Um domingo como qualquer outro

"Tirando o primeiro bloco, o debate foi igualzinho a um dia de domingo sem o futebol do Fluminense: xoxo, bobo, sem graça", diz Eric Nepomuceno

Lula e Jair Bolsonaro
Lula e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/YouTube)


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Por Eric Nepomuceno, para o 247

O domingo 16 de outubro foi como um domingo deve ser: dia bobo e morno, sem graça.

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Almocei tarde um vermelho no forno com batatas cozidas, beberiquei um rosê portugués de qualidade, liguei para um amigo, e fiquei zanzando no computador atrás de canções do imenso uruguaio Alfredo Zitarrosa.

Quando faltavam três minutos para as oito me plantei diante da televisão, cigarrinhos do lado e um uísque na mão.

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E aí começou o debate.

No primeiro bloco Lula esbanjou mostras de firmeza, demolindo um Jair Messias abobalhado com denúncias mais que fundamentadas sobre o comportamento genocida diante da pandemia.

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Depois foi se mostrando cansado e, no final, uma distração dele acabou sendo fatal para Jair Messias.

Deixar o desequilibrado e desclassificado mandatário falar sozinho durante mais de seis minutos poderia ser arrasador para qualquer um. E, em se tratando de Jair Messias, realmente foi – só que arrasador para ele mesmo.

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Em vez de atacar Lula, que teria de ficar mudo e no máximo pedir um improvável direito de resposta, ele preferiu falar para os seus convertidos, como se estivesse no chiqueirinho do Palácio da Alvorada.   

Tirando o primeiro bloco, o debate foi igualzinho a um dia de domingo sem o futebol do Fluminense: xoxo, bobo, sem graça.

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Ninguém ganhou, ninguém perdeu, ninguém converteu ninguém.

Então, o que sobrou? Qual a serventía?

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Bem: serviu para, uma vez mais, deixar escancarada a pessoa que preside este país destroçado. Deixar claríssimo o elevado grau de boçalidade ostentado por Jair Messias, e uma vez mais manter flutuando a pregunta que continua à procura de um sem-fim de respostas: como é possível que semelhante besta-fera tenha tanto voto?

Serviu também para realçar o caráter e a decência – ou melhor, a ausência irremediável de qualquer vestigio de caráter e decência – de Sérgio Moro, aquele que, em seus tempos de juiz, não fez mais que demonstrar como era venal, manipulador e parcial.

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Resumindo: foi para isso, e somente isso, que o debate serviu. Deixar claro uma vez mais quem é Jair Messias, quem é Sérgio Moro, e o que foi feito deste Brasil que ainda despeja tanto voto no pior presidente da história da República e elege canalhas para o Senado.

Não foi sem motivos que perdi o sono. E tornei a me afogar na belíssima e indignada beleza das canções de Zitarrosa, em especial no seu “Adagio en mi país”. 

E principalmente num de seus versos: “en mi país somos duros/ el futuro lo dirá”.

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