Um candidato a ditador à procura de um partido

Para Alex Solnik, Jair Bolsonaro "não consegue se enquadrar em nenhum partido grande porque não é aceito, essa agenda é incompatível com a democracia e tenta agora se apoderar de um partido pequeno de aluguel, com a condição de ser o 'duce'. São partidos sem ideologia alguma, copos vazios a serem preenchidos, mas, aquele que patrocinar a candidatura de Bolsonaro vai se transformar, de imediato, num partido de extrema direita, seja qual for o seu nome. E estará patrocinando não um candidato a presidente da República, mas um candidato a ditador"

Jair Bolsonaro 
Jair Bolsonaro  (Foto: Alex Solnik)


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Pela segunda vez na história do Brasil uma pessoa de perfil de extrema direita pretende se candidatar a presidente da República.

A primeira foi em 1937, quando Plinio Salgado tentou se candidatar pelo Partido Integralista às eleições presidenciais do ano seguinte, cujo vencedor deveria suceder a Getúlio Vargas.

Os integralistas eram uma cópia quase fiel dos fascistas italianos e tinham a mesma agenda truculenta.

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Quando, em 1917, os trabalhadores russos derrubaram o czarismo e tomaram conta dos meios de produção, fato inédito na história da humanidade, a centelha se espalhou por toda a Europa.

A resposta dos patrões ao avanço dos operários foi a criação do fascismo na Itália.

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Os fascistas não eram apenas contra os comunistas; eram anticomunistas, ou seja, pretendiam a destruição dos comunistas, tal como o antissemitismo prega o aniquilamento dos judeus.

Os fascistas brasileiros, que desfilavam de uniformes negros na Praia do Flamengo nos anos 30, antes do Estado Novo, faziam a mesma coisa: promoviam sangrentas batalhas campais com os comunistas nas ruas do Rio de Janeiro, das quais resultavam mortos e feridos, preparando o clima para a implantação do regime autoritário.

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Getúlio convenceu Plinio Salgado a desistir da candidatura em troca de um futuro ministério no governo do Estado Novo e da preservação do seu partido em detrimento dos demais, mas o enganou: depois do golpe, nem o fez ministro nem preservou seu partido, acabou com todos de uma vez. Ao que os integralistas reagiram com um "punch" no qual tentaram matar Getúlio.

Somente em 1946, com a redemocratização imposta pelo governo americano aos generais do exército brasileiro, que depuseram Getúlio, os partidos voltaram a existir, mas o Partido Integralista jamais retornou, certamente porque a extrema direita não encontra repercussão suficiente na sociedade brasileira para tal.

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O deputado Jair Bolsonaro é o Plinio Salgado redivivo, embora não exista até hoje nenhum partido de extrema direita no Brasil, o que explica a sua inadequação ao quadro político brasileiro.

Tendo se filiado e desfiliado de vários partidos, em nenhum deles encontrou apoio para sua agenda destrutiva que prega o aumento da violência – facilitando a população a se armar; a tortura – que apoia publicamente; a ditadura – da qual tem saudades; o assassinato em massa –já declarou que faria bem ao país fuzilar FHC e mais 30 mil brasileiros; e o fim da democracia –fechar o Congresso Nacional é outra intenção que já revelou publicamente.

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Ele não consegue se enquadrar em nenhum partido grande porque não é aceito, essa agenda é incompatível com a democracia e tenta agora se apoderar de um partido pequeno de aluguel, com a condição de ser o "duce".

São partidos sem ideologia alguma, copos vazios a serem preenchidos, mas, aquele que patrocinar a candidatura de Bolsonaro vai se transformar, de imediato, num partido de extrema direita, seja qual for o seu nome.

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E estará patrocinando não um candidato a presidente da República, mas um candidato a ditador.

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