Uma campanha salarial forte favorece o governo
Debate levantado entre TAEs, de como a campanha sálarial poderia impactar o governo Lula

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Um debate que surgiu na Técnico Administrativo Educacional (TAEs), base sindical que integro, foi sobre como a campanha salarial poderia impactar o governo Lula. Alguns companheiros defendem haver a necessidade de parcimônia com o governo, enquanto outros, eu estava entre estes, defendiam que fazer uma campanha forte era defender o governo frente a direita.
Falência da terceira via
Os golpes de Estado e todas as iniciativas da direita, principalmente do imperialismo, demonstraram a falência da política de conciliação da terceira via. O imperialismo deixou claro não ter disposição para tolerar um governo nacionalista.
As eleições no Congresso neste início de ano são mais um indício disso, Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito presidente da Câmara com a maior votação histórica para o cargo. No Senado não foi diferente, o presidente eleito foi Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o congresso como um todo está nas mãos da direita.
Nessas eleições, com a política parlamentar de conciliação, o governo se limita a ser uma oposição minoritária ou realizar alianças com os parlamentares da direita. O problema da posição de alianças é que esta tem um limite político, orçamentário.
Os senadores, por exemplo, já explicitaram não haver “clima” para exonerar Roberto Campos Neto da direção do Banco Central, o que seria uma posição de defesa da economia nacional. Fica claro que o pouco que esses parlamentares cederem em favor da população vai custa caro, cada vez mais caro, uma disputa econômica desleal com o imperialismo.
Um governo refém
O governo Lula assumiu apenas por pressão popular, pelo medo do imperialismo de perder o controle sobre o Brasil, essa colônia que já foi a 6ª economia mundial. O regime político brasileiro encontrava-se sob uma tutela militar, sendo o governo Lula um refém dessa situação.
O que garantiu a vitória de Lula e demais governos do PT e derrotou parcialmente o regime instituído pelo golpe foi a mobilização popular. Essa mobilização é a única força rais desse governo, da esquerda, dos trabalhadores.
Como apontado anteriormente, os acordos com a direita nessa configuração política são inviáveis. A direita cederá apenas sobre o jugo das mobilizações massivas, precisamos colocar milhões de pessoas nas ruas, para atingir esse objetivo.
Está claro que as mobilizações da extrema-direita no dia 8 de janeiro foram apenas para preparar o ambiente político. A uma possibilidade imensa de golpe, seguindo o ritmo atual, caso não haja mobilizações massivas, é muito provável que Lula não termine o governo.
Fazer uma campanha salarial forte é defender o governo da esquerda
A melhor forma de mobilizar as pessoas é pelos seus interesses objetivos. Lutar pelas condições de vida da população é a melhor maneira de fazer com que um governo de esquerda tenha força e possa luta contra a direita.
A polarização política é um fruto das condições de vida da população, sendo inevitável face à deterioração destas. Em vez de negar essa realidade, devemos explorá-la de forma clara e aberta.
Desejamos, na realidade, necessitamos de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo. Então é isso que devemos colocar de forma clara, temos que fazer o governo atender essa necessidade, assumindo a política que queremos.
O governo recebeu as entidades dos trabalhadores federais, coisa que não aconteceu nos mais de 6 anos de governo golpista, e abriu uma mesa de discussão. Demonstrou interesse, mas a força para transformar essa realidade vem dos trabalhadores mobilizados, a política do governo em se é um fruto da correlação de forças na luta entre burguesia e trabalhadores.
A mobilização dos trabalhadores é a única medida efetiva contra a possibilidade de um novo golpe de Estado. Apenas essa mobilização poderá acabar com os resquícios do regime de exceção imposto pelo golpe de 2016.
Uma campanha forte unida pela base
Temos que iniciar nossa campanha salarial imediatamente, trabalhar para unir não apenas os TAEs, mas todos os servidores nas três esferas. Superando a questão de tratar-se da iniciativa pública ou privada, devemos unificar os trabalhadores em geral nos seus interesses básicos.
Trazer a questão não apenas da reposição para os TAEs de 27% das perdas de 2019 até 2022, mas do aumento do salário mínimo para que atenda as necessidades dos trabalhadores. Colocar a redação da jornada de trabalho para 30 horas semanais, ou menos, não apenas para parte da categoria, mas para todos os trabalhadores, para que todos possam trabalhar.
Esse é um dos intuitos da terceira Conferência Nacional dos Comitês de Luta, que acontecerá em São Paulo nos dias 21, 22 e 23 de abril. Mas esse é um trabalho hercúleo que apenas poderá ser realidade com o apoio das entidades massivas nacionais e partidos de esquerda.
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