Uma tarefa de todos

Datafolha mostra que pensamento de esquerda perdeu terreno para teses conservadoras entre os brasileiros. Trabalho dos que querem mudar, de fato, o país é grande



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Pesquisa do Datafolha, publicada pela "Folha de S. Paulo" domingo, dia 7 de setembro, traz um retrato do que pensam os eleitores. Vamos aproveitá-la para, neste artigo, refletir sobre o que passa pela cabeça dos brasileiros.

Uma primeira conclusão – aliás, apresentada pela própria pesquisa - é que, de um ano para cá, perdeu terreno o que poderia ser considerado um pensamento de esquerda, tendo crescido a força das teses conservadoras. Essa constatação é feita a partir da comparação dos resultados de agora com os de pesquisa semelhante realizada em 2013.

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Outra constatação é que posições identificadas com a esquerda são mais defendidas por eleitores de Dilma Roussef do que pelos que pensam em votar em Marina Silva ou em Aécio Neves. Embora praticamente empatadas nas declarações de intenção de voto do conjunto de eleitores – Dilma tem 35% e Marina, 34% -- se computadas apenas as preferências daqueles cujas respostas os deixam no bloco de esquerda, a petista vence com folga sua oponente: 50% a 43%. Por outro lado, se fossem levados em conta apenas os eleitores identificados com as teses da direita, Marina venceria Dilma por 14 pontos: 49% a 35%.

Mas a pesquisa nos dá outras pistas sobre o que pensa o eleitorado.

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Uma primeira, que salta aos olhos, é a descrença no Estado. Apenas 46% dos entrevistados concordam com a frase: "Quanto mais benefícios do governo eu tiver, melhor estará a minha vida". Já 49% acham que: "Quanto menos eu depender do governo, melhor estará minha vida". Ou seja, é melhor não contar muito com o governo...

Outro quesito reforça a percepção de que a confiança no Estado é pequena: só 40% dizem que "é preferível pagar mais impostos e receber serviços de educação e saúde"; já 49% afirmam que preferem "pagar menos e contratar educação e saúde particulares". Outra demonstração de desconfiança no Estado.

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O conservadorismo da maioria fica patente na maioria das respostas sobre os demais temas.

No tocante à religião, 86% pensam que "acreditar em Deus torna as pessoas melhores", enquanto apenas 13% consideram que isso não torna alguém melhor ou pior.

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Um total de 76% afirma que adolescentes "que cometem crimes devem ser punidos como adultos", contra apenas 22% que dizem que os adolescentes infratores "devem ser reeducados". Como se vê, a tese de diminuição da maioridade penal, defendida por candidatos de direita, tem apelo popular.

Em relação à criminalidade, 60% consideram que sua maior causa é a "maldade das pessoas", enquanto 36% veem como sua maior causa "a falta de oportunidade para todos".

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Metade (50%) dos entrevistados acha que os sindicatos servem mais para fazer política do que para defender os trabalhadores. Só 42% concordam com a afirmação de que eles são importantes para defender os interesses dos trabalhadores.

Como consolo, respostas em relação à aceitação da homossexualidade (64% aceitam, contra 27%), à posse de armas (62%, contra 35%, preferem restringi-la), às causas da pobreza (58% a relacionam com a falta de oportunidades; 37% à preguiça dos pobres) e à pena de morte (43% a favor e 52% contrários) são mais progressistas.

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De qualquer forma, o conjunto da pesquisa mostra que a sociedade ainda é muito conservadora.

Tratar de modificar essa situação, em períodos de eleição ou fora deles, é tarefa do todos os que querem mudar, de fato, o país - partidos, candidatos ou simples cidadãos preocupados com a construção de um futuro melhor.

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Até porque uma coisa está vinculada à outra.

Numa democracia, um país não avança em terreno sólido, se a cabeça das pessoas também não avançar.

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