Vândalos!

A esperança é pouca, porém sobrevive. Nas catacumbas, fala-se no retorno do voto popular para se livrar da quadrilha de vândalos e restaurar os direitos perdidos. Chamam isso de “democracia” e a quadrilha e seus comparsas morrem de medo dela. E os vândalos, agora atemorizados, tremem de pavor ao ouvir o nome do salvador que viria das catacumbas. Um tal de Lula

Sumaré- SP- Brasil- 18/11/2016- Ex-presidente Lula durante visita à Vila Soma. Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Sumaré- SP- Brasil- 18/11/2016- Ex-presidente Lula durante visita à Vila Soma. Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula (Foto: Marcelo Zero)


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Eu estava lá e vi tudo. Foi terrível, assustador. Jamais pensei um dia viver tal pesadelo. Tal violência.

Sabia que eles eram “barra pesada”, mas não imaginava que chegariam a esse grau de desfaçatez. 

Há cerca de seis meses, eles, a “Quadrilha da Sangria”, lincharam em público uma cidadã honesta, correta, só porque ela não concordou com seus planos criminosos e se recusou a proteger o líder do bando. Por vingança, deram nela sem dó até conseguirem tirar a pobre coitada de circulação.

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Não satisfeitos, tomaram de assalto a casa em que ela morava, com a desculpa de que era administrada com “irresponsabilidade fiscal”, e iniciaram a bandalheira responsável. Demitiram empregados, derrubaram paredes, quebraram a cristaleira e passaram vender, no mercado negro, os bens mais valiosos da residência.

Articulados com comparsas americanos, venderam as obras de arte, os móveis de época e as joias da família. Sublocaram dependências e venderam (em seu jargão criminal, eles chama de privatizar) outras. Assaltaram o cofre para pagar os comparsas, mas cortaram a comida dos empregados que sobraram. Num cúmulo de cinismo, ofereceram banquetes nababescos para os amigos. Defecaram no tapete persa da sala. Dizem até que lotearam o quintal, pois lá há petróleo. Estudam vender até a água da caixa d´água.

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Com o dinheiro arrecadado, pretendem pagar as enormes dívidas de jogo que têm com aliados mafiosos, seus padrinhos e maiores incentivadores. Pagar os juros dessas dívidas é tudo o que importa para eles. Afinal, eles respeitam os contratos.

Só não respeitam a população. A vizinhança, coitada, anda agora assustada. Os poucos que se atrevem a protestar são tratados a golpes de cassetete, spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Estuda-se a volta do tradicional pau-de-arara e a introdução do moderno waterboarding. A quadrilha colocou no bolso uns policiais e corre à boca pequena que até juízes aderiram ao esquema. Chamam isso de “Estado de Exceção” e dizem que é muito melhor que o “Estado Democrático de Direito”.

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A quadrilha contratou também os jornais da região para pintar um quadro de tranquilidade e normalidade. Até uma grande TV eles têm. Esses jornais vivem repetindo que está tudo bem e que, agora, o bairro está “no rumo certo”. Chamam isso de “liberdade de imprensa”.

A quadrilha diz que têm um plano infalível, uma tal de “ponte para futuro”, elaborada com ideias do século passado, que vai resolver tudo e fazer a economia crescer de novo. Chamam isso de “neoliberalismo” e dizem que é algo mágico, uma “mão invisível” que acerta sempre. O problema é que o dinheiro está minguando e quase tudo vai para pagar as dívidas. A “mão invisível” está batendo a carteira do povo.

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Mas ontem, dia 13 de dezembro, eles ultrapassaram as piores expectativas. Talvez estimulados pelas comemorações do “Massacre do AI-5”, evento no qual seus antepassados esmagaram direitos políticos e civis com tanques e baionetas, eles resolveram trucidar os direitos sociais da população mais pobre.

Num átimo, colocaram fogo na Constituição do bairro, que assegurava educação, saúde e aposentadorias para os moradores e passaram a depredar todas as escolas, creches e hospitais da região. Quebraram vidros, picharam paredes, arrombaram portas e bateram em professores, estudantes, médicos e pacientes. Chamam isso de “PEC da Morte” e dizem que será muito bom para a vida do povo.

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Prometem que esse assalto à saúde, à educação e aos direitos sociais vai continuar por 20 anos, até que não sobre nada ou muito pouco. Mas dizem que isso é muito bom, que a “população será beneficiada”. Alegam que esses direitos estavam saindo muito caro, que a economia não suportava mais essa “gastança” com escolas e hospitais. Com o assalto à saúde e à educação, argumentam eles, vai se fazer muita economia e sobrará dinheiro para pagar os juros e as dívidas de jogo. Desse modo, os aliados mafiosos vão voltar a investir e a emprestar dinheiro. Afirmam, após passar hectolitros de óleo de peroba na cara, que todo o mundo será beneficiado, mesmo aqueles que vão ficar sem saúde, educação e outros serviços públicos. Para compensar, vão construir hospitais e estabelecimentos de ensino privados para os poucos que conseguirem pagar. A máfia da dívida e seus comparsas internacionais adoraram a ideia.

Dizem que o próximo passo da quadrilha é o assalto aos velhinhos. A ideia, genial em sua perversidade, é obrigá-los trabalhar meio século para poderem se aposentar. Aos poucos que sobreviverem, lhes será exigida, como condição sine qua non para a obtenção do tão sonhado benefício, a apresentação da certidão de óbito. Chamam isso de “PEC Post-Mortem” ou ainda de “aposentadoria espiritual”.

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Outra ideia genialmente perversa é substituir o emprego com carteira (muito caro) pelo trabalho informal e semiescravo (baratinho). Chamam isso de “flexibilização dos direitos trabalhistas” ou de “Revisão da CLT”. Dizem que é algo muito “moderno”, mas não sei se a Princesa Isabel concordaria.

Apesar de todas essas reformas tão bem-intencionadas, a população está cada vez mais desconfiada da quadrilha e dos seus esquemas. Circulam rumores e “vazamentos” insistentes dos seus crimes. Há também inquietantes brigas internas. Seus aliados da máfia da dívida já desconfiam da capacidade da quadrilha em operar os esquemas necessários para pagar os juros devidos. Chamam isso de “golpe dentro do golpe”. Mesmo aqueles que aplaudiram e incentivaram o linchamento da cidadã honesta se perguntam agora se fizeram a coisa certa.

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A esperança é pouca, porém sobrevive. Nas catacumbas, fala-se no retorno do voto popular para se livrar da quadrilha de vândalos e restaurar os direitos perdidos. Chamam isso de “democracia” e a quadrilha e seus comparsas morrem de medo dela.

E os vândalos, agora atemorizados, tremem de pavor ao ouvir o nome do salvador que viria das catacumbas. Um tal de Lula. 

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