, claramente, o que vai ser feito nos primeiros cem dias de governo. Medidas de amplo impacto popular como o combate imediato à fome, a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600,00 reais, o congelamento dos preços da carne, leite, pão e dos combustíveis, a anistia geral das dívidas no Serasa, ampliar o crédito popular, organizar um mutirão de atendimento da demanda represada no SUS em função da pandemia, fomentar políticas de geração imediata de empregos para os mais jovens e revogar o famigerado no dia da posse o teto dos gastos.
A força eleitoral e o carisma de Lula são fundamentais, mas os partidos de esquerda no âmbito da “frente ampla” precisam jogar peso na mobilização militante, definir territórios para a concentração do trabalho da militância, dos parlamentares eleitos e fortalecer o protagonismo dos comitês populares. Afinal, serão 25 dias de guerra para conquistar os votos dos brasileiros e brasileiras.
Portanto, sem o pânico que atingiu certos segmentos da militância, organizar uma enérgica e politizada campanha para vencer o bolsonarismo, que é o responsável por uma política desastrosa contra o povo trabalhador e a soberania do país.
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