Tudo mudou, nada mudou
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Pronto. Duas pesquisas mostraram que Marina Silva parou de crescer mas consolidou-se como adversária da presidente Dilma para o segundo turno. Identificada a barreira de votos sólidos de Dilma e do PT - 74% de seus 35% de votos não admitem mudar de candidato - está claro que o furacão Marina arrasou o quarteirão eleitoral tucano, tomando-lhe boa parte do eleitorado. Segundo o Datafolha, 70% de seus 34% de eleitores também declaram-se decididos a votar nela. No frigir dos ovos, Marina não quebrou a polarização PT-PSDB, como desejava Eduardo Campos. Ela apenas substituiu o tucano na velha e conhecida polarização entre dois Brasis: os mais pobres, menos escolarizados e despossuídos que desejam a continuidade do projeto representado pelo PT, contra os mais escolarizados, remunerados e influentes das altas classes médias e segmentos da elite propriamente dita, empenhados, mais do que em outras eleições, em tirar o PT do governo central.
No eleitorado elitizado e anti-petista, segundo o Datafolha, durante o furacão Marina o tucano Aécio perdeu 13 pontos percentuais e Marina ganhou 14. A polarização mudou de nome, mas não de objetivo nem de projeto. Pelo contrário. A divulgação apressada do programa de governo de Marina Silva, explicitando as enormes afinidades com as propostas tucanas, e segundo Aécio Neves, até copiando algumas, foi calculada e bem sucedida. Não surgiu, pois, uma terceira via. O Brasil segue entre dois trilhos. Para além da mesma base social e da semelhança dos projetos PSB-PSDB, existem, é claro, as características individuais de Marina, que não favorecem sua candidatura. Assim como a personalidade de Dilma é um peso e uma ameaça para a continuidade petista. Estes traços terão seu peso no curso da disputa, podendo produzir os fatos novos capazes de alterar o quadro. Como escrito aqui ontem, o longo segundo turno no primeiro favorecerá o debate, a comparação, a racionalização das escolhas. E isso favorece Dilma, o caminho conhecido.
Existem ainda as diferenças de ordem politico-institucional. O PT que também já pregou uma nova politica, aprendeu a mover-se dentro da velha, montando coalizões que asseguram a estabilidade, com todos os vícios inerentes ao sistema. Marina prega uma nova politica que, dentro do velho sistema, sugere instabilidade e crise. Governar com os "melhores" indivíduos não garante maioria partidária, logo não assegura estabilidade. Este é o ponto, e não semelhanças pessoais com Collor ou Jânio.
Por isso, vença quem vencer a disputa sangrenta, nova politica só haverá se a futura presidente não peder um minuto de tempo e nem um grama de sua força política emanada das urnas para arrancar a reforma política.
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