Um perigo chamado Mourão

Apoio a baderneiros mobilizados mostra o que Mourão pretende, e não é pouco: substituir Bolsonaro como cabeça da extrema-direita

Hamilton Mourão
Hamilton Mourão (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


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Por Eric Nepomuceno, para o 247

Sempre entendi, desde o primeiro dia de 2019, quando o novo governo assumiu, que o verdadeiro perigo não era Jair Messias, e sim Hamilton Mourão.

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Quando os pedidos de impeachment começaram a se acumular na Câmara de Deputados, ainda no tempo de Rodrigo Maia presidir a Casa, confesso que tive dois temores. Primeiro, que se levado a plenário os pedidos não fossem aprovados, Jair Messias sairia fortalecido. O segundo: se aprovados, Hamilton Mourão assumiria a presidência deste pobre país.

Por que mais perigoso que Jair Messias, se é que isso é possível? Por várias razões.

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Jair Messias é um primata desequilibrado, de uma ignorância olímpica, dono de uma inteligência comparável ao meu saldo bancário, que na maior parte do tempo é negativo. Não tem sequer vestígio de ideologia. 

Sempre disse e redigo que é um tremendo erro chamar Jair Messias de nazista ou fascista. Para ser um ou outro é preciso ter formação e informação, e ele carece dos dois.

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É um semi-analfabeto, e tudo que tem a seu favor é uma esperteza desmesurada, que o impulsiona quando quer agir. E ainda assim, esa esperteza sem fim muitas vezes dá com os burros n’água.

Hamilton Mourão, por sua vez, tem inteligência, é informado, tem coerência, sabe quando agir e quando se eclipsar. É lúcido. Não é um conservador: é um reacionário, de um reacionarismo bestial.

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Conseguiu uma façanha que, para muitos, era impensável: se elegeu Senador pelo Rio Grande do Sul. Como clara mostra de até que ponto este país se imbecilizou, derrotou Olívio Dutra.

Ficou quieto no seu canto enquanto Jair Messias se enjaulou no Palácio da Alvorada, corroído pela derrota diante de Lula.

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Até que, dia desses, falou. O que ele disse não me surpreendeu nem um pouco. Seu apoio aos baderneiros mobilizados e financiados por empresários de transporte e do agronegócio mostra o que ele pretende, e não é pouco: substituir Jair Messias como cabeça da extrema-direita daqui para a frente. E tem todas as características para dar certo em seu projeto.

Convém prestar toda a atenção na sua figura de hoje em diante. Ele é uma grande ameaça para este país.

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País, aliás, que cada vez mais assiste a cenas extravagantes.

Dois exemplos: a excelentíssima senhora doutora juíza Mônica Ribeiro Teixeira negou um processo de Chico Buarque contra Eduardo Bolsonaro, o Dudu Bananinha, por ter usado numa e juizpropaganda eleitoral trechos de sua música “Roda Viva”.

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O que disse a tal juíza? Que Chico não provou ser o verdadeiro autor da canção.

Isso mostra algo apavorante: o nível de juízes e juízas que pululam pela Justiça deste país. E não estou nem falando de calhordas do calibre de Sérgio Moro. Estou falando de uma juizeca que é capaz de tudo para proteger a família do Genocida.

E por falar em Genocida, não é que ele entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra Lula e Gleise Hofman, argumentando ter tido sua honra “maculada”? Isso porque na campanha eleitoral ele foi chamado justamente de Genocida, e por ter tido seu nome vinculado às milícias.

Se eu fosse integrante do STF, recusaria de saída a ação. E isso baseado num preceito básico: para ter a honra maculada, é preciso em primeiro lugar ter honra. E, em segundo lugar, porque Jair Messias teve, sim, uma atitude genocida durante a pandemia. E seus vínculos com a milícia incluem a filharada. Sobram provas.

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