Trumpeniquinhos do Brasil querem ser presidente

Já temos o nosso Trumpeniquinho, que chegou à prefeitura da maior cidade do país sem nunca ter sequer passado pela periferia. Ele também saiu da TV e, animado pelo sucesso do americano, já se mostra confiante numa tentativa de salto para o Planalto: João Doria, o nosso Trumpeniquinho

João Doria e Donald Trump
João Doria e Donald Trump (Foto: Ribamar Fonseca)


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O Brasil virou uma zorra total. Ninguém respeita a Constituição, todos mandam e fazem o que querem sem o freio da lei. E, para completar o caos, todo mundo agora quer ser Presidente da República. Os candidatos brotam em toda parte, nos círculos políticos, judiciários, empresariais e artísticos. Se a Carta Magna de 1988 ainda estiver valendo qualquer brasileiro nato, maior de idade e em pleno gozo dos seus direitos políticos obviamente pode ser candidato, mas até então acreditava-se que era preciso percorrer um longo caminho para chegar ao Palácio do Planalto. Isso, porém, era antes, porque depois do golpe de 2016, que levou Michel Temer à Presidência da República por um atalho, muita gente parece convencida de que também pode chegar lá sem andar muito. E toma como exemplo o novo presidente americano Donald Trump, que deu um salto direto da TV para a Casa Branca sem ter exercido nenhum outro mandato.

Já temos o nosso Trumpeniquinho, que chegou à prefeitura da maior cidade do país sem nunca ter sequer passado pela periferia. Ele também saiu da TV e, animado pelo sucesso do americano, já se mostra confiante numa tentativa de salto para o Planalto. João Doria, o nosso Trumpeniquinho, já ameaça até a candidatura do seu padrinho político, o governador Geraldo Alkmin que, a exemplo dos seus colegas tucanos José Serra e Aécio Neves, há tempos sonha com o Palácio do Planalto. Como os ventos parecem favoráveis, outro apresentador de televisão, Luciano Huck, entrou no páreo sucessório, confiante nos votos do seu público. E tem mais: além do eterno candidato José Fidelis, tudo indica que o time de aspirantes à Presidência da República terá também, entre outros, a ex-ministra Marina Silva, o ministro aposentado Joaquim Barbosa, o deputado Jair Bolsonaro, o apresentador Roberto Justus, a viúva Porcina e o Coisinha de Jesus. Até as eleições, porém, deve surgir mais gente.

Na verdade, essa avalanche de candidatos é consequência da mudança operada na visão do panorama brasileiro depois que a Lava-Jato e a mídia criminalizaram a política, onde só teria corruptos. Brasilia passou a ser vista como covil de ladrões. E muitos eleitores que não usam o cérebro para pensar, deixando-se conduzir pelo noticiário dos jornais e da televisão e pelas redes sociais, se decepcionaram com a classe política, colocando todos os seus integrantes no mesmo saco. O resultado disso é que passaram a ver com bons olhos quem nunca exerceu um mandato e tem uma vida de sucesso como empresário, o que permitiu a João Dória surpreender todo mundo e eleger-se prefeito de São Paulo. Até agora, em quase 100 dias de administração, no entanto, ele não fez absolutamente nada, a não ser posar para fotos fantasiado de gari com uma vassoura na mão e brigar com os grafiteiros, pintando a cidade de cinza, mas já pensa em ser Presidente. Os tolos que votaram nele, embora já decepcionados, terão de aguentar suas encenações midiáticas pelos próximos quatro anos, a não ser que ele se desincompatibilize antes para concorrer ao Planalto.

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Interessante é que com essas mudanças a candidatura de um apresentador de televisão, como Doria, Justus e Luciano Huck, hoje é recebida com naturalidade, ao contrário de alguns anos atrás, quando a mídia caiu de pau em Silvio Santos porque alguém levantou a possibilidade dele concorrer ao Planalto. Até os jornais americanos criticaram, com ironias, a "pretensão" do famoso apresentador de querer ser Presidente da República. Naquele mesmo ano, porém, um ator medíocre de filmes de bang-bang, Ronald Reagan, foi eleito presidente dos Estados Unidos. Quer dizer, lá pode. Tanto pode que Trump, com toda a sua arrogância e propostas malucas, foi eleito e hoje governa a grande nação do Norte como se estivesse participando de um reallity show, assinando, sob a luz dos holofotes, seus decretos destinados a desmontar tudo o que Obama construiu. Tem-se a impressão, na verdade, que ele está brincando de presidente, comportamento, aliás, que coloca em risco a paz e a segurança em nosso planeta.

O fato é que Donald Trump, com todas as suas loucuras – como, por exemplo, a construção de um muro na fronteira com o México – está inspirando muita gente, especialmente no Brasil, a tentar um salto idêntico em nosso país. E estão surgindo os "Trumpeniquinhos", convencidos de que também podem conquistar o cargo mais alto da Nação. Como uma parte expressiva do nosso povo, por preguiça mental, ainda se deixa influenciar pela mídia e pelas redes sociais, é possível que um deles surpreenda, mas pelo menos nas próximas eleições será muito difícil alguém ultrapassar Lula, apontado em todas as pesquisas como o grande favorito, apesar do prosseguimento do massacre midiático e da perseguição da Lava-Jato. A não ser que consigam impedi-lo de concorrer, utilizando o Judiciário como instrumento legal para eliminá-lo da vida pública. Nesse caso, todos tem alguma chance.

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