Um grito parado no ar

"Pelo tamanho do arroubo golpista de Bolsonaro, e pela extensa lista de transgressões presidenciais, um 'fora Bolsonaro' espontâneo e vigoroso não soaria irresponsável. Impeachment, sim, requer rigor técnico, embasamento teórico, e detalhamento jurídico. Um 'fora Bolsonaro' é o grito parado no ar", diz Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)


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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

A sabedoria popular aconselha: “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”. Mas que uma gota de pimenta aguça o sabor do caldo, é inegável. Isso posto, vamos aos fatos. Os movimentos e partidos de oposição ao governo de Jair Bolsonaro decidiram na tarde de quinta-feira (27) convocar manifestação por todo o país. Maravilha. Como dizem os jovens, “demorô”. A pauta é “em defesa da democracia e contra manifestações autoritárias do presidente. O tema (ou palavra de ordem, como se dizia nos bons tempos do movimento estudantil) será “Ditadura Nunca Mais” e a ideia é centrar força no dia 18, após o “desfile cívico” dos bolsominions, marcado para o dia 15.

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Tudo bem que, conforme já apontaram vários analistas, embora haja motivos de sobra para se consignar crime de responsabilidade cometidos por seu Jair, não seria conveniente fazer um chamamento pelo “impeachment já”. A ala progressista andou catatônica, a população perplexa e não há organização para colocar massa nas ruas, com o peso necessário para puxar a aprovação de um impeachment. 

Além de ter se transformado em um grande trauma. É bom lembrar que quando colocaram em marcha a proposta de impeachment contra Dilma Rousseff, o índice de desemprego era de históricos 4,3%. O impeachment, com ou sem mobilização (a menos que seja avassaladora) não passa pelo Congresso (das bancadas do Boi, da Bala e da Bíblia) e ainda há o risco de valer como carta de apresentação para Bolsonaro em 2022, para permanecer no poder

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O bordão “é só tirar a Dilma” nos legou a elevação desse índice para próximo de 14% de desempregados e jogou 40% de trabalhadores na informalidade. O resultado foi a estagnação. Do nosso lado, nos levou a um inexplicável recolhimento. 

Os motivos da ausência das ruas são vários, tais como a falta de recursos das centrais para sair com o carro de som, a sofisticação do aparato repressivo, que andou cegando manifestantes nos países vizinhos, e a falta de vozes para puxar o bloco, em cima do caminhão. E foram tantas as pautas, que os partidos e movimentos começaram a bater cabeça. Agora a rua se abre, enfim, como possibilidade.

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Entende-se a precaução dos que estão construindo uma frente de oposição. Entende-se que ela deve abranger mesmo os que de toda forma nos levaram a este beco sem saída. Entende-se a necessidade de explicitar a postura autoritária do governo. No entanto, os próprios participantes da reunião constataram um arrefecimento dos ânimos bolsominions nas redes. A hora é a de deixar os que atenderem à convocação soltar a voz, para tomar o pulso do que quer essa massa. Ouçamos a voz das ruas. 

Pelo tamanho do arroubo golpista de Bolsonaro, e pela extensa lista de transgressões presidenciais, um “fora Bolsonaro” espontâneo e vigoroso não soaria irresponsável. Impeachment, sim, requer rigor técnico, embasamento teórico, e detalhamento jurídico. Um “fora Bolsonaro” é o grito parado no ar. A propósito: ditadura nunca mais.

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