Ucrânia pintada para a guerra

"Putin também não sabe como o mundo vai reagir se ele de fato atacar sem haver algum fato novo", diz o jornalista Alex Solnik

Presidentes Volodymyr Zelensky (Ucrânia), Vladimir Putin (Rússia) e a região separatista de Donetsk
Presidentes Volodymyr Zelensky (Ucrânia), Vladimir Putin (Rússia) e a região separatista de Donetsk (Foto: Reuters)


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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Uma coroa de flores foi encontrada, ontem, na porta do consulado russo da cidade de Kharkiv, na Ucrânia.

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Trazia a seguinte inscrição:

“Vão para casa! Sem vodka”!

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Mal traduzindo, algo como “Yankees, go home”!

“Este é apenas um presente de despedida para nossos ‘bons amigos’ do consulado russo, cujo fechamento exigimos várias vezes; espero que as relações diplomáticas sejam cortadas” disse o representante do grupo “Svitanok”, que assumiu a autoria do protesto ao site Unian, de Kiev.

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Este é um pequeno exemplo do clima de beligerância que se instalou no país depois de Putin reconhecer a independência de Donetsk e Lugansk, anteontem. Lá como cá, as reações mais radicais bombaram nas redes sociais. Putin foi chamado de “babaca”. Memes escatológicos pipocaram nas plataformas.   

Hoje, o tempo fechou de vez. Estado de emergência em todo o país. Liberdades democráticas suspensas. 

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O prefeito de Kiev, Vitali Klitchko explicou como serão os próximos 30 dias na capital.

Ele descartou toque de recolher (mas pode haver em outras cidades, principalmente nas vizinhanças de Donetsk e Lubansk). Recomendou que ninguém saia de casa sem documento de identidade. Risco de cadeia. E lá ninguém quebra o galho de ninguém.

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Também avisou que haverá postos de controle nas entradas da cidade,  policiamento reforçado, eventos de massa e greves estão proibidas, controle estreito de radioamadores, permissão para busca pessoal, recrutas e reservistas não podem mudar de casa. Além de outras restrições inerentes a um país sob ameaça de ataque.

E terminou assim:

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“Devemo-nos preparar para a qualquer momento defender nossas casas, nossas famílias, nossa cidade e nosso país”.

O ministro da Defesa, Oleksi Reznikov celebrou, em sua conta na rede social, em tom poético, a chegada de aviões de caça de um país aliado:

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“Aves da Letônia chegaram”! 

Os presidentes da Polônia, Andrej Duda e da Lituânia, Gitanas Nauseda, defenderam, ao lado do presidente Volodomir Zelensky o ingresso da Ucrânia na Comunidade Europeia.

Um processo complexo e demorado. Há vários países na fila esperando decisões de Bruxelas.

É evidente que não interessa à Ucrânia, com seus 200 mil soldados, entrar em guerra com os 900 mil da Rússia, isso sem contar tanques e outros equipamentos bélicos em que os russos levam vantagem. A Ucrânia não vai tomar iniciativa.

Ninguém, nem a CIA, sabe o que Putin vai fazer. Como ex-KGB, ele mente o tempo todo para confundir os inimigos. Ora diz que vai mandar tanques, ora desmente, mas não há certeza se os tanques estão se aproximando da fronteira.

Putin também não sabe como o mundo vai reagir se ele de fato atacar sem haver algum fato novo. Sua declaração de independência de Donetsk e Lugansk não foi apoiada nem por seus aliados mais fiéis. 

Mas o fato é que a partir de zero hora de amanhã a Ucrânia estará pintada para a guerra.

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