Uma conversa com Louis Althusser

Camarada Althusser, cada vez mais é perceptível seus avisos. Você dizia que o Estado é repressivo, porque, para o seu funcionamento, se faz necessária a violência física ou administrativa, isso, em situações limites. No bom português para enfiar goela abaixo os interesses dos poderosos



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Caro Louis Althusser,

Depois de sua partida em 22 de outubro de 1990, muita coisa mudou no mundo. Algumas sim, outras não. Tão longe, tão perto.

Por mais incrível que pareça, aqui no Brasil, depois do Golpe de 2016, a sua grande obra "Os Aparelhos Ideológicos do Estado", adquire forças no seu estágio mais avançado. Digo isso, pois em momentos de paz e fortalecimento democráticos, seus apontamentos ficam camuflados ou desaparecem.

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Quando um trabalhador, retirante nordestino, um legítimo operário, foi Presidente do nosso país, conseguimos nos guiar pela contramão da crise econômica. Crise econômica global que afundou diversos países. Tiramos milhões da extrema pobreza e outros milhões subiram economicamente para outra classe social. Os mais pobres conseguiram pela primeira vez viajar de avião para curtir suas famílias e férias, viram seus filhos se tornarem médicos, advogados, engenheiros ou se formarem em outros cursos. Puderam adquirir sua casinha, comer carne todos os dias. Obtiveram coisas elementares que a eles eram negados, como água potável e energia elétrica, para melhoria das suas condições de vida.

Mas não é por isso que te escrevo. Ofereço-te essas letras, que aqui percorrem, por outro motivo. Acontece que, com o golpe de 2016, esse momento virtuoso foi quebrado.

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Lembra quando você dizia que o Aparelho (repressivo) de Estado habita organicamente o governo, a administração pública, os exércitos, as polícias, os tribunais e as prisões? Pois é, ainda agora, recentemente, houve uma carnificina na prisão estadual do Amazonas e o sistema prisional como um todo por todo país, segue sendo verdadeiros calabouços superlotados, genuínas máquinas de destruição humana. Os tribunais, já esses, seguem da mesma forma. As policias, por sua vez, batem, prendem, atiram bombas, balas de borrachas, soltam spray de pimenta em meninos e meninas, jovens e trabalhadores que ousam lutar contra os representantes de uma elite econômica e financeira.

Essa elite aprovou uma PEC congelando em 20 anos os investimentos em políticas públicas. Ou seja, menos investimentos em educação, saúde, cultura, habitação. Como se não bastasse, hoje, esses jovens e trabalhadores se levantam mais uma vez para lutar, agora contra o aumento dos preços de passagens no transporte público.

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Se formos refletir bem, creio que faz dois anos que as pessoas de bem e a vanguarda não saem das ruas. Essa jornada se iniciou na luta pela Democracia e Contra o Impeachment de Dilma.

Camarada Althusser, cada vez mais é perceptível seus avisos. Você dizia que o Estado é repressivo, porque, para o seu funcionamento, se faz necessária a violência física ou administrativa, isso, em situações limites. No bom português para enfiar goela abaixo os interesses dos poderosos.

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Quase que saltando de seu livro para fora, hoje, os aparelhos voltam a ocupar e desempenhar, em caráter federal, o papel fundamental para a existência e reprodução do poder na sociedade.

É lógico que, nos governos estaduais da direita, isso acontecia com toda força. Vide os exemplos de Beto Richa que mandou enfiar a porrada nos professores no Paraná; o que está acontecendo no Rio de Janeiro; a questão da tentativa de fechamento de escolas pelo govenador Geraldo Alckmin, em São Paulo, citando apenas alguns casos.

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Companheiro, não poderia deixar de registrar, aqui, a influência da mídia, que desempenha o grande papel no processo de alienação das pessoas. A mesma mídia que patrocinou o golpe e, agora, se arma para dar um golpe dentro golpe. Isso, porque o "presidente" empossado por eles já pagou a sua dívida, o governo golpista, aumentou em 800% a verba destinada para eles.

Mas sobre o golpe dentro do golpe, por outro lado, existe uma crise de fundo entre eles, mesmo com as burras cheio de dinheiro, setores empresariais que também ajudaram a empossar Michel Temer, estão vendo que ele não está dando conta do recado, pois o mesmo compôs seu governo com amigos/ministros que caem quase quinzenalmente por estarem envolvidos em denúncias de corrupção. Seu principal ministro, o da economia, não consegue mostrar resultados para o mercado. Não será surpresa se a burguesia nacional tencionar os aparelhos de comunicação a plantarem eleições indiretas para colocar outro gestor que seja mais eficiente em suas maldades.

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Por fim, sobre o papel das Igrejas, as melhores continuam no sentido de ensinar às pessoas o caminho que elas acham ser "supostamente" verdadeiro. Continua também, havendo aquelas Igrejas que só pensam no lucro financeiro por parte de seus fiéis. A maioria das Igrejas não tem como objetivo estudar a bíblia e mostrar que o Cristo que eles acham que seguem, na verdade era Socialista ao dividir o pão e o vinho, ao não atirar pedras porque somos todos passíveis de erros e, que todos são irmãos, além de lutar contra o grande império que explora, escraviza as pessoas.

De diferente mesmo, só essa nova configuração institucional, o setor mais conservador e que mais busca exterminar os direito humanos é o da bancada evangélica. No outro sentido esse novo Papa, segue numa linha até coerente, ele parece ser uma pessoa boa e um guerreiro da justiça social.

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Um forte abraço,
Pedro Del Castro.

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