Viagra, leite condensado e cloroquina, mas nenhum é ladrão
VIAGRA, LEITE CONDENSADO E CLOROQUINA, MAS NENHUM É LADRÃO
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Por Pedro Augusto Pinho
Há casos que a História registra, em diferentes épocas, de alucinações coletivas, autoflagelações, ações que parecem encontrar as pessoas em estado hipnótico, ou sob efeito de drogas, tal o descompasso entre os fatos e as atitudes ou as reações.
Em 18 de novembro de 1978, 918 pessoas morreram em um misto de suicídio coletivo e assassinatos, em Jonestown, no território da Guiana, na comuna criada por Jim Jones, pastor e fundador do Templo Popular, seita pentecostal. Ainda que algumas pessoas tenham sido mortas a tiros e a facadas, a grande maioria pereceu ao beber, sob as ordens do pastor, veneno misturado a um ponche de frutas.
Os relatos de sobreviventes falam em “estado de transe coletivo”, mas a sinistra gravação dos procedimentos, que inclui discursos de Jones, contém gritos de agonia das pessoas envenenadas. Muitos dos que tentaram fugir foram mortos. Quando as autoridades da Guiana chegaram a Jonestown, o pastor foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em posição que sugeriu suicídio (extraído do noticiário da BBC News Brasil).
O governo de Messias Bolsonaro, o “Mito”, cercado por pastores neopentecostais, tem muito dessa construção absurda da crença irracional, como são, em grande parte, as religiosas.
Mas seria o caso de militares, das três armas, com cursos e treinamentos onde a realidade se opõe a qualquer fantasia? Ou seria a falta de amadurecimento, como muitos imputam aos militares, que adultos ainda brincam de mocinho e bandido ou de soldadinhos de chumbo? Ou como os sacerdotes, que no humor ferino de Eça de Queiroz, não envelhecem, porque repetem, por toda vida, o que ouviram da mãe ou da avó em criança?
Uma situação é, no entanto, indiscutível. As despesas irresponsáveis, para não sermos grosseiros, feitas pelas Forças Armadas durante o governo Bolsonaro, que mais se aproximam da corrupção, do que acusam os governos do Partido dos Trabalhadores (PT).
Não se trata de um ser honesto e outro ladrão. Há em todas as opções partidárias, nos comportamentos de todos os lados e grupos, pessoas íntegras e corruptas. Honestos, verdadeiramente, em nossa história, como reconheceram seus mais acerbos opositores só se conhecem Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, e outros nacionais trabalhistas, hoje praticamente inexistentes na política nacional.
O nacional trabalhismo, no processo histórico nacional denominado redemocratização, foi vítima do ataque de todos os grupos políticos e das mídias que os repercutiam. Da extrema direita à extrema esquerda. E por que? Por serem nacionalistas e o modelo que patrocinava o fim dos governos militares, no Brasil, era o financismo neoliberal, no poder desde 1985.
Transcrevo notícia divulgada pelo site informativo Dinâmica Global.
“Londres e Wall Street fomentam a polarização da América Latina para impedir que nacionalistas integrem a nova ordem multipolar
WallStreet e Londres estão fomentando a polarização da “esquerda contra a direita” na América Latina com o objetivo de impedir que nacionalistas de qualquer ideologia se unam para romper com o sistema financeiro especulativo do transatlântico e se integrar no processo do BRICS e a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI).
Como adverte o Executive Intelligence Review, esses grupos estão sob a coordenação e controle da cidade de Londres, que busca desencadear uma clássica guerra de polarização anglo-veneziana de esquerda contra direita e, assim, alcançar a fragmentação e destruição de vários estados-nação para impedir sua autodeterminação e entrada na nova ordem multipolar (Dinâmica Global, 11/01/2023)”.
O grande financiador de movimentos identitários e ambientais, megaespeculador George Soros, por mais de uma vez declarou ser o nacionalismo o grande inimigo de seu grupo, dos financistas, dos especuladores, dos neoliberais que dirigem os capitais apátridas.
