Um PT eternamente compungido, apesar de ser o mais querido
No que toca a atividade política, o PT tem muito mais para se orgulhar que se envergonhar. Ele é combatido mais pelos acertos que pelos erros de alguns personagens que se sentiram acima de qualquer suspeita. As políticas de acesso e não a corrupção são o que mobilizam a elite interromper um ciclo de desenvolvimento único na história do País

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
O envolvimento do nome do Partido dos Trabalhadores (PT) em corrupção não é algo desejado e nem esperado, mas também não é impossível, no sentido de que ele é feito de pessoas e não de vestais. Entretanto, nada justifica e ela deve ser combatida e sanada do seio, não apenas do PT, mas de todos os partidos políticos. Almas puritanas, ou outras, mal-intencionadas, lançam mão da condenação da legenda e a sua extinção, pelos mesmos motivos, mas por interesses diversos.
As primeiras o fazem por não compreender a dimensão e a importância do PT para a história do trabalhismo e para a instauração da democracia no Brasil. Os mal-intencionados têm a plena consciência da importância e da influência do partido na vida dos brasileiros. A sanha para destruir o partido é o reconhecimento da sua envergadura. Tirando-o do caminho, ficará muito mais fácil para a elite instalar o modelo de nação subordinada que almeja.
A formação do arcabouço político, econômico e jurídico da sociedade brasileira foi escrito pela elite, desde os capitães donatários à Constituição Federal de 1988. A vivência democrática brasileira mais longeva, depois de 500 anos de formação, não passa de 30 anos. O PT chegou e permaneceu no governo, e não no poder, por apenas 13 anos. Os 70% do Congresso Nacional são a elite milionária ou alguém falando em nome dela.
É lamentável ter companheiras ou companheiros sucumbidos pela vaidade durante a guerra entre os interesses de classe, num terreno extremamente pantanoso e influenciado pela iniciativa privada, cuja propriedade é dessa mesma elite que detém bancadas parlamentares. A corrupção sempre se adaptará às condições legais para existir. Ela é humana. Mas isso não justifica a criminalização de toda a política e de todo o partido. Ambos são maiores que meia dúzia de traidores.
A melhoria da qualidade da representatividade política passa por determinadas condições. A politização popular, a simplificação e ampliação de acesso a dados governamentais e um período médio de declínio das oligarquias políticas, com a ascensão de novas lideranças engajadas aos movimentos de base deste País, que representam 80% da população, notadamente os mais pobres.
O PT tem muito mais a contribuir para o debate acerca de um desenvolvimento socialista para o País, que se compungir pelos erros de integrantes da legenda. Entre todos os partidos, a preferência pelo PT oscila entre 15% e 20% do eleitorado. Isso não é pouco. Desde 2005, a política de um modo geral, uma das mais nobres características humanas, vem sendo exposta como inerente da mais imunda lama da corrupção e merecedora de toda a abjeção, tendo o PT como o princípio ativo daquilo que se deve extirpar.
As 13 horas de Jornal Nacional dedicadas negativamente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se referem também ao PT. Qual partido, senão um de esquerda cujas raízes estão umbilicalmente fincadas na estrutura que produz a riqueza do País, suportaria tantos ataques sem desaparecer? Isso mostra o quanto o PT é grande e a sua importância popular incomoda os detratores da política.
O PT é atacado franca e ostensivamente por todos os lados, diuturnamente. Há partidos blindados pela imprensa, Judiciário e Ministério Público, que não contam com 5% de aprovação popular. Compreender o fato seria simples para qualquer mortal não fosse todo o aparato midiático voltado contra o PT. Os estudos do Manchetômetro, produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMP), não deixam dúvidas quanto ao bombardeio enfrentado pela legenda.
A mínima ascensão da classe trabalhadora provocou uma abrupta reação da elite escravocrata brasileira, radicalizado tanto no discurso de ódio quanto na atitude de cercear a democracia para assegurar privilégios. Esse rompimento deverá ser levado a cabo quando a democracia for restaurada e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva for eleito presidente. Tudo de forma democrática, como é do fundamento do partido.
Mas não basta garantir apenas o Executivo, lembremos que a elite é maioria no Legislativo e no Judiciário. Quanto a este último Poder, é notável o seu crescente e desconcertante protagonismo político. A reforma política deve perpassar pelos três Poderes e pelo Ministério Público, entidade outorgada de extremos poderes pela CF 1988, num momento em que o País cumpria 21 anos de uma sinistra e cruenta ditadura militar.
A política tornou-se crime de um só partido. De um lado, há políticos que conspurcam a atividade. Do outro, uma mídia sensacionalista e mais interessada em confundir que informar. E, de um outro lado, agentes de órgãos de fiscalização e controle seduzidos por holofotes. Junte-se a esses ingredientes vazamentos de investigações sigilosas e tem-se a espetacularização do combate à corrupção. A criminalização se revela tendenciosa ao expor as vísceras de uma única legenda, quando se sabe de casos tão rumorosos em outras, mas que são solenemente ignorados.
No que toca a atividade política, o PT tem muito mais para se orgulhar que se envergonhar. Ele é combatido mais pelos acertos que pelos erros de alguns personagens que se sentiram acima de qualquer suspeita. As políticas de acesso e não a corrupção são o que mobilizam a elite interromper um ciclo de desenvolvimento único na história do País. Nesse sentido, entendo que, desde 2005, principalmente, o maior inimigo da sociedade brasileira é parte da imprensa, que desvirtua e distorce os fatos a bem dos interesses da elite financeira do País.
Há uma renhida guerra para restaurar a democracia e restituir à nação todas as riquezas energéticas brasileiras açambarcadas pelo ilegítimo grupo que tomou o governo de assalto. O PT tem 13 anos de bons motivos para se reerguer e retornar ao poder. Argumentos não faltam, o mais complexo é descontruir a contrainformação produzida pela mídia interessada no golpe.
Está em curso a disputa pela narrativa da história do Brasil e o PT tem todas as condições de se apropriar dela, pois foi quem realizou as mais profundas transformações socais deste País. Desde 2005, até o atual momento, quando está clara para organismos nacionais e internacionais a perseguição à legenda, que o PT não tem feito outra coisa senão a expiação de seus erros. Chegou o momento de levantar a cabeça, sair das cordas.
Levemos às bases, com fraternidade, os argumentos que nos pertencem. Por meio da politização da população conseguiremos restabelecer o desenvolvimento do País e criar políticas socialistas de Estado e não de governo, como tem sido a prática desde a instauração da República. O 6º Congresso do PT deve ser uma grande injeção de ânimo na militância vilipendiada pelas forças retrógradas e reacionárias, que ganham com a criminalização da política. Avante, a narrativa a se prevalecer deve ser a da esquerda.
Um PT eternamente compungido, apesar de ser o mais querido
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247