“Vaca fardada” confirma golpe no dia da mentira

Em “Memórias de um revolucionário” o general Olympio Mourão Filho dá uma ideia de como o Brasil é avacalhado, mesmo nas horas mais graves da nação; a avacalhação começa por ele que se auto intitulava “vaca fardada” e em 1937, quando estava nas fileiras integralistas de Plinio Salgado, redigiu de próprio punho o falso Plano Cohen, um documento mequetrefe atribuído ao Komintern, que deu pretexto ao golpe do Estado Novo, um dos períodos mais sanguinários da história do Brasil

Em “Memórias de um revolucionário” o general Olympio Mourão Filho dá uma ideia de como o Brasil é avacalhado, mesmo nas horas mais graves da nação; a avacalhação começa por ele que se auto intitulava “vaca fardada” e em 1937, quando estava nas fileiras integralistas de Plinio Salgado, redigiu de próprio punho o falso Plano Cohen, um documento mequetrefe atribuído ao Komintern, que deu pretexto ao golpe do Estado Novo, um dos períodos mais sanguinários da história do Brasil
Em “Memórias de um revolucionário” o general Olympio Mourão Filho dá uma ideia de como o Brasil é avacalhado, mesmo nas horas mais graves da nação; a avacalhação começa por ele que se auto intitulava “vaca fardada” e em 1937, quando estava nas fileiras integralistas de Plinio Salgado, redigiu de próprio punho o falso Plano Cohen, um documento mequetrefe atribuído ao Komintern, que deu pretexto ao golpe do Estado Novo, um dos períodos mais sanguinários da história do Brasil (Foto: Alex Solnik)


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Em “Memórias de um revolucionário” o general Olympio Mourão Filho dá uma ideia de como o Brasil é avacalhado, mesmo nas horas mais graves da nação.

   A avacalhação começa por ele que se auto intitulava “vaca fardada” e em 1937, quando estava nas fileiras integralistas de Plinio Salgado, redigiu de próprio punho o falso Plano Cohen, um documento mequetrefe atribuído ao Komintern, que deu pretexto ao golpe do Estado Novo, um dos períodos mais sanguinários da história do Brasil.

   Em vez de ser preso por esse crime de lesa-pátria ele foi promovido de capitão a general do exército brasileiro e em 1964 desencadeou a partir de Minas o golpe militar que duraria 21 anos.

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   Conhecido na caserna como “Popeye” apelidou o golpe de “Operação Popeye”, o que para muitos foi um lance de gênio e, para outros, de idiota.

   De tão avacalhado, o golpe, conta ele, foi desfechado por dois batalhões apenas que “atacaram” o Rio de Janeiro e não a capital do país, Brasília; as tropas do governo se renderam sem disparar um só tiro e a data, que os militares sempre fizeram questão de comemorar a 31 de março foi, na verdade, 1º. de abril, o dia da mentira.

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   Trechos do livro que se encontra esgotado revelam bastidores do golpe militar, inclusive o episódio em que houve ameaça de racha entre os “revolucionários” e o governador mineiro, Magalhães Pinto, por pouco não foi preso:

   “E então governador, ainda há motivos para adiar o inevitável? General Guedes, o governo já pôs a cabeça de fora. Vamos partir imediatamente”?

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   Concordaram comigo. Não havia mesmo nenhuma razão para procrastinar. Se tentassem fazê-lo, eu desencadearia a revolução sozinho. Havia chegado minha vez, depois de mais de dois anos de trabalhos e sofrimentos. Felizmente, Guedes e Magalhães Pinto estavam plenamente convencidos de que a hora havia chegado. Assim, foi combinado o seguinte: Primeiro: Magalhães, como Chefe Civil da Revolução fixaria o dia do início, deixando a meu critério a hora do desencadeamento. Segundo: Magalhães faria o Manifesto sozinho, visto não haver mais tempo para obter as assinaturas de Adhemar, Ney Braga, Meneghetti e Carlos Lacerda. Terceiro: que do manifesto constasse uma frase decisiva de que Minas exigia o afastamento do sr. João Goulart.

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   Na discussão a respeito da data de mobilização sugeri que fosse enviado o manifesto no dia 28/3 o mais tardar e a partida geral realizada no mesmo dia. Minha intenção oculta, pois que eu já não revelava meu pensamento nem ao Magalhães nem ao Guedes era partir na noite de 28, sábado, entre 8 e 9 horas, a fim de executar a “Operação Popeye”, prevista por mim e já agora inteiramente secreta.

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   Anoiteceu e o Manifesto do Governador não chegou no dia 28, sábado. Começando a errar, pensei comigo que Magalhães mandaria o documento no domingo, 29. E este gravíssimo erro prolongou-se por todo o domingo e parte de segunda-feira. Depois de tudo o que sucedeu, tornou-se claro que eu deveria ter dado início à movimentação da Vanguarda. Teria sido a vitória rápida e total, sem possibilidade de interferência do Costa e Silva, Castello Branco ou outro general qualquer. O Destacamento atingiria a Guanabara entre 4 e 5 horas do dia 29. Teríamos realizado o mais brilhante e audacioso golpe de mão de um comando de dois batalhões.

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   Fiquei siderado de fúria e agarrado à esperança de receber o manifesto até às 18 horas de domingo e depois da segunda, teimando idiotamente em manter-me fiel a um Chefe que, afinal, traiu-me, foi desleal e grosseiro comigo.

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   Às 15 horas da segunda-feira, 30 de março, recebi no meu gabinete telefonema do Guedes. “O Magalhães já entregou o manifesto”! “Como? Ainda não recebi a cópia. Para quem entregou”? “Para a imprensa”! “Guedes, esse governador ou está louco ou nos traindo. Ele não me mandou a data nem a cópia do manifesto. Prende-o e nomeia um dos Lima como interventor”.

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   À 1h30 min do dia 31, acendi meu cachimbo e pensei comigo mesmo que dentro de 3 horas eu iria revoltar a 4a. RM e a 4a. DI contra João Goulart. Se eu tivesse iniciado o deslocamento para o Rio às 20h30 min estaria a três horas da Guanabara e Goulart, sua gente e os Generais todos iriam levar o maior susto de suas vidas.

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   No dia 31 de março fiz desencadear a movimento geral entre 4 e 5 horas. Às 11 horas, o chefe do EM do I Exército, General Milton, telefonou-me para dizer que na Guanabara corriam boatos de que eu estava movimentando tropas. Não tive outro remédio senão desmentir. Cerca de 1 hora da manhã de 1o. de abril, encontrei todo o pessoal do QG bastante preocupado. Até aquela hora estávamos flutuando sem apoio algum e na expectativa de um ataque das tropas que subiam a serra. Como me dispus a fazer uma verdadeira operação suicida, qualquer evolução nos acontecimentos parecia-me aceitável.

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Cerca de 15 horas do dia 1o. de abril o general Milton, chefe do EM do I Exército telefonou-me e em nome do seu comandante, General Âncora, apresentou o pedido de rendição.

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