Unir forças. Que forças?

"A união de todas as forças nesta hora significa que a luta há de ser unitária. Fracionar ou isolar as questões enfraquece a luta. A luta é comum a todos os democratas de verdade", escreve o colunista Vivaldo Barbosa, sobre uma aliança contra Bolsonaro

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/Facebook)


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Sempre que se depara com um desafio de organizar uma luta nacional de resistência ou para se buscar novos rumos, o impulso natural é procurar reunir o maior número de forças possíveis para se dar o enfrentamento. 

No momento atual em que se procura reunir forças para resistir às investidas autoritárias de Bolsonaro e toda sua turma e nos prepararmos para a conquista do poder nas próximas eleições é sempre indicado que todos os que se opõem ao atual governo devem se unir.

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Não podemos perder de vistas a natureza da luta política atual. É de resistência às investidas autoritárias de Bolsonaro, ao desmonte do Estado que seu governo realiza, desfazendo patrimônios valiosíssimos e estratégicos, e corte nos direitos do povo brasileiro. 

A resistência às investidas autoritárias de Bolsonaro até que tem sido vitoriosa. Os estragos que tem feito nesta área não têm sido tão grandes, exceto uma ou outra medida aqui e acolá. As liberdades fundamentais têm sido praticadas e o processo democrático tem seguido seu curso. É evidente que ameaças persistem no horizonte, toda vigilância é necessária.

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Na área dos direitos, nosso povo tem sido golpeado duramente. As reformas trabalhistas e a previdenciária têm procurado destruir o sistema de proteção social da legislação trabalhista e da Previdência Social implantadas pelo trabalhismo, que mal ou bem vêm garantindo um mínimo de benefícios. A inação e até ações de irresponsabilidade do governo no combate à pandemia do coronavirus violam direitos fundamentais do povo brasileiro em ter atendimento à saúde, como garantido pela Constituição. Os atrasos na educação comprometem o avanço do saber e da ciência.

O desmonte do Estado visa a enfraquecer a República como instrumento de enfrentamento dos grupos econômicos, especialmente do exterior. O voto, as eleições passam a ter significado menor, pois instrumentos de realização da vontade popular ficam enfraquecidos. Serviços públicos são passados para as mãos de grupos econômicos. Fatias imensas do patrimônio nacional são entregues aos grupos econômicos. O dilaceramento do Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES causam sérios danos à nossa economia e às possibilidades de nosso desenvolvimento. A mutilação da Petrobras deixa em mãos das petroleiras nossas reservas imensas no Pré-Sal e se perde instrumento de avanço na indústria nacional. A tolerância e até estímulo para a devastação na Amazônia viola todo interesse de ocupação estratégica da Amazônia pelo Brasil e causam estragos à nossa imagem e a nossos interesses internacionais.

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Aliado a isso, uma política externa de submissão e alienação de nossa soberania, fazendo o Brasil perder sua posição no mundo de maneira subalterna aos Estados Unidos, que até zombam e tripudiam da pequenez do atual governo brasileiro.

A união de todas as forças nesta hora significa que a luta há de ser unitária. Fracionar ou isolar as questões enfraquece a luta.

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A luta é comum a todos os democratas de verdade. Deve reunir o trabalhismo, que propiciou o que há de melhor no Brasil, a legislação trabalhista e a Previdência Social, as estatais estratégicas, organizou o Estado Nacional, forjou o desenvolvimentismo para superação do atraso, o projeto educacional de Brizola; o lulismo, com as políticas de superação da miséria e da pobreza; os socialistas em geral; os social democratas de verdade, não os que carregam o nome fantasia, mas são neoliberais na essência.

Pouco adianta procurar unir personalidades, siglas partidárias, movimentos políticos por cima. O fundamental é incorporar o povo brasileiro na luta, recuperar os que foram vilmente enganados e se passaram para o outro lado. Para isto, é preciso tocar nas questões da vida do nosso povo. Senão, ficaremos como na campanha das diretas e vem alguém com apoio da mídia e novamente engana nossa gente, como Collor, no golpe do caçador de marajás, ou Fernando Henrique Cardoso, no golpe do Plano Real, ou Bolsonaro, no golpe da corrupção, violência e família.

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A união é do povo brasileiro na sua marcha histórica contra o colonialismo e a escravidão, que ainda nos martirizam, como já o fez para eleger Getúlio, Juscelino, Jango, duas vezes Lula, duas vezes Dilma.

A resistência atual é a preparação para a luta eleitoral, a única em que nosso povo é o ator principal e pode tudo recuperar e mudar os rumos, pois a luta é pela democracia, pelos direito, pela soberania.

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