Uma agenda positiva contra o golpe
Não há tempo a perder. Urge unificar os setores democráticos e progressistas da sociedade em torno de um programa mínimo que ponha o país outra vez na rota do desenvolvimento, com inclusão social e distribuição de renda
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Em entrevista recente aos blogueiros, Lula mandou vários recados para a presidenta Dilma. Alguns velados, outros mais explícitos. Também deixou no ar a possibilidade de Dilma anunciar em breve medidas que gerem impacto na economia.
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Lula bateu insistentemente na tecla de que cabe à presidenta pautar a agenda política do país, criando fatos políticos em sequência. Talento para a política não é o forte de Dilma, mas está claro que o Brasil não superará suas dificuldades enquanto a nação seguir sendo pautada pelo monopólio da mídia, pelos procuradores do MP, pelo juiz Moro e pela Polícia Federal.
Passa ao largo das preocupações dos integrantes desse conluio a necessidade de o país voltar a crescer e gerar emprego e renda. Chegam ao ponto de combater os acordos de leniência com a arma da desonestidade intelectual, pois bradam aos quatro cantos que eles anistiam corruptos, quando, ao contrário, preveem a punição de todos os envolvidos em malfeitos, mas mantêm as empresas idôneas, para que possam continuar participando de licitações públicas e abrindo postos de trabalho.
Não há tempo a perder. Urge unificar os setores democráticos e progressistas da sociedade em torno de um programa mínimo que ponha o país outra vez na rota do desenvolvimento, com inclusão social e distribuição de renda. Isso significa reerguer os pilares da exitosa política econômica do do segundo mandato do presidente Lula. O ajuste fiscal à la Levy se revelou um retumbante fracasso, fazendo de 2015 um ano perdido economicamente.
É evidente que, para isso, será necessário superar enormes obstáculos. No plano externo, o agravamento da crise internacional esfriou o comércio entre os países e o nosso principal comprador de commodities, a China, desacelerou seu crescimento e freou suas importações.
Internamente, a recessão derrubou a arrecadação do governo, a inflação está em alta e o desemprego já é uma das preocupações centrais. Há poucos recursos disponíveis para investimentos em infraestrutura e ampliação de programas sociais.
Contudo, por paradoxal que pareça, é hora de ousar. Em tempos de crise, ousadia e criatividade fazem a diferença. É preciso aposentar de vez ideias estapafúrdias e que teriam o efeito devastador de um suicídio político, tais como as reformas da previdência e trabalhista, e aproveitar a cabeça econômica desenvolvimentista de Nelson Barbosa, para fazer a roda da economia girar.
Boas ideias já estão circulando à espera de se transformarem em políticas públicas : empréstimo consignado pago com a liberação do FGTS, uso de uma pequena parte dos 380 bilhões de dólares que o Brasil tem de reservas internacionais para capitalizar a Petrobras, incentivo à retomada de um setor intensivo em mão de obra como a construção civil, ampliação da concessão de crédito por parte dos bancos públicos e condições mais atrativas para os empresários nas concessões de grandes obras de infraestrutura, como rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
Iniciativas como essas, somadas ao aumento imediato da receita via recriação da CPMF e o repatriamento de uma parte da montanha de dinheiro de brasileiros no exterior, já aprovado pelo Congresso, teria o condão de fazer o governo finalmente voltar a dialogar com a fatia do eleitorado que o elegeu e, de quebra, deixar os golpistas falando sozinhos.
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