Um castigo para o crime homofóbico

Este é um livro que merece a leitura de homossexuais, heterossexuais, militantes de direitos humanos, socialistas, comunistas, estudantes, homens, mulheres, toda e qualquer pessoa enfim. É uma novela policial em ritmo de suspense, ou de thriller



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Para todos e todas, atenção por favor para este anúncio: o livro “O Matagal”, de Nuno Kembali, será lançado amanhã no Recife, a partir das 19horas na Venda Bom Jesus, Praça do Arsenal. 

Agora, mais alguns esclarecimentos; este  é um livro que poderia ser visto como uma vingança literária contra o crime homofóbico. Ou até mesmo como uma justiça ficcional contra os criminosos que não ousam dizer o seu nome, para lembrar a frase imortal de Oscar Wilde. Sim, criminosos gay. Pois nada mais é perversamente homossexual que o assassinato de pessoas LGBT, no mesmo ato em que os homicidas negam bárbaros o próprio homossexualismo. Os criminosos punem a si mesmos no que para eles é o mais horroroso. E por isso perpetram o horror. 

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Se em linhas gerais, em nível teórico é assim, esta novela faz a sua condenação de outra maneira, em um tribunal e leis criados pela literatura. E a sua eficácia não é menor. O autor já lembrou que “aprendemos e ensinamos mais com literatura ficcional que com teorias”. É verdade. Desde os gregos nas tragédias e na Odisseia, muito aprendemos e compreendemos a vida pelo mundo da literatura. No caso particular desse livro, Nuno Kembali escreveu uma denúncia sem medo do escândalo, porque usa palavras chulas da realidade crua e cruel do Brasil. Mas como poderia ter boas maneiras diante da hipocrisia que tudo esconde? 

Este é um livro que merece a leitura de homossexuais, heterossexuais, militantes de direitos humanos, socialistas, comunistas, estudantes, homens, mulheres, toda e qualquer pessoa enfim. É uma novela policial em ritmo de suspense, ou de thriller: 

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“O carro foi estacionado em um matagal afastado da cidade. Com lanternas acesas, os dois homens arrastaram o corpo de José para fora do carro. Uma das lanternas apontou para o rosto de José. O que se via era uma pessoa aterrorizada. Nessa hora ele pediu mais uma vez aos céus que o salvassem. Como os céus não o ouvissem, pensou em seu amado que se encontrava fora do país, em viagem a trabalho.”

Mas é novela policial diferente, pela denúncia de um crime homofóbico, que recebe o maior cinismo pelo acobertamento do homicídio. Este é o inquérito montado, como dele falam os policiais:  

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“- Vamos colocar em prática um plano em que o rapaz (o companheiro do morto) se sinta acuado. Em primeiro lugar, vamos contar-lhe uma estória de promiscuidade de seu amante. Para todos os efeitos, José era um puto que fodia com tudo quanto é viado na cidade, enquanto o outro viado viajava pelo mundo afora. Em segundo lugar, o viado morto trepava tanto que tinha pego Aids e passado a maldita aos seus parceiros. Em terceiro lugar, a linha mais forte de investigação é que o viado foi morto por alguém que foi infectado por ele”

Com pequenas adaptações, esse é o mesmo método da investigação do caso Marielle Franco. Como bem lembrou Nuno Kembali em mensagem,  esta “história poderia se passar em qualquer lugar do Brasil, esse imenso matagal”.  E assim o autor escreveu uma punição inesperada. Uma autêntica vingança literária nestes malditos tempos de Bolsonaro. 

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De “O Matagal” vem esta certeza: não se destrói uma realidade humana pelo crime. Nem mesmo nestas horas de pesadelo que passamos toda a gente brasileira. 

Não percam essa vingança literária. 

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