Visões da cidade
Por vivermos em uma cidade desigual, onde as periferias carecem de infraestrutura e de uma série de serviços públicos, há a necessidade de investir nessas áreas menos favorecidas, buscando o equilíbrio entre as diferentes regiões
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Em uma democracia, quem está no governo fica sujeito a críticas de toda natureza. É parte do jogo. Mas a simples desqualificação de medidas da atual administração do PT na cidade de São Paulo por parte de vereadores do PSDB, em duas ocasiões em menos de um mês neste espaço, não tem sustentação.
Com cargos importantes nos oito anos da gestão Serra-Kassab, Floriano Pesaro e Andrea Matarazzo, agora opositores na Câmara Municipal, acusam o prefeito Fernando Haddad, do PT, de não saber comandar a maior metrópole do país e se esquecem de um passado recente.
Não faltam exemplos nas mais diversas áreas da administração, porém uma diferença bem nítida está na maneira como os espaços públicos estão sendo tratados. Um legado dos dois mandatos anteriores na Subprefeitura da Sé foi o chamado banco "antimendigo"--os bancos de praças foram divididos em assentos individuais, de modo a impedir que alguém se deitasse neles.
Além disso, as reclamações das pessoas em situação de rua em relação a abusos cometidos por agentes públicos eram constantes.
Passados dois anos da atual gestão, o cenário é outro. O programa Centro Aberto está levando as pessoas a usar as praças de um modo como nunca se viu na cidade, com a qualificação dos espaços físicos, retirada de grades e instalação de mobiliário urbano como mesas, bancos e cadeiras.
Assim, grupos de amigos e famílias transformam os espaços públicos na nova praia do paulistano e ainda usam internet sem fio grátis. Quem vive na rua recebe tratamento digno, com diálogo e respeito às individualidades, sem as famigeradas tendas que não ofereciam uma alternativa a essa população. O diálogo com os menos favorecidos faz parte do modo petista de governar.
Falar que a cracolândia voltou é outra falácia. Sabemos que o crack nunca deixou a região da Luz. O que mudou foi a rotina do "tiro, porrada e bomba" e suas operações policias desastradas. O programa De Braços Abertos busca uma nova abordagem do usuário de crack, tratando-o como um ser humano que precisa de ajuda e de oportunidades, não como algo indesejável que atrapalha a cidade e de lá precisa ser removido.
Uma mostra do acerto da gestão municipal é dada pelo governo do Estado, comandado há 20 anos pelo mesmo PSDB, que fez sua versão do programa na mesma região.
Outra crítica da oposição que tem como expediente mirar-se em exemplos do chamado primeiro mundo para comparar com São Paulo é à correção da Planta Genérica de Valores, aprovada em lei na gestão Kassab, e o consequente reajuste do IPTU.
Dizem que é desnecessário. Mas ao adotar uma tabela progressiva --quem tem mais paga mais, quem tem menos paga menos--, a cidade dá um importante passo para estabelecer justiça social. A medida é usada em países desenvolvidos, mas a oposição se esquece disso.
Vale ressaltar ainda que, dos 96 distritos da cidade, 53 terão redução do imposto. A isenção atinge ainda 3,1 milhões de imóveis com valor venal de até R$ 160 mil. Também ficam livres do imposto aposentados que ganham até três salários mínimos.
Por vivermos em uma cidade desigual, onde as periferias carecem de infraestrutura e de uma série de serviços públicos, há a necessidade de investir nessas áreas menos favorecidas, buscando o equilíbrio entre as diferentes regiões.
É disso que a correção do IPTU com escalonamento trata. Por outro lado, não negamos também o desafio de suprir as carências de serviços de manutenção em áreas centrais, com limpeza, iluminação adequada e recapeamento de vias, mas passos importantes estão sendo dados. A ocupação das praças já mencionada é um exemplo de uma revitalização de verdade do espaço público.
Olhar as diferenças paulistanas com diferentes olhos não significa dividir a cidade, mas, sim, enxergá-la com a complexidade que ela tem. Só assim teremos condições colocar São Paulo no caminho para que se torne uma cidade cada vez mais justa, fraterna e acolhedora.
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