'Veja' arquiva folha corrida de Jovair
Famoso por suas ligações com notórios bandidos, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) foi poupado pela mídia golpista. A revista Veja, por exemplo, optou por "arquivar" velhas denúncias que publicou contra o agora impoluto e ético "relator do impeachment"

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Quem é o relator da comissão do impeachment, deputado goiano Jovair Arantes? Ele apresentou nesta tarde (6) seu parecer favorável ao golpe contra a presidenta eleita por 54 milhões de brasileiros e contra quem não pesa qualquer acusação de crime de responsabilidade.
O parlamentar é funcionário (ops, aliado) do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Atua nos bastidores do Conselho de Ética da Casa como um coronel do exército de Cunha, nas manobras para paralisar o processo contra o chefe. Assumiu a relatoria do impeachment apenas depois de garantir aos golpistas que condenaria Dilma e ter concordado em ter como seu principal assessor Renato Oliveira Ramos, nada menos que advogado de Cunha.
Jovair teve alguma projeção antes da relatoria como um dos mais destacados membros da “bancada da bola”. E que bola! Presidente do Conselho do Atlético Goianiense, é como um feroz beque de fazenda na defesa da CFB. Chegou perto ele chuta longe. Tem diligente no boicote a todas as iniciativas para investigação de uma das entidades mais desmoralizadas no Brasil e exterior. Claro, ele é amigo do peito de José Maria Marin, ex-presidente da CBF e atualmente preso nos Estados Unidos, e do presidente licenciado da CBF, Marco Polo del Nero, praticamente banido do mundo esportivo e investigado por corrupção nos EUA. Mas na Câmara ninguém investiga porque Jovair não deixa.
O relator do golpe tem dois pontos altos em sua biografia que merecem ser conhecidos:
1) Em 2011 foi acusado pelo Ministério Público Federal em Goiás numa ação por improbidade administrativa. Ele e o sócio (ops, amigo) dele, o ex-gerente do INSS em Goiás, José Aparecido da Silva, preso em 2010 após ação da Polícia Federal conhecida como “Operação Guia”. Interceptações telefônicas revelaram a participação ativa do deputado em esquema de trocas de favores envolvendo desde a indicação de cargos dentro do INSS à concessão de benefícios a seus cupinchas. Em 2014 o caso foi arquivado pelo Supremo. Ganha um doce quem adivinhar o nome do relator do caso. Ele mesmo, Gilmar Mendes.
2) Jovair é um aliado de valor de Cunha: teria cobrado R$ 4 milhões apenas para apoiar a recondução ao cargo do presidente da Agência Goiana de Meio Ambiente. Quem veiculou a denúncia? É até engraçado, mas foi a Veja! Isso mesmo, Veja desceu o cacete no deputado em 2012, quando considerava que isso prejudicava o governo do PT. Disse a revista na ocasião: “Num documento de 24 páginas assinado e entregue formalmente ao Ministério Público em dezembro passado, ele diz que, quando estava de saída da agência ambiental, ouviu uma proposta nada ortodoxa: Jovair, a quem caberia indicar o novo presidente do órgão, pediu 4 milhões de reais para apoiar sua recondução. ‘O deputado queria R$ 4 milhões para que o infraescrito fosse indicado para continuar na titularidade do órgão público’, escreveu”. R$ 4 milhões só pra apoiar a recondução do presidente de uma agência estadual ao cargo (segundo a Veja). Está tudo no link aqui, mas como Jovair agora é da famiglia dos Civita, não se sabe até quando estará no ar.
Jovair Arantes é mesmo um parlamentar de muito(s) valor(es).
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Conheça o deputado Jovair Arantes, relator do impeachment
Inaugurada na noite de 26 de outubro de 2014, após a reeleição em segundo turno da presidenta Dilma Rousseff, com mais de 51% dos votos válidos, os derrotados nas urnas, com destacada colaboração da grande mídia brasileira, de parte do judiciário e da elite conservadora, deram início a uma missão “vale-tudo para tirar Dilma do Governo”, com grandes prejuízos ao país e aos brasileiros, mas fundamental para retomar o poder. Para tanto, o plano deveria desqualificar a imagem do ex-presidente Lula, grande liderança do povo e possível candidato em 2018 e da presidenta Dilma Rousseff, com vistas ao impedimento do seu governo.
A primeira etapa da missão era tentar envolver pessoas próximas ao ex-presidente Lula e de Dilma nos esquemas corrupção desbaratada pela Polícia Federal, após prisão e delação de envolvidos em esquema de propina na maior empresa de petróleo do país, a Petrobras.
Apesar do processo de impeachment na Câmara não ter nenhuma relação com a Operação Lava Jato, digamos que a missão manipular parte da opinião pública foi concluído com sucesso.
Qual a sua história política?
