Um dia chave para a América Latina
"Para além das fronteiras colombianas, o resultado poderá ter reflexos em todo o continente", diz Eric Nepomuceno sobre a eleição presidencial na Colômbia
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Por Eric Nepomuceno, para o 247
Hoje é um dia chave não apenas para a Colômbia, que terá seu primeiro turno da eleição presidencial, mas para toda a América Latina: pela primeira vez um candidato declaradamente de esquerda – e mais: ex-guerrilheiro – surge como favorito.
Trata-se de Gustavo Petro, que enfrentará o candidato da direita tradicional, Federico Gutiérrez, e um populista de extrema-direita, Rodolfo Hernández.
Nas últimas semanas o populista disparou nas pesquisas, a ponto de encostar no direitista.
Aliás, e por falar em pesquisas, nas mais recentes Petro gira ao redor da marca de 40% das intenções de voto, contra 27% de Gutiérrez e 23% de Hernández.
Convém destacar que Hernández se alia perfeitamente ao que há de mais radical na extrema-direita. É uma espécie de mistura entre Donald Trump e Jair Messias, com alguns detalhes mais explícitos, como sua admiração discreta por Hitler e companhia. Também defende que todos os políticos, sem exceção, sejam mandados para a cadeia.
O que explica sua súbita ascensão é algo muito parecido ao que elegeu Jair Messias no Brasil: uma parte do eleitorado querendo evitar o “mais do mesmo”, ou seja, a direita tradicional frente à esquerda.
Ao contrário dos meios hegemônicos de comunicação brasileiros, as atenções de todos da América Latina, de vários países europeus (com destaque para França e Espanha) e dos Estados Unidos estão postas na Colômbia.
E a razão é clara e simples: para além das fronteiras colombianas, o resultado poderá ter reflexos na América do Sul e, por consequência, em todo o continente latino-americano.
Uma vitória da esquerda serviria para consolidar um bloco importante, reunindo as principais economias da região (Argentina, Peru, Chile, Colômbia), além da Bolívia e suas estratégicas reservas minerais.
Também serviria para isolar ainda mais, se é que isso é possível, o pária global Jair Messias.
E, com uma possível vitória de Lula, o bloco em questão ganharia um peso especialmente significativo.
As expectativas na Colômbia são elevadas. Não há previsão de uma vitória de Petro no primeiro turno, embora essa possibilidade não seja totalmente descartada pelos analistas.
Além disso, não se sabe como as Forças Armadas irão reagir – tanto se essa vitória acontecer, como na campanha de um eventual segundo turno.
A única certeza é que as relações entre seu eventual governo e os quartéis serão tensas.
Agora, é esperar para ver.
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