'Vamos celebrar a estupidez humana?'
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Enquanto o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, reconheceu publicamente que errou ao ter divulgado o vídeo de uma campanha que dizia que a cidade "não para", no fim de fevereiro. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro segue apoiando uma campanha brasileira apelidada de "O Brasil não pode parar".
Sob o argumento de que busca preservar a economia do país o presidente do país expõe, sem constrangimento, toda sua estupidez, enquanto a sua horda fanática aplaude e busca “lacrar” nas redes sociais.
Sejamos cordatos, não há contradição entre proteção da economia e proteção da saúde pública.
O Brasil já vivia em recessão, a economia não cresce, empregos já não eram gerados e o investimento não passou de promessas, portanto, a recessão econômica decorrente da pandemia será global – que é inevitável - é um elemento adicional grave ao fracasso de um governo esquizofrênico.
Medidas de proteção social, especialmente o provimento de renda mínima para trabalhadores informais e complemento de renda para populações vulneráveis, a exemplo do que outros países estão fazendo, devem ser adotadas imediatamente, nisso está atrasado o governo brasileiro.
Tal proteção econômica é um dever do Estado que garantirá tanto a subsistência dos beneficiários como a preservação de um nível básico de consumo, protegendo a vida e a economia, inclusive os pequenos comércios, como já escrevemos1.
Segundo a Organização Mundial da Saúde e a Congregação da Faculdade de Saúde Pública da USP o isolamento exclusivo de pessoas em maior risco não é uma medida viável, especialmente em um país com as características do Brasil, com elevados índices de doenças crônicas não transmissíveis que constituem comorbidades relevantes diante da incidência do novo coronavírus.
Essas entidades ressaltam que a Covid-19 pode ser assintomática, tem largo potencial de propagação e, como bem revelam os dados de outros países, pode acometer igualmente jovens saudáveis que, com a sobrecarga dos serviços de saúde públicos e privados, podem vir a engrossar as estatísticas de óbitos evitáveis. Ademais, a experiência de outros países demonstra que, na falta de isolamento, parte significativa dos profissionais de saúde está sendo infectada por transmissão comunitária, ou seja, em seu convívio social, reduzindo o contingente de trabalhadores disponíveis, em prejuízo da saúde desses profissionais e de toda a sociedade.
O que se espera de um governo é o urgente e essencial apoio às capacidades do Sistema Único de Saúde no Brasil, ampliando o seu financiamento, articulando de forma eficaz e cooperativa as ações e serviços públicos de saúde prestados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, ampliando as ações de vigilância em saúde e consolidando protocolos e diretrizes terapêuticos nacionais que orientem a sociedade brasileira de forma segura e cientificamente eficaz. Deve haver imediata regulação da distribuição dos leitos de UTI, articulando os setores público e privado, a fim de garantir o acesso equitativo ao tratamento intensivo para o conjunto da população2.
É fundamental que se proteja os profissionais de saúde para o pleno desenvolvimento de suas atividades, garantindo o fornecimento dos equipamentos de proteção individual essenciais no manejo clínico da doença, assim como organizar rotinas e jornadas que evitem a sobrecarga de trabalho e ofereçam a esses profissionais ambientes de trabalho adequados e seguros.
A situação dos idosos evidentemente merece particular atenção, mas discurso de Bolsonaro passa a ideia da prescindibilidade de suas vidas, o que é afronta inadmissível à dignidade humana. A subsistência dos idosos deve merecer políticas específicas, pautadas por preceitos éticos.
Até mesmo o economista liberal, e ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga afirmou que a alegação de que o fim da quarentena - imposta pelo combate ao avanço da covid-19 no Brasil - estimularia a economia, é falsa. Essa ideia, segundo ele, dá a impressão que há uma alternativa ao enorme custo econômico, não há, temos que passar por isso e para passar por isso a nação precisa de um governo, o que até o momento inexiste.
O presidente deveria ouvir os médicos, a OMS e gente séria, não seu gabinete do ódio. Bolsonaro precisa para de celebrar e estupidez como algo mágico e transformador, pois não é. É apenas mais estupidez.
1 https://www.brasil247.com/blog/bolsonaro-nao-pode-ignorar-os-pequenos-negocios-para-garantir-empregos
2 https://www.fsp.usp.br/site/noticias/mostra/19357
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