Não se acuse Jair Messias de ingênuo. Ele foi escolhido por não ser pensador meditativo, porém capaz de farsas, histrionismo, tendo a comunicação emocional e nada abstrata ou filosófica, que exigisse reflexão. Em resuma, ótimo para discursar para ignorantes e pouco dados a leituras mais aprofundadas. Exatamente como a turba que se uniu em Brasília, no domingo, oito de janeiro, um dia de vergonha nacional.
E os militares? De acordo com o levantamento realizado pelos técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), no último ano do governo de Michel Temer, 2.765 militares ocupavam cargos civis no governo federal. No último levantamento disponível do mesmo órgão, em 2021, 6.175 membros das forças armadas estavam nos postos civis em 2020, segundo ano de Bolsonaro na presidência.
Muitas compras chegaram à imprensa por ridículas ou pelos valores absurdos, outras pela absoluta falta de necessidade e inadequadas, como as avermectinas e cloroquinas no combate ao covid 19, lembrando que o uso maior das primeiras é nos tratamentos veterinários.
Mas o ladrão é Lula…
O que está acontecendo com as Forças Armadas brasileiras? Elas que foram responsáveis pela República, pelos movimentos que trouxeram a construção do Estado Nacional, com a Revolução de 1930, que deram suporte às profundas transformações que possibilitaram o desenvolvimento do Brasil, como a Petrobrás, como a Eletrobrás, Embratel, Embrapa, como a escola pública laica e universal, sem discriminação de qualquer natureza, como a previdência social urbana e rural, como o direito dos trabalhadores, o desenvolvimento tecnológico nuclear, a criação do maior banco de fomento do mundo, o BNDES? Onde estão os Estillac Leal, os Leitão de Carvalho, os Horta Barbosa, os Espírito Santo Cardoso, os Felicíssimo Cardoso, os Henrique Lott, os Emílio Médici, os Ernesto Geisel?
Teriam todos atuais comandantes sidos corrompidos pela ideologia neoliberal? Pelo pensamento dos capitais apátridas, inimigo do Estado Nacional, como se lê na notícia do Dinâmica Global e nos pronunciamentos de George Soros? Os atuais comandantes militares e todos que consideram mais importante pagar juros aos banqueiros do que salários aos trabalhadores deveriam pedir passagem para reserva e deixar que os novos e não corrompidos com benesses e ideologias exóticas assumissem a reconstrução da instituição que é símbolo da defesa da Pátria.
Na tragédia de 8 de janeiro, viram-se abestalhados enrolados na bandeira nacional. Que desrespeito ao símbolo da Pátria! Pareciam as baianas de escola de samba que não sabem distinguir um abará de uma pamonha.
Vê-se claramente que a par das medidas emergenciais de restauração da ordem e do direito, da lisura com a coisa pública, é indispensável dar início a amplo projeto educacional, que dê a todo cidadão, em todos os estamentos, estados, profissões e níveis educacionais, a compreensão de sua nacionalidade, do que significa ser nacional do país de maiores recursos naturais do planeta, de um povo miscigenado, acolhedor, pacífico, enganado por uma ideologia egoísta, discriminadora, belicosa, que só busca vantagens e concentração de bens e de rendas, sem o mínimo resíduo de humanidade.
A tarefa do governo não é acirrar luta fratricida, mas, ao contrário, instruir os enganados para que possam colaborar na tarefa de reconstrução do Estado Nacional Brasileiro, no amplo debate para a retomada do desenvolvimento nacional.
No entanto, os criminosos não podem ser anistiados e, muito menos, esquecidos. Quem são os criminosos? Aqueles que se aproveitaram da ausência do Estado nestes últimos seis anos para se locupletarem, acumulando bens e dinheiros ilicitamente, protegendo os empresários que lavavam dinheiro e fraudavam os tributos, que permitiam a alienação do patrimônio público a preços vis, desfalcando a Nação dos bens conquistados com o trabalho do povo, e com o desenvolvimento tecnológico que empresas e instituições de pesquisa e centros universitários obtiveram, como a Coordenação dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia COOPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URRJ), atual Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, o curso de Engenharia de Petróleo, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o curso de Engenharia de Minas e Energia, na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), entre tantos criados pelo Estado brasileiro.
Não se trata de revanchismo nem vingança, trata-se de restaurar o Estado e a dignidade do brasileiro.
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