UDN 2022: moralismo ruim de voto e bom de golpe
É preciso muito contorcionismo retórico, mentiras mesmo, para descrever Lula como o equivalente de esquerda a Bolsonaro
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Ciro Gomes, Luiz Henrique Mandetta e Eduardo Leite debateram num evento do Centro de Liderança Pública em parceria com o jornal “O Estado de S. Paulo”, o impoluto “Estadão”. Sempre udenista, o jornalão faz das tripas coração para demonstrar que o Brasil estaria em sinuca ao ter que optar entre Lula e Bolsonaro em 2022.
O candidato ideal para os históricos conservadores talvez seja uma mistura dos três debatedores, alguém que aglutine as qualidades apregoadas pelo jornal que, em 3 de abril de 1964, estampou em manchete: “Democratas dominam toda a Nação”.
É preciso muito contorcionismo retórico, mentiras mesmo, para descrever Lula como o equivalente de esquerda a Bolsonaro. Ao contrário, não é necessário esforço para lembrar que o petista governou o país por oito anos e em nenhum momento emitiu uma palavra sequer em afronta à democracia e às instituições que lhe dão sustentação, reduziu a pobreza, ganhou respeito e admiração globais. Poderia ter obtido do Congresso carta branca para sua segunda reeleição, mas preferiu cumprir a Constituição. Jamais sobrepôs sua preferência pessoal às indicações corporativas para a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal.
Interessante ver “Estadão” e Globo (jornal, canais de TV e rádio) a bater duro no governo Bolsonaro. Como mea culpa não lhes integra o dicionário, ambos não explicam por que trabalharam tanto para que a Lava Jato encarcerasse o ex-presidente, de posse de quem não se encontrou nenhum centavo advindo de corrupção.
Os arautos da terceira via – comentaristas tucanos e tucanas, na maioria, cada vez mais afeitos à velha UDN – sofrem de carência de nomes, portanto apegam-se a potenciais náufragos eleitorais.
Ciro Gomes veste o moralismo de um Enéas – “meu nome é Ciro!”, logo bradará. Mandetta é bolsonarista arrependido. Eduardo Leite flerta com o progressismo ao assumir-se gay, mas terá de dizer com que cara apoiou um candidato a presidente francamente homofóbico, como já lhe cobrou Jean Willys. O governador gaúcho, além disso, terá de brigar com seu congênere paulista, João Doria, dentro do ninho tucano.
Sonho de consumo dos udenistas do Século XX I, Sérgio Moro está nos Estados Unidos a desfrutar daquilo que a Lava Jato lhe proporcionou – emprego muito bem remunerado fora do país e execração por seus pares da comunidade jurídica.
Depreende-se do cenário em tela que o udenismo, como sempre coberto pelo moralismo mais hipócrita, esforça-se para encontrar seu nome em 2022. Continuará esgoelando-se contra a corrupção – a dos outros – e urdindo golpes para compensar os votos que nunca teve.
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