Verdades inconvenientes
O governo de coalizão liderado por Lula e depois Dilma "perdeu a mão"? Perdeu-se? Tornou-se um partido igual ou pior, tudo em nome da governabilidade. Talvez... E a consequência foi depender, para a manutenção da tal governabilidade, dos setores não éticos do mercado e do Congresso
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Sim, vivemos as consequências de um Golpe de Estado (alguns dizem que neste momento vivemos o "golpe dentro do golpe").
Sim, os golpistas são ratazanas que merecem as punições que decorram da lei e que resultem do devido processo legal, observando-se o amplo direito de defesa.
Sim, os golpistas devem receber o desprezo do Tempo e da História, reduzidos ao que são: medíocres e constrangedoras notas de rodapé.
Mas há verdades inconvenientes que não podem ser esquecidas...
Não podemos esquecer que diversos companheiros foram incapazes em desconstruir feudos de malfeitos e outros estão, de alguma forma, envolvidos em casos de corrupção.
Não podemos ser hipócritas e minimizar os erros de quadros do nosso campo.
Os anos Lula hegemonizaram um processo novo na política brasileira, apresentou políticas sociais de reconhecido sucesso, investiu, multiplicou o PIB, gerou milhões de empregos, retirou milhões de brasileiros da miséria, fez o que se espera de um governo socialdemocrata inserido num mundo liberal, mas errou também.
E apesar de Dilma haver demitido Geddel da Caixa Econômica, Paulo Roberto Costa da Petrobras, negado apoio a Cunha, contrariado Aécio em Furnas, não ceder às pressões e não haver dado os 70% de aumento que o STF exigia, não ter aceitado aumentar as verbas de publicidade da Globo e não ter aceitado comprometer as contas públicas comprando apoio parlamentar para se manter no governo, faltou muito, afinal nada justifica um gerente da PETROBRÁS ter e manter milhões de dólares numa conta no Principado de Mônaco, assim como não se justifica um Diretor da mesma empresa manter "seus" milhões em conta da Suíça.
Penso que algumas pessoas comprometeram suas biografias e não souberam usar do poder concedido pelo povo como legitimo e necessário instrumento de mudança e tornaram-se desprezíveis representantes de interesses e vantagens corporativas; acredito que muitos perderam a conexão orgânica com os movimentos sociais legítimos e com os setores produtivos éticos.
Sim, devemos gritar #ForaTemer e #EleiçõesDiretas, mas há um punhado de corruptos e de ladrões do dinheiro público que traíram os sonhos de uma geração e envergonharam a nação, por isso devem responder por seus atos e pagar por suas escolhas.
Não há surpresa nas prisões dos arautos de Temer, essa corja do PMDB é conhecida e se desconfia dela faz décadas; não há surpresa na vocação golpista de setores PSDB e seus envelhecidos quadros, hoje tão distantes da socialdemocracia. A surpresa está na presença de nossos companheiros "jogando um jogo" para o qual não treinamos e que tanto criticamos.
Por que não se promoveu nenhuma reforma estrutural necessária?
Onde ficaram as reformas agrária, tributária e política? Imperdoável, afinal Lula chegou a ter mais de 80% de aprovação e folgada maioria no congresso nacional.
O governo de coalizão liderado por Lula e depois Dilma "perdeu a mão"? Perdeu-se? Tornou-se um partido igual ou pior, tudo em nome da governabilidade. Talvez... E a consequência foi depender, para a manutenção da tal governabilidade, dos setores não éticos do mercado e do Congresso.
Se tivesse promovido a reforma agrária, por exemplo, de modo a tornar o Brasil menos dependente da exportação de commodities e favorecido mais o mercado interno dependeria menos dos corruptores e dos corruptos.
Se tivesse ocorrido a reforma tributária recomendada por juristas, economistas desenvolvimentistas, priorizando a produção e não a especulação teria assegurado a governabilidade prioritariamente pelo apoio dos movimentos sociais e os setores produtivos éticos.
Assim teria sido possível - desde o primeiro dia - dissipar as estruturas de corrupção postas desde antes de sua chegada ao poder.
Reflexões sobre fatos, talvez verdades inconvenientes...
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