Um perigo solto no ar

"Se continuar esse jeito de Jair Messias ser cada vez mais Jair Messias, não seria surpresa se ele tentar o golpe antes das eleições", escreve Eric Nepomuceno

Jair Bolsonaro, urnas eletrônicas e Forças Armadas
Jair Bolsonaro, urnas eletrônicas e Forças Armadas (Foto: Alan Santos/PR | ABr)


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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

Bem, na verdade não há um: são milhares e milhares de perigos que não flutuam no ar, se alastram na vida real do processo de destruição que se instalou em todo o país.

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Mas há um em especial que vem me preocupando mais e mais a cada dia: que Jair Messias tente um golpe antes das eleições.

Que vai tentar um depois da sua esperada derrota pode ser considerado favas contadas.  

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Mas do jeito que ele vai aumentando a tensão pelo menos duas vezes por dia, que vai manipulando impunemente as Forças Armadas, especialmente a mais poderosa delas – o Exército – que, aliás, se deixam mansamente manipular, que vai confrontando a Constituição na certeza de que Arthur Lira, presidente da Câmara, irá continuar guardando na gaveta um sem-fim de pedidos de impeachment, que vai destroçando as relações institucionais – enfim, continuar esse jeito de Jair Messias ser cada vez mais Jair Messias, não seria surpresa se ele tentar o tal golpe antes das eleições.  

Se vai ou não vai ter êxito são outros quinhentos. Servirá, em todo caso, para incendiar a alma dos milicianos, das baixas patentes tanto da Polícia Militar como do Exército, dos seguidores mais radicais e elevar ao máximo a tensão – e o consequente risco de violência desenfreada – até chegar o dia de votar.

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Conforme o método que ele escolha para esse golpe antecipado, é capaz até que Jair Messias consiga continuar no cargo de presidente – e na condição de candidato.

Dificilmente as Forças Armadas participarão dessa tentativa. Apesar a cada vez mais intensa atuação de Jair Messias em atos e eventos militares – nesta terça-feira três de maio, por exemplo, e pela segunda vez este ano, ele participou da reunião do Alto Comando do Exército, que costuma acontecer a cada dois meses – não houve, ao menos até agora, nenhuma sinalização de que esse apoio, ainda que discreto, aconteça.

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O que ninguém parece saber ao certo – e quem sabe não se manifestou até agora – é até que ponto generais de pijama especialmente reacionários, como Braga Netto e Augusto Heleno, ainda têm peso e influência entre os militares da ativa.

Faltam ainda cinco meses até a hora de votar.

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Até lá o Supremo Tribunal Federal continuará a trabalhar e, claro, a ser alvo da fúria descontrolada de Jair Messias.  

Até lá, a corrosão na imagem das Forças Armadas continuará de maneira incessante, com mais ou com menos intensidade.

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Resumindo: até lá, tudo pode acontecer. Tudo.  

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