Um filme sem mocinhos, só de bandidos

Partindo de quem fala, é interessante analisar essa despedida melancólica de um político que tanto perseguiu, processou, desrespeitou os adversários em seu Estado

Partindo de quem fala, é interessante analisar essa despedida melancólica de um político que tanto perseguiu, processou, desrespeitou os adversários em seu Estado
Partindo de quem fala, é interessante analisar essa despedida melancólica de um político que tanto perseguiu, processou, desrespeitou os adversários em seu Estado (Foto: Michel Zaidan)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O ex-governador de Pernambuco, em seu discurso de despedida do Senado, afirmou que a política brasileira parecia "um filme de terror, onde os mocinhos morrem todos no final". Partindo de quem fala, é interessante analisar essa despedida melancólica de um político que tanto perseguiu, processou, desrespeitou os adversários em seu Estado. Há muito tempo se fala dos aleijões, das deformações e patologias do sistema político brasileiro que, aliás, permitiram que uma criatura legitimamente sua venha se arvorar em "Catão" da República petista. Ainda não se fez a autópsia do cadáver dessas administrações do PMDB (e suas alianças monstruosas) aqui em Pernambuco. Em algum momento, um crítico com a necessária imunidade aos humores acrimoniosos desse ex-governador colocará o dedo das feridas dessas gestões "virtuosas" e extrairá o conteúdo verdadeiro do que foram elas para o interesse público do nosso estado.

Foi este cidadão republicano e virtuoso que inaugurou entre nós o modelo das administrações do "salesman" e da agenda gerencial do estado. Como o gerente mais bem compenetrado do evangelho PSDbista de FHC, o ex-governador pôs em prática a fórmula da alienação do patrimônio público, publicizou as políticas sociais e desmontou os mecanismos de fiscalização da administração pública. "Vendeu" o Estado à base de uma fabulosa renúncia fiscal às empresas e perseguiu como pôde os críticos, os adversários, os que nunca concordaram com esse modelo de gestão pública-privada. E ainda se valeu da marketização agressiva dos símbolos oficiais do Estado para produzir um arremedo de "cultura cívica"; para o que deve ter sido de muita valia a propaganda do "Pernambuco dá Sorte". Dá sorte a quem?

continua após o anúncio

As parcerias com as fundações (sem fins lucrativos?) empresariais vieram substituir a rede pública de ensino e a justa valorização do magistério. Contratos e convênio milionários com a Fundação Roberto Marinho e a Fundação Ayrton Senna, com suas tele-salas e seus monitores, estes contratados por cooperativas de trabalho ao arrepio da legislação trabalhista. E o que dizer da contribuição desse famoso estadista para o aperfeiçoamento do sistema partidário brasileiro? - Ele simplesmente implodiu o sistema partidário de Pernambuco, depois de sua vitória contra Miguel Arraes de Alencar, numa das disputas mais litigiosas que já tivemos. E que continuou, depois da eleição.

É muito ilustrativo ver agora o destemido e valente parlamentar - que fará sua reestreia na Câmara dos Deputados - eleito através do palanque do seu arqui-inimigo, o falecido Eduardo Campos, depois de ter tripudiado sobre o cadáver político do velho Arraes. Sinal dos tempos. O ciclo encerrou-se. Fica a assombração, a carantonha de quem foi outrora o oposicionista autêntico do antigo PMDB de Pernambuco.

continua após o anúncio

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247