Verdades 'incovenientes'
O ministro do STF Gilmar Mendes apontou sérios desvios de Moro na condução dos processos da Lava-Jato e disse que a corte não deve ter medo de julgar os atos do ex-juiz, pois não seria correto considerar a popularidade de Moro ao julgar sua suspeição e seus excessos e ilegalidades
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Para aqueles que acreditam que a democracia não é capaz de realizar mudanças necessárias e para os que simpatizam com rupturas institucionais a semana começa com algumas verdades inconvenientes vindos à tona, acompanhadas de arrependimentos ainda tímidos e constrangidos.
Vamos a elas, começando pelo STF (lembrando que a corte é fiadora do golpe).
O ministro do STF Gilmar Mendes apontou sérios desvios de Moro na condução dos processos da Lava-Jato e disse que a corte não deve ter medo de julgar os atos do ex-juiz, pois não seria correto considerar a popularidade de Moro ao julgar sua suspeição e seus excessos e ilegalidades. Afinal, disse o ministro: "Se um tribunal passar a considerar esse fator, ele que tem que fechar, porque ele perde o seu grau de legitimidade" e seguiu taxativo: "Vamos imaginar que essa gente estivesse no Executivo. O que eles fariam? Certamente fechariam o Congresso, fechariam o Supremo. Esse fenômeno de violação institucional não teria ocorrido de forma sistêmica não fosse o apoio da mídia. Portanto, são coautores dos malfeitos”.
E a imprensa?
O jornalista Elio Gaspari passou a usar a palavra "armação" para se referir ao grampo feito por Sergio Moro e sua equipe contra dois ex-presidentes e reconheceu que a queda de Dilma foi um “gol de mão” armado pela turma da Lava Jato.
Há ainda os arrependidos como o jornalista Fábio Pannunzio. Apoiador da Lava Jato e do golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff apresenta-se arrependido de suas posições e afirmou que o impeachment de 2016 foi uma ação deliberada contra a esquerda. “Foi um golpe clássico tocado pelo Temer com o assentimento e a participação declarada do Eduardo Cunha e de mais metade da elite brasileira e do mercado financeiro”.
Há também os temerosos com o porvir, como Eliane Cantanhêde. Ela alerta para risco de Bolsonaro montar estado policial para atacar concorrentes e adversários políticos, pois, segundo ela, "Mesmo antes de centralizar as escolhas do novo procurador-geral da República e o comando da PF, Receita e Coaf, o presidente Jair Bolsonaro já usou publicamente, e com seu próprio viés, informações conhecidas contra, por exemplo, Luciano Huck, João Dória, jornalistas. E se tiver acesso a dados de ministros de tribunais, deputados, senadores, governadores, funcionários, cidadãos e cidadãs?".
A afirmação de Elio Gaspari de que Dilma foi injustamente afastada se confirma quando vemos Janaina Paschoal confessar no seu twitter a farsa das "pedaladas fiscais" para o golpe contra Dilma. Isso mesmo, três anos depois do golpe de Estado, Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rouseff, confessou que o motivo das "pedaladas fiscais”, usadas pra derrubar a presidente, foi uma farsa. “Alguém acha que Dilma caiu por um problema contábil?” afirmou.
A “ficha está caindo”, mas falta muito para que uma frente democrática unida e única seja capaz de se comunicar de forma eficiente com a sociedade e trazer de volta à realidade os selenitas, como Reinaldo Azevedo adequadamente definiu os bolsominions.
Há verdades inconvenientes do nosso lado também existe, e precisa ser combatida. Trata-se de reconhecer que o hegemonismo infantil do PT, os projetos pessoais de alguns, o ressentimento exagerado dos demais partidos de esquerda e a dificuldade que se tem em conversar com os setores democratas de centro e de direita estão atrapalhando a construção da unidade e a compreensão de que #LulaLivre representa o acertamento institucional fundamental, sem o qual a barbárie seguirá vicejando.
Essas são as reflexões de hoje.
Pedro Benedito Maciel Neto, 55, advogado e sócio da MACIEL NETO ADVOCACIA, conselheiro eleito e Presidente do Conselho de Administração da SANASA S.A. – pedromaciel@macielneto.adv.br
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