Tudo é democrático, inclusive o “Fora Temer”

O 'Fora Temer', ou um 'Fora Dilma', um 'Fora Lula', um 'Fora qualquer um' são manifestações legítimas da sociedade. Proibir este tipo de manifestação, no mínimo, soa autoritário. Há um misto de rejeição séria e jocosidade cínica nessas mensagens. Sempre há



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O impeachment, como instituto constitucional, é democrático.

Os recursos judiciais previstos em lei, que muitas vezes a imprensa patrulha e tenta moralizar, são legais, constitucionais, e assim, são democráticos.

As defesas manejadas por advogados, nos processos judiciais também são democráticas, mesmo que muitos da sociedade se regozijem com as 'perdas' sofridas por advogados nas barras dos tribunais, coisa mais do que natural no mundo jurídico.

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Qualquer manifestação escrita, gestual ou falada, de cunho político ou social, que não seja tecnicamente uma 'ofensa', como as previstas na lei, e só na lei, não na cabeça de um moralista ou conservador de plantão, também são democráticas. Ainda que possam ser feias, inconvenientes, agressivas, cínicas, descaradas, deselegantes, geniais ou imbecis.

O 'Fora Temer', ou um 'Fora Dilma', um 'Fora Lula', um 'Fora qualquer um' são manifestações legítimas da sociedade. Proibir este tipo de manifestação, no mínimo, soa autoritário. Há um misto de rejeição séria e jocosidade cínica nessas mensagens. Sempre há.

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O 'Cala boca Galvão', utilizado há alguns anos contra o comentarista de esportes da Globo era outra forma de a sociedade se manifestar. Galvão Bueno, logicamente, não comprou a briga – não tinha como-, e ainda surfou na onda. Certamente há uma diferença natural entre Michel Temer, ocupante de cargo público, a quem a manifestação da sociedade se torna literalmente política, mas cidadã; e Galvão, jornalista, a quem a manifestação é uma mera rejeição a alguém da TV.

Nesta suposta dosimetria ou hierarquia de impactos entre Temer e Galvão, poder-se-ia dizer que Galvão seria até 'mais' ofendível do que Temer, por 2 razões: quem não está satisfeito com Galvão pode mudar de canal, se outro houver para o mesmo jogo; e Galvão não traça os rumos do país como um presidente de um dos Poderes da República. Assim, o 'direito' de se gritar contra um governante qualquer é uma garantia constitucional. Já contra um mero jornalista será 'apenas' uma crítica social. Isso, se cabe a diferença, porque a liberdade de manifestação é garantida pela Constituição. Desde que não consubstancie crime.

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A proibição do 'Fora Temer' soa como fruto de um autoritarismo engomado, uma busca de respeitosidade a um cargo que 'pertence' e é remunerado pelo povo. Aliás, essa blindagem toda aos cargos públicos, no sentido cínico e mentiroso de dizer que o cargo merece respeito e excelencialidades, serve há décadas para um patrimonialismo safado aos cofres públicos, garantido invariavelmente pela impunidade. Esta é a não inconfessa história do Brasil.

O 'Fora Temer' não deveria ser objeto de sisudez, formalismo, seriedades e outros moralismos desconectados com uma sociedade que quer achar sua verve moderna e descolada de sistemas cartoriais, pomposos, 'excelenciais' e velhacos.

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Mas Temer não soube sorrir para o 'Fora Temer', faltou-lhe juventude mental para isso; ou cinismo maquiavélico. Também não saberia vestir uma camiseta com o dizer e fritar a própria fritura. Mas sabe-se, não é só ele que não saberia ser 'leve'. Sua situação pesa toneladas. E um Maracanã surpreendendo o próprio Maracanã, em dia de festa única em sua história, para vaiar o presidente deve ser um fardo pesado demais.

Do blog Observatório Geral

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