Vamos aguardar a delação de Weintraub

"Já tivemos muitas delações de ex-bolsonaristas, mas nenhuma será como a que pode estar vindo aí", prevê o jornalista Moisés Mendes, sobre o depoimento do ministro da Educação. "O bolsonarismo será dividido entre o antes e o depois da delação de Weintraub"

Abraham Weintraub
Abraham Weintraub (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia - Já tivemos muitas delações de ex-bolsonaristas, mas nenhuma será como a que pode estar vindo aí. Já desfrutamos das informações de delatores do porte de Alexandre Frota, Joice Hasselmann, Gustavo Bebianno, Sergio Moro e Paulo Marinho.

Mas a delação mais emocionante, porque que terá carga dramática, será a de Abraham Weintraub. O bolsonarismo será dividido entre o antes e o depois da delação de Weintraub.

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Ninguém foi mais fiel ao espírito do bolsonarismo do que Abraham Weintraub, que se prepara para deixar o governo por ter exagerado na missão de ser um bolsonarista exemplar.

Weintraub incorporou a alma do bolsonarismo, em palavras, gestos e atos. Por isso, não há como ser mandado embora sem custos, como mandaram Mandetta.

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Sua grande performance foi o discurso de bajulação da ala militar, na famosa reunião ministerial de 22 de abril, quando chamou os ministros do Supremo de vagabundos.

Weintraub foi quem levou adiante o projeto de destruição da universidade pública, da pesquisa, do Enem, do ProUni, de toda a estrutura da educação pública.

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Ameaçou professores e estudantes e cometeu todos os desatinos do pau-mandado em nome do extremismo bolsonarista. E agora será largado na sarjeta,
porque nem os militares suportam os exageros da sua bajulação.

Ao depor na Polícia Federal no inquérito sobre as declarações racistas contra os chineses (que não darão em nada), ficou mudo e preferiu escrever suas respostas.

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Um sujeito falante, que sempre usou a oralidade para manter a claque acordada, que gosta de verbos e adjetivos fortes, que chama ministros do STF de vagabundos, decidiu que iria escrever suas desculpas.

Escrever significa poder pensar, refletir e ser sensato, para não cometer o erro de agir por impulso. E tudo que Weintraub não sabe é escrever.

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Todos os seus escritos, geralmente com poucas linhas, são obras de um analfabeto incapaz de formular uma ideia banal sem erros de português.

Pois o Weintraub que agora prefere escrever a falar será largado ao relento, como aconteceu com todos os que passaram dos limites na paixão por Bolsonaro.

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Saiu do depoimento na PF e foi carregado nos ombros. Mas será abandonado pelo bolsonarismo, como fizeram com Adriano da Nóbrega, o miliciano depois executado (por quem?) na Bahia.

Bolsonaro se livra de incômodos com facilidade e os afasta para longe do governo. Mesmo que sejam seis generais do Exército, como os demitidos por interferência dos filhos do sujeito.

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Só há um ex-bolsonarista com proteção garantida. Fabrício Queiroz, o operador de Flavio Bolsonaro, goza de privilégios por suas ligações com toda a família, e não com o governo.

Mas Weintraub não é um Queiroz. Quando for mandado embora, talvez se dê conta de que tentou ser um dos agregados da família Bolsonaro. Mas passou dos limites e vai para o sacrifício.

Será desprezado, abandonado e esquecido. Não tem mandatos, como Frota, Joice e Kataguiri, nem a proteção das corporações lavajatistas, como Moro, nem o dinheiro de Paulo Marinho, nem os empregos à espera de Luiz Henrique Mandetta.

Weintraub tem a obrigação de ser não só mais um ressentido, mas o mais intenso e furioso de todos, o consolado às vésperas da demissão com uma medalha do Mérito Naval, que ele exibiu ao sair da PF.

Bolsonaro tentou acalmar Weintraub com uma comenda, num gesto ofensivo a toda a Marinha. Se for mandado embora como um serviçal imprestável, não pode ficar quieto. Aguardemos a delação.

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