Um pouco mais de Keynes, por favor

Para Keynes nos momentos de retração de economia os governos devem passar a conceder linhas de crédito ao baixo custo, garantido a realização de investimentos do setor privado. Somente promovendo tais medidas de incentivo, os níveis de emprego aumentariam e conseqüentemente garantiriam que o mercado consumidor dando sustentação real a toda essa aplicação de recursos

Para Keynes nos momentos de retração de economia os governos devem passar a conceder linhas de crédito ao baixo custo, garantido a realização de investimentos do setor privado. Somente promovendo tais medidas de incentivo, os níveis de emprego aumentariam e conseqüentemente garantiriam que o mercado consumidor dando sustentação real a toda essa aplicação de recursos
Para Keynes nos momentos de retração de economia os governos devem passar a conceder linhas de crédito ao baixo custo, garantido a realização de investimentos do setor privado. Somente promovendo tais medidas de incentivo, os níveis de emprego aumentariam e conseqüentemente garantiriam que o mercado consumidor dando sustentação real a toda essa aplicação de recursos (Foto: Pedro Maciel)


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John Maynard Keynes foi um economista britânico cujas idéias mudaram a teoria e prática da macroeconomia, bem como as políticas econômicas instituídas pelos governos. Ele, fundador da macroeconomia moderna, revolucionou o pensamento econômico, pois se opôs à idéia que os mercados livres ofereceriam automaticamente empregos aos trabalhadores contanto que eles fossem flexíveis na sua procura salarial, defendeu a intervenção corretiva do Estado.

Fato é que após a eclosão da II Guerra Mundial suas idéias econômicas foram adotadas pelas principais potências econômicas do e que durante as décadas de 1950 e 1960  a popularidade das idéias keynesianas refletiu-se na influência de seus conceitos sobre as políticas de grande número de governos ocidentais e antes disso o presidente Roosevelt nos EUA declarou o New Deal “pacto americano em reação ao liberalismo que corroia a economia dos Estados Unidos e do mundo...” [1].

Na década de 1970 com a ascensão do neoliberalismo sob a orientação teórica de Milton Friedman o keynesianismo sofreu certo declínio, mas com o advento da crise econômica global de 2008 Keynes foi “redescoberto” e sua teoria forneceu a base teórica para os planos dos presidentes Lula, Barack Obana e para primeiro-ministro britânico Gordon Brown  e para muitos líderes mundiais, e foi evitada a ocorrência de uma Grande Recessão nos moldes da crise de 1929.

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Mas o que é a base do pensamento de Keynes e porque precisamos de um pouco mais dele por aqui?

Bem, a proposta keynesiana tem como ponto fundamental revisar as teorias liberais lançadas pelo teórico Adam Smith, principalmente, no que se refere às novas configurações assumidas pela economia capitalista[2].

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Segundo Keynes o fundamental para se compreender uma economia está na observação dos níveis de consumo e investimento do governo, das empresas e dos próprios consumidores.

Partindo desse princípio, a doutrina keynesiana aponta que no momento em que as empresas tendem a investir menos, inicia-se todo um processo de retração econômica que abre portas para o estabelecimento de uma crise, assim, para que essa situação fosse evitada, ele defende a necessidade do Estado em buscar formas para se conter o desequilíbrio da economia.

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Entre outras medidas, os governos deveriam aplicar grandes remessas de capital na realização de investimentos que aquecessem a economia de modo geral, exatamente o que o governo golpista não faz e não pretende fazer.

Para Keynes nos momentos de retração de economia os governos devem passar a conceder linhas de crédito ao baixo custo, garantido a realização de investimentos do setor privado. Somente promovendo tais medidas de incentivo, os níveis de emprego aumentariam e conseqüentemente garantiriam que o mercado consumidor dando sustentação real a toda essa aplicação de recursos.

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Assim, o pensamento de Keynes transformou radicalmente o papel do Estado frente à economia, colocando em total descrédito as velhas perspectivas do “laissez faire” liberal.

Segundo o Professor Pedro Paulo Zahluth Bastos [3] se o país pretende desenvolver uma estratégia para o desenvolvimento nacional, num ambiente global capitalista, tem-se de partir de Keynes para conhecer e buscar o desenvolvimentismo exportador do setor privado (é o “novo-desenvolvimentismo” responde questões nesse quadrante) e o desenvolvimentismo distributivo orientado pelo Estado (que o “social-desenvolvimentismo” propõe), pois ambos resgatam o papel do Estado na orientação do modelo de desenvolvimento, mas com modos diferentes de relação com o mercado, mas não inconciliáveis.  

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Mas estamos nos distanciando do keynesianismo e, como Roberto Requião afirmou à CARTA CAPITAL, “o Brasil rema na direção contrária. Essa PEC 241, (...), é a paralisação do Brasil.”.

Mas por que Requião afirma isso? Porque a política de austeridade proposta pelos golpistas, apoiada pela mídia corporativa, levará o Brasil ao caos; basta que lembremos o que ocorreu na Europa ao fim de mais de dois anos de austeridade. Ao fim de mais de dois anos de austeridade na Europa, com várias previsões de crescimento revistas para baixo o FMI em corrigiu algumas contas e concluiu que cada Euro economizado com a política de austeridade, a o PIB da economia européia perdeu entre 0,9 e 1,7 euros. É a isso que a austeridade golpista nos conduzirá[4]. Imbecis? Não. Estão a serviço do capitalismo financeiro; sua tarefa é transferir ativos à iniciativa privada, manter a SELIC alta e produzir superávit para pagar juros.

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O que fazer? Temos de fazer Política, apenas através dela há saída.  

 

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Pedro Benedito Maciel Neto, 52 anos, advogado, sócio da MACIEL NETO ADVOCACIA, autor de “Reflexões sobre o Estudo de Direito, Ed. Komedi, 2007 e “Da Judicialização ao Estado de Exceção” (no prelo, 2016).



[1] Conforme Roberto Requião em entrevista à Carta Capital, p. 28/31, 5 de novembro de 2016.

[2] SOUSA, Rainer Gonçalves. "Doutrina Keynesiana"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/doutrina-keynesiana.htm>. Acesso em 06 de novembro de 2016.

[3] “A economia política do novo-desenvolvimentismo e do social desenvolvimentismo” -

[4] FMI reconhece que calculou mal o impacto da austeridade na economia -https://www.publico.pt/economia/noticia/fmi-reconhece-que-calculou-mal-o-impacto-da-austeridade-na-economia-1566589

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