Tudo pode acontecer, inclusive nada

A percepção que a política brasileira passa é de que tudo pode acontecer, inclusive nada. A ciência política não analisa os próximos passos com o mínimo de convicção, os partidos batem cabeça, as lideranças não comunicam com coesão, são ao mesmo tempo azarões empacados e favoritos disparados

(Foto: Agência Brasil)


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Com os fracassados atos da última semana, dia 7 por excesso de bravata e dia 12 por ausência de povo, o cenário que se apresenta é aquele que, cada vez mais, vai se consolidando como inevitável: É Lula e Bolsonaro no segundo turno. 

Depois da manifestação, ou ‘ato falho’, do dia da independência, quando desferiu palavras duríssimas contra as instituições democráticas e ameaças pessoais a ministros do STF, Bolsonaro teve que recuar da imensa mobilização de seus apoiadores. 

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Esse recuo trouxe uma frustração enorme no meio bolsonarista, que conta com gente foragida, gente presa, gente internada, por acreditarem nas bazófias do presidente falastrão. 

Se fosse Bolsonaro dotado de razoabilidade psíquica, agiria com sensatez e tentaria reverter sua impopularidade através de ações concretas que aliviasse o peso da recessão que se abate sobre todos nós 

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O ato convocado pelo MBL foi uma armadilha para a esquerda, um blefe muito mal executado que não teve o resultado esperado. As ruas ficaram vazias, com meia dúzia de cartazes pedindo ‘Volta Temer’ e ‘Nem Lula, nem Bolsonaro’, foi uma manifestação pífia, do tamanho do caráter de quem organizou. 

O insucesso desta manifestação foi comemorado por aliados de Bolsonaro, que chamaram o evento de ‘reunião da oposição’, com a imprensa tradicional se fazendo de ‘burra’ para tentar embrulhar a esquerda. O ato da esquerda está convocado para o dia 2 de outubro. 

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É claro que vivemos em um país instável onde tudo pode acontecer, como o impeachment, a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão, a inviabilização da candidatura de Lula por um processo requentado, ou até mesmo uma despirocada tentativa de golpe militar. 

Porém, outra perspectiva pode criar o seguinte cenário: Bolsonaro faz acordo pelo arquivamento dos inquéritos contra ele e seus filhos, incluindo a CPI, em troca de permanecer encoleirado para não prejudicar os ‘acertos’ firmados pela elite financeira. 

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Além de não atrapalhar o fluxo das mamatas, Bolsonaro aproveitaria o fato de não estar filiado a nenhum partido para não se candidatar à reeleição, deixando o caminho livre para ser ocupado pelo inchaço do antipetismo e pela parceria mídia/PSDB, para que tentem emplacar a sonhada candidatura tucana de raiz. 

Não podemos esquecer que o Centrão, o Supremo que se omitiu diante do golpe de 2016, os senadores Omar Aziz, Renan Calheiros e Simone Tebet, ‘estrelas’ da CPI, que votaram pelo impeachment de Dilma, são todos golpistas, e vão fazer o possível para que a democracia continue refém do capital. 

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A percepção que a política brasileira passa é de que tudo pode acontecer, inclusive nada. A ciência política não analisa os próximos passos com o mínimo de convicção, os partidos batem cabeça, as lideranças não comunicam com coesão, são ao mesmo tempo azarões empacados e favoritos disparados.

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