Pois bem, Jovair de Oliveira Arantes, nasceu em 1951, em Buriti Alegre, cidade com pouco menos de 10 mil habitantes, interior de Goiás, 192 quilômetros da capital. Formou-se em odontologia, mas sua carreira política já dura 33 anos, quando se filiou ao PMDB em 1983 e foi eleito vereador da capital goiana. Em 1989, Jovair Arantes foi um dos fundadores do PSDB em Goiás. Em 1990 foi eleito deputado estadual, mas renunciou ao cargo para candidatar-se a deputado federal. Depois foi vice-prefeito de Goiânia, pelo PSDB, de 1993 a 1995. E foi candidato à Prefeitura de Goiânia em outras ocasiões. Em 1995 foi eleito deputado federal e está agora no sexto mandato consecutivo. Em 2003, o deputado desfiliou do PSDB para ser líder do PTB em Goiás.
Esquema no INSS
Interceptações telefônicas revelaram o envolvimento do deputado com o “amigo”, ex-gerente do INSS em Goiás, José Aparecido da Silva (preso em 2010 após ação da Polícia Federal conhecida como “Operação Guia”). Um detalhe: Em 2014 o caso foi arquivado pelo ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF).
Cachoeira
A "Operação Monte Carlo" ocorreu com a prisão de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e dezenas de policiais civis e militares, acusados de envolvimento na exploração ilegal de máquinas caça-níqueis em Goiás e na periferia de Brasília. Foram presos também dois delegados da Polícia Federal e o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. De acordo com a reportagem da Revista Época, a investigação da PF apresentou que Cachoeira mantinha forte influência na política goiana. As gravações telefônicas, captadas com ordem judicial, mostram que Cachoeira conversava com freqüência e intimidade com deputados federais, principalmente com Jovair Arantes e com o ex-senador goiano Demóstenes Torres (então, do DEM), que renunciou ao Senado Federal após o escândalo.
Jovair e mais três deputados apareceram nas gravações feitas pela Polícia Federal em conversas com Cachoeira. A conversa foi peça de análise de uma CPI criada na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) no mesmo ano, que investigava o envolvimento de parlamentares com Carlinhos Cachoeira. Entretanto, com maioria dos deputados da base aliada ao governo Marconi, a CPI, comandada pelo deputado Hélio de Sousa (DEM), encaminhou as investigações para possíveis contratos firmados entre agentes públicos e prefeitos do PT e PMDB, oposição ao governo estadual, de Marconi Perillo do PSDB. Sem mais propósito, a CPI terminou em dezembro de 2012, após oito meses de investigação, sem propor o indiciamento de nenhum dos investigados pela comissão parlamentar.
Satisfeito, o deputado Jovair Arantes disse naquele momento considerar “natural” um parlamentar atender aos pedidos de Cachoeira em órgãos públicos ou no Congresso.
Atuação na Câmara
Defensor dos cartolas e da CBF, o deputado foi alvo de várias críticas pela atuação em de 2014 quando apresentou uma emenda que favorecia aos clubes de futebol que possuem dívidas milionárias com o governo federal.
Em uma manobra apelidada de “Jaboti”, o deputado, com seus aliados, embutiu uma proposta na Medida Provisória 656 que tratava da isenção de impostos na importação de equipamentos utilizados para geração de energia eólica, o texto sugerido pelo deputado alongava as dívidas com o governo federal por mais 20 anos, com juros reduzidos, próximos à Taxa de Juros de Longo Prazo (5% ao ano), redução nas multas e nenhuma regra de responsabilidade. Sensata, e com um engajamento forte do Bom Senso FC, a presidenta Dilma Rousseff vetou a proposta de lei do deputado Jovair Arantes em 7 de outubro de 2014.
CPI do Futebol
O deputado foi ainda árduo defensor de que não houvesse a abertura da CPI do Futebol na Câmara, em julho do ano passado, que investiga supostas irregularidades cometidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em contratos comerciais. E justificou à época o motivo: "Eu, particularmente, não gosto de CPI. Porque sempre é complicado para você ver as coisas que são ditas ali se realizando efetivamente. Por isso que eu acho que não deveria haver”.
R$ 4 milhões para apoiar nome
A denúncia foi publicada na revista Veja: “Num documento de 24 páginas assinado e entregue formalmente ao Ministério Público em dezembro passado [2011], ele [Osmar Pires] diz que, quando estava de saída da agência ambiental, ouviu uma proposta nada ortodoxa: Jovair, a quem caberia indicar o novo presidente do órgão, pediu 4 milhões de reais para apoiar sua recondução. ‘O deputado queria R$ 4 milhões para que o infra escrito fosse indicado para continuar na titularidade do órgão público’, escreveu.”
Milhões
Segundo o atlas político, o deputado Jovair Arantes tem um patrimônio declarado de dois milhões e setecentos e cinquenta mil reais, pouco menos do que foi gasto na sua campanha à reeleição em 2014 (dois milhões e trezentos mil reais). A maior doação que o deputado recebeu foi de meio milhão de reais (R$ 500.000.000,00) de uma das maiores indústrias de alimentos do mundo, a JBS S/A, isso mesmo, a Friboi, que não é de propriedade do filho de Lula como já foi inúmeras vezes declarado, mas da família Batista (José Batista Sobrinho – JBS), com sede em Goiás.
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