"Ucrânia neutra", primeiro passo para a paz
"A concessão da 'Ucrânia neutra' é o passo mais importante até agora em direção ao cessar-fogo, mas é só o primeiro. Há muitos pela frente", escreve Alex Solnik
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Por Alex Solnik
Embora não se possa, em tempos de guerra, levar exatamente ao pé da letra declarações das partes envolvidas no conflito, foi alentador ouvir o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov a respeito da proposta colocada hoje na mesa de negociações pela Ucrânia, anunciada horas antes pelo negociador e assessor especial de Putin:
“Kiev ofereceu status neutro para a Ucrânia, de acordo com o modelo sueco ou austríaco”, informou Vladimir Medinsky.
Peskov disse à agência Tass, do governo, que “esta opção está sendo discutida pelo Kremlin” e que “a versão austríaca ou sueca de um estado desmilitarizado na Ucrânia pode ser vista como um compromisso”. Em vista disso, “a situação em torno da Ucrânia pode melhorar”.
“Negociações soam mais realistas”, declarou Zelensky em sua mensagem à nação.
Mais tarde, porém, pediu aviões de combate ao Congresso norte-americano, ignorando as consequências, que seriam catastróficas, e por isso reiteradamente recusadas.
E mostrando que entre guerra e paz a situação balança.
Pressionado pelos rumores de que está perdendo a guerra, Putin fez uma declaração sucinta à agência Tass:
“A operação está progredindo bem. Em estreita conformidade com os planos pré-aprovados”.
Putin também reclamou do “cancelamento” da Rússia. É verdade que a Rússia está sendo cancelada. Mas Putin não tem a quem recorrer.
Nem ao Papa.
Aos dois lados interessa parar a guerra, desde que Putin não saia com pecha de derrotado, nem Zelensky como quem capitulou ao vizinho mais forte.
A concessão da “Ucrânia neutra” é o passo mais importante até agora em direção ao cessar-fogo, mas é só o primeiro. Há muitos pela frente. Oficialmente, o Kremlin não estabelece data para o fim da invasão, mas há rumores de que é questão de semanas, não passa de maio.
Os negociadores terão de discutir não só o cessar-fogo, mas como será a convivência entre os dois países depois do cessar-fogo.
Rússia e Ucrânia vão seguir sendo vizinhos. E a convivência pacífica entre eles não só é fundamental para seus povos, mas para todo o mundo, como estamos vendo a cada dia dessa guerra.
Também deverão ser discutidas as relações da Rússia com o resto do mundo. As sanções não podem ser eternas. Nem os russos podem ser castigados porque seu líder enveredou por uma aventura arriscada e sanguinária.
Os elos terão de ser refeitos. O mundo é importante para a Rússia e a Rússia é importante para o mundo.
Putin passa, a Rússia fica.
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