Um ato de solidariedade
O mundo pode não mudar como um todo, mas se começarmos de nós, alguma coisa já estaremos movendo em prol disso
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Outro dia, assisti a um vídeo em que uma menininha cortava espontaneamente seu cabelo e dizia ter vontade de doar para meninas como ela que eram doentes de câncer.
Chorei ao ver aquela menininha falando de forma tão natural e ensinando a um monte de adultos a olhar menos as vaidades e bobagens em que nos apegamos e que podemos fazer da qualidade de vida de pessoas que estão precisando muito mais, a autoestima de gente que está sem esperança e que precisa, muitas vezes, de um afago como esse para sobreviver às dores e medos de uma doença tão violenta, que assusta e mexe com o doente.
Não tenho cabelos longos, não tenho cabelos fortes, e ao contrário, com os anos tenho perdido cabelos, ou seja, não poderia fazer o mesmo gesto, infelizmente.
Sempre admirei uma jovem que se chama Júlia. Ela é aluna de iniciação científica auxiliando um doutorando que foi para Espanha pelo "Ciência sem Fronteiras" e depois teve que assumir na Federal da Bahia como professor no laboratório de pesquisas em que trabalho na UFRJ. Achava uma pessoa serena, educada, linda, e sempre me chamou atenção algo nela. O grande e lindo cabelo.
Talvez, por não ter um cabelo forte, ser tão ralinho e fraco, não ter quase, eu olhava sempre os cabelos da Júlia e observava como eram lindos.
Não, não era inveja. Eu olhava com carinho. E ela sabe que tenho carinho por ela.
Outro dia, no Facebook, vejo a foto da Júlia cortando o cabelo, e mostrando o resultado. Ficou linda, mas de primeira lamentei, depois vi o pedaço imenso do cabelo em forma de rabo de cavalo. E logo a seguir, as sequência ela falando sobre não se importar em cortar o cabelo para o que ela iria fazer, que seria doá-los.
Fiquei emocionada, e incrível que a Júlia ficou mais linda ainda. Da menina, virou mulher, parecia mais chique ainda do que ela já demonstra ser.
Perguntei a ela o que levou a fazer isso, e como ela iria entregar o material – o seu cabelo cortado. Ela me explicou que ela cortou e vai entregar a uma amiga que faz perucas e depois vai a uma instituição que cuide de pessoas com câncer, não me lembro se disse serem, preferencialmente crianças, mas sei que ela dedicaria o que jogaria fora a um destino diferente, o de dar alegria, beleza e resgatando a autoestima de alguma pessoa que precisasse, que tivesse perdido os cabelos pelo câncer.
Indaguei ainda se ela tinha visto o mesmo vídeo que eu. Ela me disse que não, não conhecia tal vídeo e que fez por ter vontade mesmo de ajudar.
Ela me emocionou e me fez pensar como há pessoas que, com pequenos gestos como esse, fazem toda diferença nesse mundo.
Pois bem, se a Júlia me chamava atenção por sua atitude sempre educada, discreta, sempre tão focada em seu trabalho, mostrando uma maturidade que muitos que já vi ali por aquela bancada não possuem, hoje eu percebo que há uma alma, uma mulher de grande valor.
Sejam júlias em sua vida e busquem em pequenos gestos individuais fazerem a diferença. Quem sabe assim, façamos desse mundo muito melhor.
O mundo pode não mudar como um todo, mas se começarmos de nós, alguma coisa já estaremos movendo em prol disso. A perturbação começa dentro de nós.
Implodamos nossas inquietações e geremos o exemplo do fazer o bem.
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