Uma atlântica dor

A dor plantada em nós é atlântica, e já não cabe mais no peito



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1.

Continental. Festeiro. Ensolarado. Bonito. Modernista. Paradoxal. Sensual. Negro. Tropical. Gay. Sincrético. Democrata. Cordial. Acolhedor. Afável. Tolerante. Sincero. Caloroso. Afetuoso. Amável. Amigo. Indulgente. Humanista. Agregador. Urbano. Prestativo. Bondoso. Gentil. Terno. Simpático. Laborioso. Seguro. Justo. Sério. Confiável.

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2.

Triste. Depressivo. Infeliz. Desencorajador. Desigual. Preconceituoso. Diverso. Racista. Misógino. Homofóbico. Crente. Injusto. Cruel. Xenófobico. Desanimador. Aporofóbico. Desalentador. Controverso. Negacionista. Cúmplice. Cafona. Atrasado. Antiquado. Reacionário. Hipócrita. Desalmado. Invisibilizado. Grotesco. Indelicado. Bárbaro. Criminoso. Ignorante. Desorganizado. Conservador. Intolerante. Segregador. Golpista. Desumano. Impiedoso. Atroz. Amedrontador. Assombroso. Assustador. Horripilante. Atemorizador. Apavorante. Escravocrata. Intimidador. Aterrador. Macabro. Tanatocrático. Horrífico. Encarcerador. Hediondo. Caquistocrático.

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3.

Invadido. Colonizado. Capturado. Escravizado. Ocupado. Apoderado. Apropriado. Apossado. Explorado. Roubado. Vilipendiado. Subestimado. Desdenhado. Desacreditado. Desprezado. Menosprezado. Rebaixado. Diminuído. Negado. Violado. Estuprado. Abusado. Seviciado. Molestado. Ferido. Espancado. Brutalizado. Escarrado. Cuspido. Golpeado. Alanceado. Aflito. Perseguido. Sequestrado. Torturado. Currado. Aspado. Quebrado. Assaltado. Despojado. Pilhado. Depenado. Usurpado. Defraudado. Esbulhado. Espoliado. Rapado. Tomado. Devastado. Controlado. Dominado. Assenhoreado. Humilhado. Silenciado. Assassinado. Esquartejado. Queimado.

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Numa tentativa de “fechamento” às três notas, impossível não lembrar a canção “Pequena memória para um tempo sem memória (A legião dos esquecidos)”, de Gonzaguinha, quando diz: “memória de um tempo/Onde lutar por seu direito/É um defeito que mata/São tantas lutas inglórias/São histórias que a história/Qualquer dia contará.../São sementes espalhadas nesse chão/De Juvenais e de Raimundos (e acrescentamos: de Brunos e Doms).../São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas/Memória de um tempo/Onde lutar por seu direito/É um defeito que mata”. E conclui o poeta: “E vamos à luta!”. Vamos, sim! Pois a dor plantada em nós é atlântica, e já não cabe mais no peito.

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