Um novo golpe em 3, 2, 1...

"O TSE não cassou Temer. O cenário já era previsível. No fim, ele simplesmente não foi vitimado por uma armadilha criada pela própria direita... Caso o Impeachment de Dilma não fosse aprovado ou se tornasse em um processo muito moroso, seria ali o momento do golpe", aponta o historiador Carlos D'Incao; o próximo passo, diz ele, será o parlamentarismo; "O Presidencialismo não interessa mais para os poderes reacionários e nem para as forças imperialistas. E eles farão de tudo para destruir esse regime para impôr aquele que sempre foi o seu sonho: o Parlamentarismo à brasileira, enfestado de coronéis prontos para negociarem nossa soberania nos sujos balcões de uma nefasta capital vendida e encravada no cerrado da América do Sul"

Romero Jucá, Michel Temer e Renan Calheiros
Romero Jucá, Michel Temer e Renan Calheiros (Foto: Carlos D'Incao)


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O TSE não cassou Temer. O cenário já era previsível. No fim, ele simplesmente não foi vitimado por uma armadilha criada pela própria direita... Caso o Impeachment de Dilma não fosse aprovado ou se tornasse em um processo muito moroso, seria ali o momento do golpe.

É muito importante enxergarmos um fato lógico nessa aparente confusão: Temer não foi deposto porque representa os interesses neoliberais consolidados nas reformas trabalhista e previdenciária. Tão logo essas reformas sejam aprovadas, um novo debate será aberto: a "reforma política".

O juiz Gilmar Mendes já abriu o jogo em seu voto pró-Temer: "é necessário uma reforma política que se estabeleça um novo regime político... um semi-presidencialismo".

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Pronto. Revelou o jogo da direita tucana, planejado desde a era FHC: o que se almeja no final dessa história é um novo golpe, a implementação do Parlamentarismo no Brasil.

Agora é possível entender porque a Rede Globo subitamente se tornou em uma opositora do presidente Temer. Ela planta hoje para colher amanhã. O fim do Presidencialismo é tudo o que a direita sempre quis. Nesse cenário, Lula pode até ser absolvido por Moro, pois se ganhar a eleição presidencial terá menos poderes do que a Rainha da Inglaterra.

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Lembremos que no Parlamentarismo o presidente da República tem pouquíssimos poderes. O Congresso e o Senado é quem governariam o país sob a égide de um primeiro-ministro, indicado por eles. Essa forma de regime já foi refutada nas urnas pelo povo brasileiro, em plebiscito. Mas quem disse que a direita respeita as urnas?

Nos próximos meses, para continuar com o mínimo de governabilidade, Temer terá que se valer de todos os mecanismos presidencialistas para não cair. E isso já começou. Ignorou as perguntas da Polícia Federal, iniciou uma perseguição ao PGR e vai atacar com todas as forças o Ministério Público e a Lava-Jato.

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Com sua popularidade nula e com uma caneta autoritária na mão, Temer será o vetor que provocará um novo debate iniciado, convenientemente, pela Rede Globo: "será que esse regime presidencialista é o melhor para o Brasil?" E ela nos dará exemplos no Mundo para tentar provar que o Parlamentarismo é o regime dos "países avançados" como o Japão, a Inglaterra, a Espanha, etc.

Obviamente que não se falará nem um pouco sobre o que será do nosso país no dia em que formos governados majoritariamente pelo nosso honrado Congresso Nacional e o nosso ilibado Senado.

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Esse será o dia em que todos nós estaremos incorrigivelmente cegados pelos poderes de Brasília. Pois, como diz o ditado, "ladrão não entrega ladrão". E o Parlamentarismo é o regime da estabilidade política para os delinquentes que ocupam os cargos parlamentares.

A democracia brasileira está longe de ser perfeita, mas ela não será corrigida retirando do povo o poder de eleger diretamente o seu Chefe de Estado e o seu principal governante. E isso só é possível em um regime Presidencialista.

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Além de anti-democrático esse novo golpe colocaria o país em uma condição inusitada: com o Parlamentarismo os governadores dos principais Estados brasileiros teriam, na prática, mais poderes do que o Presidente da República.

Isso já existiu, de certa forma, no nosso passado histórico: no período Regencial, quando D. Pedro II ainda não tinha idade para assumir o trono, estabeleceu-se uma espécie de Parlamentarismo no país. Resultado: uma guerra civil generalizada que quase fragmentou territorialmente o nosso país.

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Mas não é esse exatamente o plano dos países imperialistas para o Brasil? Um país com um governo central fraco que, em um momento de crise econômica, poderá se fragmentar em pequenas Repúblicas...?

Não nos esqueçamos nunca que o "Brasil Grande" sempre foi uma ameaça aos países centrais, em especial aos EUA. Os países do primeiro mundo sempre nos quiseram pequenos e sempre temeram nossa grandeza territorial e populacional.

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O quanto antes tomarmos consciência desse plano da direita brasileira, melhor será. Hoje os planos dos golpistas é exatamente esse: tornar o Brasil em uma republiqueta parlamentarista ou - melhor ainda - em várias republiquetas. Os tucanos não querem fazer do Brasil uma nova Inglaterra, querem criar uma nova Honduras, ou um novo Porto Rico.

Por isso, todas as forças progressistas devem estar atentas a essa terceira agenda do golpe: a primeira é a reforma trabalhista, a segunda é a reforma da previdência e a terceira é a reforma política.

Os donos do poder sabem que não possuem mais quadros políticos a altura de representar o Brasil. Numa eventual conjuntura onde Lula esteja impedido de se candidatar, eles sabem que a própria Dilma conseguiria vencer uma eleição presidencial.

O Presidencialismo não interessa mais para os poderes reacionários e nem para as forças imperialistas. E eles farão de tudo para destruir esse regime para impôr aquele que sempre foi o seu sonho: o Parlamentarismo à brasileira, enfestado de coronéis prontos para negociarem nossa soberania nos sujos balcões de uma nefasta capital vendida e encravada no cerrado da América do Sul.

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