“Tu vens, eu já escuto os teus sinais”
"Eis a “anunciação”: “eu já escuto os teus sinais”, apesar de tanta barbárie"
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Acredito piamente em pesquisas eleitorais, ainda mais quando o seu resultado coincide com as “minhas pesquisas espontâneas” captadas no encontro com a gente simples da Região Metropolitana do Recife, sem nenhuma metodologia científica e fundamentação estatística, mas com a ponta de intuição e sensibilidade que todo cientista social que se preze deve trazer dentro de si, como aprendi nas aulas da inesquecível professora, historiadora e secretária estadual de educação nos dois governos de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, Maria Yedda Linhares.
O primeiro sinal foi dado quando o porteiro do meu prédio, que havia me pedido o meu número de whatsapp para enviar mensagens de bom dia e boa noite bíblicas, mandou-me um vídeo no qual um pastor evangélico explicava as razões pelas quais o atual presidente da república não pode ser considerado um cristão.
Passadas algumas semanas, um segundo sinal veio à tona quando, ainda nas cercanias do prédio onde habito, a zeladora esbraveja contra o primeiro mandatário do país, fazendo calar alguém que parecia dizer que o mesmo não era responsável pelo número de pessoas mortas por covid-19 no país, nos últimos dois anos.
Invertida a curva da variante ômicron, um terceiro sinal surgiu no momento em que almoçava num bar popular, desses em que se come pagando um preço fixo, independentemente da quantidade de comida colocada no prato. Amuada no seu canto, perguntei à dona do estabelecimento o que se passava. De bate pronto, ela disse que não aguentava mais a disparada dos preços dos alimentos, que pensava seriamente em fechar as portas do local e que só não havia feito isso em respeito à sua freguesia de longa data. Finalizando a resposta, com a voz baixa, ela me disse: “tudo começou em 2019, com esse cara”.
O quarto sinal, dos muitos que poderia narrar aqui, deu-se na manhã de hoje em uma corrida de uber de não mais que 15 minutos. Na rádio, falava-se do impacto da guerra da Ucrânia no aumento do preço da carne. Imediatamente, e como uma metralhadora, o motorista disse que isso era uma besteira. A culpa era de Bolsonaro, em quem ele tinha votado em 2018 e que – depois de ter visto na sala de espera de uma emergência hospitalar, onde sua esposa encontrava-se entre a vida e a morte por causa da Covid-19, a infame cena do presidente imitando uma pessoa sem ar – decidiu nunca mais votar.
Antes de descer do carro, perguntei em quem ele pensava em votar no dia 2 de outubro. A sua resposta transportava um sentimento de ira pelo que ele havia passado (e continuava a passar, pois sua esposa havia ficado com muitas sequelas da doença). Eu falarei alto para o senhor escutar, disse-me ele: “eu vou votar no Lula!).
Eis a “anunciação”: “eu já escuto os teus sinais”, apesar de tanta barbárie.
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