Uma imprensa aos bordos

Está difícil para a imprensa e articulistas que direta ou indiretamente apoiaram a ascensão do governo que aí está. Utilizam-se agora de subterfúgios, notas de repúdio, contemporizações e outros elementos retóricos para não admitir explicitamente que erraram



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Está difícil para a imprensa e articulistas que direta ou indiretamente apoiaram a ascensão do governo que aí está. Utilizam-se agora de subterfúgios, notas de repúdio, contemporizações e outros elementos retóricos para não admitir explicitamente que erraram. A crise econômica brasileira já se mostrava no final no ano passado, antes da pandemia; a inépcia do néscio no Palácio do Planalto já era prevista desde quando foi cogitado como candidato anti-PT e não pró-Brasil; e a verdadeira tragédia é o desmonte do Estado Social, muito bem articulada com empresários, movimentos anti-conhecimento e bancadas da bala e da bíblia. Luvas de pelica não combatem nem o coronavírus.

Assim, não surpreende que o jornalismo brasileiro continue caindo em sua liberdade de ação, conforme o ranking elaborado pelos Repórteres Sem Fronteiras. A correlação é direta com os governos que se instalaram nesses dois últimos anos, com candidatura e plano de governo inflados por essa mesma impressa que sempre fez vista grossa às ameaças antidemocráticas. Pelos editorias dos jornalões tem-se um termômetro da situação, pois ainda clama-se pelo respeito às instituições quando o néscio do Palácio do Planalto articula seu auto-golpe de Estado.

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Como trágico exemplo, em dia emblemático para a História do Brasil, a Folha de S. Paulo faz um papel menor ao esbofetear com novas luvas de pelica o criminoso ocupante do Palácio do Planalto por meio do editorial “Golpista que mia”(21/4). Deveria ser um ‘Fora Bolsonaro’ com letras garrafais na capa e não apenas clamar que essas “instituições” sejam capazes de frear o fascista. Devia-se ler o que o próprio jornal escreveu ao longo do tempo sobre os períodos ditatoriais no país para avaliar a seriedade da crise política atual. Agora, após mais patacoadas federais, o jornal eleva um pouco o tom.

De qualquer forma, tudo desMOROna no governo, que nunca teve bases sólidas de existência. A saída do ministro da Justiça é, infelizmente, apenas mais um capítulo dessa pandemia dupla de vírus e verme que vivemos. O próximo a sair, Paulo Guedes, já foi substituído por militares anunciando supostos planos de recuperação econômica. Veremos como a imprensa defensora do neoliberalismo tratará a questão

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