Um novo cenário

Neste final de semana, dentro da estratégia exaustivamente usada, provavelmente Marina Silva será apresentada pela revista “Veja” como a “salvadora da pátria”

Neste final de semana, dentro da estratégia exaustivamente usada, provavelmente Marina Silva será apresentada pela revista “Veja” como a “salvadora da pátria”
Neste final de semana, dentro da estratégia exaustivamente usada, provavelmente Marina Silva será apresentada pela revista “Veja” como a “salvadora da pátria” (Foto: Ribamar Fonseca)


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A morte brutal de Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República, no acidente com o jato que o transportava do Rio de Janeiro para Santos, além de causar comoção nacional também deverá provocar profundas transformações no cenário político e eleitoral do país. A sua coligação tem dez dias para apresentar o seu substituto na corrida sucessória, mas as especulações sobre o nome a ser escolhido já começaram e a ex-senadora Marina Silva, que integrava a sua chapa como vice, surge como o nome mais provável. Se isso se confirmar haverá grandes alterações no quadro eleitoral, ampliando-se inclusive a possibilidade de um segundo turno.

Justamente por acreditar nessa possibilidade é que a máquina midiática antipetista já começou a movimentar suas engrenagens em favor da escolha de Marina. Antes mesmo da identificação das vítimas do trágico acidente – e ainda com máscaras compungidas de pesar afiveladas no rosto – muita gente já começou a tramar em favor da ex-senadora acreana. A manifestação dos colunistas Merval Pereira e Arnaldo Jabour é apenas o início dessa pressão, que deverá se intensificar com exagerados incensos da chamada Grande Imprensa a Marina que, neste final de semana, dentro da estratégia exaustivamente usada, provavelmente será apresentada pela revista "Veja" como a "salvadora da pátria".

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Para completar o processo de unção da ex-senadora, utilizando os instrumentos de que dispõe, a oposição deverá também fazer às pressas uma pesquisa de intenção de votos já incluindo o nome dela, mesmo não tendo a coligação definido ainda o substituto do ex-governador pernambucano. O resultado da pesquisa, no entanto, será decisivo para a definição do novo candidato. Isso não significa, porém, que eles sejam admiradores ou eleitores de Marina Silva, mas apenas que veem nela agora o melhor trunfo para levar o pleito para o segundo turno e, desse modo, facilitar a vida do seu candidato, Aécio Neves, que não consegue sair do lugar na corrida sucessória.

O tiro, porém, pode sair pela culatra. A ex-senadora, que concorreu nas eleições presidenciais passadas e obteve cerca de 20 milhões de votos, efetivamente poderá ser o fator que faltava para levar o pleito para o segundo turno, o que certamente criará novas dificuldades para o projeto de reeleição da presidenta Dilma Rousseff no primeiro turno, mas poderá, também, causar mais prejuízos ao candidato tucano que, inclusive, correrá o risco de cair para o terceiro lugar. A explicação é simples: Marina, mais conhecida nacionalmente do que Aécio, além de recuperar os votos que se dispersaram após sua filiação ao PSB, deverá herdar o eleitorado de Eduardo Campos, até por uma questão emocional, e atrair os votos de eleitores que haviam se bandeado para o candidato tucano por falta de outras opções, já que não votavam em Campos e em Dilma. E isso poderá levá-la a ultrapassar o senador mineiro, que tenderá a cair.

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Conclui-se, daí, que a presença de Marina Silva como titular na corrida sucessória complicará não apenas a vida da Presidenta na sua perspectiva de vencer o pleito no primeiro turno, conforme atestaram as últimas pesquisas, mas, também, a do seu principal opositor, o senador Aécio Neves, do PSDB. E o acidente, que ceifou a vida de sete pessoas, incluindo a do candidato Eduardo Campos, vai acabar interferindo no processo eleitoral, com a possibilidade de produzir um desfecho inesperado, até então impensável, nas eleições presidenciais deste ano: Marina e Dilma num segundo turno.

Embora todas as especulações apontem para a ex-senadora acreana, porém, a sua definição como substituta de Campos na sucessão presidencial não parece favas contadas. Ela enfrenta resistências dentro do PSB, onde fez alguns adversários de peso durante a formação de alianças. Essas resistências, no entanto, poderão ser superadas com o resultado das pesquisas já em andamento, pois tudo leva a crer que os números lhe serão favoráveis como uma nova opção no processo sucessório. E enquanto o Brasil chora a morte de uma das suas mais promissoras lideranças políticas, alguns abutres já se empenham em tirar proveito da nova situação criada pela tragédia. Infelizmente.

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