Um partido de profetas

O mais novo “profeta” a manifestar-se foi o ex-presidente FHC, que previu a derrubada da Presidenta através de uma ação da Justiça, porque um golpe militar “não é desejável”

O mais novo “profeta” a manifestar-se foi o ex-presidente FHC, que previu a derrubada da Presidenta através de uma ação da Justiça, porque um golpe militar “não é desejável”
O mais novo “profeta” a manifestar-se foi o ex-presidente FHC, que previu a derrubada da Presidenta através de uma ação da Justiça, porque um golpe militar “não é desejável” (Foto: Ribamar Fonseca)


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O PSDB está se transformando num partido de profetas. Primeiro foi o seu vice-presidente, Alberto Goldman, que "profetizou" a queda da presidenta Dilma Rousseff dizendo que ela não resistirá à pressão nos quatro anos do seu segundo mandato. Depois, foi o senador José Serra que, após comparar o seu governo aos de Jânio e Jango, garantiu que ela não concluirá o mandato. Em seguida foi a vez do senador Aécio Neves, presidente nacional do partido, que aposta numa nova CPI da Petrobrás, a ser instituída pelo novo Congresso instalado no domingo, para apear Dilma do Planalto. Aécio, aliás, estaria deixando crescer a barba para criar uma imagem de profeta e, desse modo, adequar-se ao novo estilo do partido. Há quem assegure, no entanto, que o seu objetivo seria ficar parecido com Lula e, assim, melhorar sua chance de vitória nas eleições presidenciais de 2018.

O mais novo "profeta" a manifestar-se, no entanto, foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, em artigo publicado no domingo sob o título de "Chegou a hora", prevê a derrubada da Presidenta através de uma ação da Justiça, porque um golpe militar "não é desejável". Para FHC, diante dos escândalos de corrupção na Petrobrás, o juiz (Sérgio Moro), os procuradores, delegados e a mídia devem ter a "ousadia de chegar até aos mais altos hierarcas", ou seja, a Dilma e Lula. Das duas, uma: ou os "profetas tucanos" estão apenas manifestando, em forma de profecia, o seu imenso desejo de arrancar Dilma do Palácio do Planalto ou, então, já sabem que ela será mesmo defenestrada porque estão se mobilizando nas sombras para interromper o segundo mandato dela.

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Na verdade, concomitante com os movimentos no Congresso, com o comportamento político da Operação Lava-Jato e com o decisivo apoio da grande mídia, desenvolve-se no âmbito da internet uma ampla campanha destinada a derrubar Dilma e inviabilizar a candidatura de Lula no pleito de 2018. Utilizando-se ingênuos úteis na disseminação de informações falsas, através das redes sociais, está sendo pintado um quadro dramático de deterioração do governo federal, criando-se com isso um clima favorável ao impeachment tão desejado pelos tucanos e cia. Foi montada uma verdadeira máquina de espalhar boatos, com a ajuda de anencéfalos e bucéfalos que, sem saber de onde partem as mensagens e quem são os seus responsáveis, simplesmente compartilham e passam adiante tudo o que aporta em seu face, e-mail, whatsapp, etc.

Ainda à semana passada circulou nas redes sociais uma nota dizendo que "acabou de sair no New York Times que o caso da Petrobrás é o maior caso de corrupção num país democrático na história do mundo". A nota, sem nenhuma assinatura ou indicação da sua autoria, faz acusações ao filho de Lula e diz ainda que 12 senadores, 49 deputados e 3 governadores do PT foram incriminados na delação premiada do ex-diretor da Petrobrás, Roberto Costa. A longa nota finaliza com uma conclamação aos internautas:"Seja patriota. Passe adiante. Se cada pessoa passar para 10 amigos de setores diferentes, no 6º repasse atingimos 5 milhões de usuários. Vamos tirar 5 minutos para mudar o Brasil. Faça a sua parte!. Repassar geral urgente!". Alguma dúvida sobre a existência de um movimento organizado subterrâneo para defenestrar Dilma do governo? Não é difícil, no entanto, identificar os seus autores; basta responder à seguinte pergunta: a quem interessa a queda de Dilma?

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As "predições" dos profetas tucanos, ao que tudo indica, já contabilizavam como um dos fatores mais importantes para a derrubada da Presidenta petista a eleição do deputado Eduardo Cunha, do PMDB, para a presidência da Câmara Federal. Com uma vitória esmagadora sobre o candidato do Planalto, deputado Arlindo Chinaglia, do PT (267 votos contra 136), o peemedebista rebelde parece ter incorporado não apenas o sentimento oposicionista mas, principalmente, uma insatisfação generalizada com o governo dos próprios partidos aliados. Somando-se os votos dados a Cunha com os 100 votos conquistados pelo deputado Julio Delgado, do PSB, não será difícil concluir que com esse resultado a eleição da nova Mesa da Câmara pavimentou a estrada para o impeachment de Dilma.

Apesar do tom conciliatório do seu primeiro discurso como presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha nunca escondeu suas posições mais afinadas com a oposição e contrárias ao governo da presidenta Dilma Rousseff. Aparentemente desafiou o presidente do seu partido, Michel Temer, ao lançar-se candidato contra a vontade do governo, fortalecendo-se com o apoio dos oposicionistas e da mídia, que viram nele a chance de alcançar seus objetivos. Resta saber quem, no caso de confirmar-se o impeachment, assumirá o governo: o vice-presidente da República ou o presidente da Câmara? Ou seja: Temer ou Cunha? O que vai sobrar para o PSDB? Qualquer surpresa ficará por conta do Supremo Tribunal Federal no julgamento dos envolvidos na Operação Lava-Jato. Talvez os "profetas" tucanos já estejam vislumbrando algo para o seu enorme bico.

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